sábado, 2 de abril de 2016

O conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas

França, a monarquia e os simpatizantes de Napoleão lutam pelo poder e, com o rei no trono, os bonapartistas são perseguidos e condenados a prisão ou até a morte. Nesse contexto, tem-se Edmond Dantés, marinheiro ingênuo, jovem, prestes a comandar um importante navio que faz parte da frota de Morrel, grande comerciante. Apaixonado pela catalã Mercedes, quando desembarca só tem dois pensamentos: ver o pai idoso e casar com a amada. Mas ele não contava com a inveja de Danglars e Caderousse, o ciúmes de Fernand, a ambição do Villefort, os que tramaram um fictício envolvimento dele em uma conspiração bonapartista. E foi preso injustamente, ficando encarcerado 14 anos sem ninguém conseguir localiza-lo, mesmo com a queda do rei e a vitória do imperador. Mas Dantés consegue escapar e encontra a maioria dos qrico, instruído, torna-se o Conde de Monte Cristo, nome em homenagem à ilha onde encontrou um tesouro apontado por um padre companheiro de prisão, com outros objetivos bem maiores que aqueles de quando desembarcou no navio anos atrás: vingança. 
Clássico da literatura universal. Magnífico exemplar. Parece uma novela, que prende a cada capítulo.

"Ele só tinha o seu passado, tão curto; o seu presente, tão sombrio, e o seu futuro, tão duvidoso: dezenove anos de luz a meditar talvez numa noite eterna!  Nenhuma distração podia portanto ajuda-lo. O seu espírito enérgico, ao qual nada seduziria mais do que voar através dos tempos, era obrigado a permanecer prisioneiro como uma águia numa gaiola. Aterrava-se então com a idéia, à dasua felicidade destruída sem motivo aparente e devido a uma fatalidade inaudita."


"Antes de mais nada penso numa coisa: na soma enorme de inteligência que teve de despender para atingir o fim que se propusera. Que não faria portanto livre?
- Nada, talvez. Esse extravasamento do meu cérebro se evaporaria em futilidades. É necessário sermos tocados pela desgraça para escavarmos certas minas misteriosas ocultas na inteligência humana; é necessário haver pressão para fazer explodir a pólvora. O cativeiro concentrou num só ponto todas as minhas faculdades que pairavam por aqui e por aí. Entrechocam-se num espaço acanhado e, como sabe, de choque das nuvens resulta a eletricidade da eletricidade o relâmpago e do relâmpago a luz."

"Um homem rouba-lhe a amante seduz-lhe a mulher, desonra-lhe a filha. De uma vida inteira que tinha o direito de esperar de Deus a parte de felicidade por Ele prometida e todo ser humano a criá-lo, esse homem fez uma existência de dor, miséria ou infâmia, e o senhor considera-se vingado infligindo-lhe, a um homem que lhe introduziu o delírio no espírito e o desespero no coração, uma estocada nopeitoou metendo-lhe uma bala na cabeça? Ora adeus! sem contar que muitas vezes é ele que sai triunfante da luta, limpo aos olhos do mundo e de certo modo absolvido por Deus. Não, não, se alguma vez tivesse de me vingar, não seria assim que me vingaria"

"Para todos os males há dois remédios: o tempo e o silêncio"

"(...) Gosto de fantasmas. Talvez porque nunca ouvi dizer que os mortos tenham feito tanto mal em seis mil anos como os vivos fazem num dia."

"(...) a vida é um naufrágio da vida, porque a vida é um naufrágio eterno das nossas esperanças, lanço ao mar a minha bagagem inútil, muito simplesmente, e fico com a minha vontade, disposta a viver absolutamente só eportanto absolutamente livre"

"Um dia, num momento de desespero igual ao seu, porque implicava uma resolução  idêntica, quis-me matar como você; outro dia, teu pai, igualmente desesperado, quis-se matar também. Se alguém dissesse ao teu pai, no momento em que dirigia o cano da pistola para a testa; se dissessem a mim, no momento em  que afastava da minha cama o pão do prisioneiro, em que não tocava havia três dias; se nos dissessem a ambos, enfim, nesse momento supremo: "viva! Um dia virá em que será feliz e abençoada a vida"; fosse de onde fosse que viesse essa voz, a acolheríamos com o  sorriso da dúvida ou com a angústia da incredulidade, e no entanto quantas vezes, ao beijar-te, o teu pai não terá abençoado a vida, quantas vezes até..."

"(...) não existe felicidade nem infelicidade neste mundo, existe apenas a comparação de um estado com um outro e mais nada. Só aquele que experimentou o extremo infortúnio se encontra apto a experimentar a extrema felicidade. É necessário ter querido morrer (...) para saber como é bom viver."

"(...) a sabedoria humana reside por completo nestas palavras: Esperar e ter esperança?"