quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Fantasma sai de cena - Philip Roth

Título original: Exit Ghost
Publicado originalmente em 2007
Tradução: Paulo Henrique Britto
Editora Companhia das Letras

Nathan Zuckerman (a volta de Zuckerman de outros livros do autor) tem 72 anos, escritor que decidiu se isolar numa propriedade rural e deixar o contato com notícias, cidades, público. Inicialmente a decisão foi gerada por cartas anônimas com ameaça de morte que recebia. Porém, decide voltar a Nova York para tratar sua incontinência urinária persistente que o acompanha há uns 7 anos, desde sua cirurgia para tratar o câncer de próstata. No hotel, percebe um anúncio que propõe uma permuta por um ano de um apartamento em Nova York por uma propriedade bucólica afastada. Com impetuosidade, decide se propor ao negócio e se encontra com Billy e sua esposa Jamie, por quem desenvolve uma paixão platônica. Paralelamente, é importunado pelo aprendiz de escritor Kliman, que se propõe a escrever a biografia de um amigo lá do seu  passado distante e já falecido, Lonoff. O insistente candidato a biógrafo também é amigo de Jamie. 
O personagem, idade, personalidade do Zuckerman não surpreende no livro de Roth, já que, em sua maioria, seus livros possuem seu alter ego estampado. Porém surpreende o livro tão indigno do autor, de quem sou fã ardorosa. Não empolguei, como na maioria de suas obras, seja pela monotonia, pela falta de consistência dos personagens, pela trama fraca. 
Philip Roth
Já que se trata de Roth, vale a pena. Mas leia todos os demais dele antes de chegar ao fantasma que infelizmente não é fantasma de fato.

"Eu viera para Nova York apenas por conta da promessa daquela intervenção cirúrgica. Viera em busca de uma melhora. Porém, ao sucumbir à vontade de recuperar algo perdido — um desejo que havia muito tempo eu vinha tentando conter — eu me abrira à crença de que me seria possível, de alguma maneira, voltar a ter o desempenho do homem de outrora. Havia uma solução óbvia: no tempo que levei para voltar ao hotel — e me despir, tomar um banho e vestir roupa limpa — resolvi abandonar o plano de trocar de residências e voltar imediatamente para casa."
(ROTH, 2007, p. 72)

"ele : E pode haver uma razão maior do que essa?
ela: Fugir da dor.
ele: Que dor?
ela: A dor de estar presente.
ele: Você não está falando de você mesma?
ela: Talvez. A dor de estar presente no momento presente. É, isso também se aplica muito bem à coisa extrema que eu estou fazendo. Mas pra você não era apenas o momento presente. Era estar presente. Estar presente na presença de qualquer coisa."
(ROTH, 2007, p. 89)
 
Philip Roth
Nasceu em 19 de março de 1933, Newark, Nova Jersey, EUA. Romancista norte-americano, associado pela sua educação e temática literária à comunidade judaica. É considerado um dos maiores escritores norte-americanos da segunda metade do século XX.
Grande parte da obra de Roth explora a natureza do desejo sexual e autocompreensão. A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo, dito com um humor amotinado e a energia histérica por vezes associada com as figuras do herói e narrador de O Complexo de Portnoy, a obra que o tornou conhecido.
[Fonte: Wikipedia]