quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A filha do reverendo - George Orwell

319 páginas
Tradução: Álvaro Cabral

Dorothy já não é uma mocinha. Passou da idade de casar, uma decisão firme que possui. Dedica-se a cuidar do pai-pastor, da Igreja,  dos fiéis, das dívidas do pai. Até que, num lapso de memória,  se encontra em Londres sem dinheiro e sem identidade e com a reputação condenável na pequena cidade q vivia. Aí as prioridades mudam: sobreviver, comer, ter onde dormir. Não consegue o perdão do pai, mesmo que ele não tenha o que perdoar. Apesar disso, ele consegue que ela lecione numa escola particular cuja dona avarenta a trata como escrava. Suas prioridades mudam: ensinar é seu destino. Ela consegue recuperar sua integridade junto às línguas falastronas da cidade e volta para a rotina de antes;  só que suas prioridades mudam: perdeu a fé.
 
Bom livro. Recomendo.


Autor: Eric Arthur Blair (George Orwell) - a 21/01/1950 - nascido em Motihari, Índia Britânica (denominação dada à colônia do Império Britânico que inclui os hoje Paquistão, Índia e Bangladesh) em 25/03/1903, morreu em Camden, Londres, Reino Unido, em 21/01/1950, tuberculose. Um dos mais importantes escritores ingleses do século XX.

"(...) sinto dizer-lhe que sua cabeça está numa condição que eu classificaria de mórbida. Que diabos! Pior do que mórbida: francamente cética! Está ameaçada por umaespécie de gangrena mental causada por sua educação cristã. Diz-se que se libertou de todas essas crenças ridículas que lhe foram inculcadas desde o berço e, no entanto, adota uma atitude em face da vida que, uma vez desaparecidas essas crenças, carece de sentido."



"Saímos do ventre materno, vivemos sessenta ou setenta anos, e então morremos e apodrecemos. E cada pormenor da vida - se não existe uma finalidade última a redima - está impregnado de uma tristeza e de uma desolação dificilmente descritíveis, mas que podemos sentir como uma dor física no coração. Se realmente tudo termina na sepultura, a vida é algo monstruoso e horrível. E é inútil tentar negá-lo. Pensemos na vida tal como na realidade ela é, pensemos nos detalhes da vida; e pensemos então que ela carece de significado, que não tem outro objetivo, outra finalidade, senão o túmulo. Certamente, apenas os loucos, ou os que seiludem a si mesmos, ou aqueles cuja vida é excepcionalmente afortunada podem enfrentar semelhante ideia sem vacilar?"

"(...) Se nos empenharmos no trabalho que temos em mãos, a finalidade desse trabalho torna-se insignificante;de que a fé e a ausência de fé vêm a dar no mesmo, desde que se esteja ocupado naquilo que é habitual, útil e aceitável. No entanto, ela não podia formular ainda tais pensamentos, somente vivenciá-los. Muito mais tarde, talvez viesse a formulá-los e deles tirar conforto."