domingo, 7 de janeiro de 2018

Entre irmãs - Frances de Pontes Peebles

Título original : The Seamstress
Publicação em 2008
Tradução Maria Helena Rouanet
576 páginas
Editora Arqueiro
Ficção americana

Duas irmãs órfãs criadas pela tia no interior de Pernambuco. Emília e Luzia dos Santos tinham sonhos e modos de perceber a vida bem diferentes, em comum apenas a profissão da tia Sofia, costureiras. Era década de 20, depois 30, época que reinava o medo dos cangaceiros, a política fervia mais nas veias do povo que na atualmente, a revolução de 30, era Vargas. Emília queria um amor, fugir de Taquaritinga; Luzia queria sobreviver, realista, deficiente depois da queda de uma mangueira. E também o destino das duas foi diferente: uma para a capital, casada com Degas, que poderia lhe proporcionar tudo que sonhava: sair do interior, viver na cidade, aprender a ser mais fina; Luzia foi sequestrada por Carcará, um cangaceiro com fama de sanguinário. Não escolheram seus caminhos. Foram levadas pelos acontecimentos sem escolhas, ou quase isso.
Um livro bem escrito, discrição de ambientes e personagens fiéis ao propósito desde o princípio, a realidade do nordeste na época, a seca, os retirantes, a fome, o coronelismo, a corrupção, pesquisa detalhada e bem concatenada.
Foi transformado em filme que se converteu em minissérie por uma emissora de TV.
O livro foi publicado originalmente nos EUA. A escritora pernambucana, mesmo morando fora do país, guardou uma lembrança fiel dos costumes locais e pesquisa da época.

"'Uma boa costureira tem de ser corajosa', era o que tia Sofia costumava dizer. Por muito tempo, Emília discordou. Achava que coragem envolvia risco. Na costura, tudo era medido, riscado, experimentado, refeito. O único risco era errar."

"O coronel Pereira reclamava do atual governador, dizendo que ele tinha aliciado rapazes pobres da cidade e, depois de lhes dar armas ultrapassadas e declará-los soldados, mandando que fossem assumir postos no interior. Nesses locais, os tais soldados mais arranjavam confusão do que faziam algo de bom., Ou eram brigões, ou depravados, tão arruaceiros e cruéis quanto um bando de cangaceiros. O povo do sertão tinha lhes dado o apelido de macacos."

"Um homem calado ouve. Aqui, por essas bandas, quem não ouve não é homem. É um cadáver."

"Não, Antônio(...). Padres não salvam nada. Só alimentam medos. Desconfio de quem serve a mestres invisíveis. Eu sirvo aos corpos. Sirvo a algo real, tangível. Algo que pode ser provado."


Frances de Pontes Peebles

Frances de Pontes Peebles
Frances de Pontes Peebles nasceu no Recife e foi criada em Miami, Flórida. Formou-se em letras pela Universidade do Texas, em Austin, e completou o famoso Iowa Writers’ Workshop. Em seguida recebeu bolsa do Programa Fulbright e do Instituto Sacatar. Seu livro ENTRE IRMÃS(publicado originalmente como, A Costureira e o Cangaceiro) foi traduzido para nove idiomas e recebeu os prêmios Elle Grand Prix for Fiction, o Friends of American Writers Award e o Michener-Copernicus Fellowship. Além disso, ENTRE IRMÃS foi adaptado para o cinema pela Conspiração Filmes e para a TV [], em formato de minissérie. Frances retornou ao Brasil em 2009, para cuidar da fazenda da família, e no fim de 2012 se mudou novamente para os Estados Unidos com o marido e a filha. [Fonte: www.francespeebles.com]