sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Uma Curva no Tempo - Dani Atkins
Rachel sofre um acidente e nele morre um amigo. Ela carrega consigo a culpa e os sinais da tragédia. Tudo ocorreu quando, numa lanchonete em que estiveram todos juntos, um carro invadiu criando o que seria o marco em sua vida.
Após cinco anos ela está sozinha em Londres e é convidada para uma festa em comemoração a uma amiga na cidade em que morava e onde sofreu o acidente. Ela passa por uma tentativa de assalto e acorda num hospital, com uma nova realidade, nova vida. Rachel não se reconhece. Ela é o que sabe ser ou o que vive no momento, bem diferente de sua vida real?
Um livro surpreendente. Bom.
A Morte de Ivan Ilitch - Leon Tolstói
Ivan Ilitch se muda para um novo apartamento e o decora conforme seu zelo, depois de subir de cargo no emprego, chegando a juiz. Lá, ele e a família viveriam felizes finalmente. Mas ele começa a perceber sintomas, cansaços, abatimentos, sintomas sentidos e (talvez) aumentados, a doença tornando-se crônica, mental e fisicamente (necessariamente nessa ordem).
Esplêndido. Todos os amantes da boa leitura devem lê-lo.
Esplêndido. Todos os amantes da boa leitura devem lê-lo.
Luxúria - Fernando Bonassi
Ele por acaso deparou com uma propaganda de piscina. E quis uma piscina. Ele, o personagem de que trata essa resenha; ele um bom empregado. Ela, esposa fiel dele. Há também o filho pacato dele, cachorro, carro, TV, casa, eletromésticos, tudo financiado, morando no bairro Novo, um lugar pra se viver onde todos tinham o mesmo propósito e modo de vida.
A esposa do personagem que trata essa resenha encontra alívio nos antidepressivos dados pelo Estado; o filho adolescente sofre os males de sua idade; o funcionário exemplar nem é tão exemplar e fundamental assim.
E a piscina, pesadelo de todos os moradores do Bairro Novo, o bairro planejado praquela nova classe de bons trabalhadores.
E a luxúria os engole, feito o odor que sai do buraco da piscina aberto, parecendo um lixão desativado...
É um baita de um livro, esse Bonassi é um puta de escritor..
É o que?
Nada não. Só fiquei fã do cara.
Pais e Filhos - Ivan Turguêniev
Eugênio Bazárov e Arcádio Kirsánov, dois amigos bem diferentes em pensamento e atitudes, o primeiro estudante de medicina, porém sem crer até na própria medicina, niilista, que possui um ponto de vista crítico em relação a tudo, que não reconhece quaisquer autoridades, tinha o amor como escravidão e sentimento para pessoas de menor personalidade, tido como inteligente e culto. Arcádio, ingênuo, mais moço que o amigo, que o admirava como uma mente superior, um leal companheiro, até gostarem na mesma mulher.
Em folga dos estudos, vão visitar os pais. Arcádio, enquanto admirador do seu pai Nicolau Pietróvich, sente-se acolhido em terras de sua infância, Mariino, enquanto Bazákov sente-se mal na presença dos seus, na simplicidade que comove e reina em sua casa.
O pai viúvo de Arcádio mora com a amante Fiênitchka, um filho bastardo e o irmão mais moço Páviel Pietróvitch,um aristocrata bem "engomadinho", que desenvolve ao mesmo tempo uma antipatia pelo amigo prepotente do sobrinho e um amor escondido pela amante do irmão.
Através de um conhecido sem muitos atributos, Sitnikov, conhece a rica viúva Serguêievna Odintsova, com quem travam amizade, passando dias em sua casa. Ambos se encantam com a bonita senhora. Aí a amizade já deixa dúvidas de sua força.
Adoro autores russos, foi apresentada a Turguêniev com essa obra. Boa.
"— Um bom químico é vinte vezes mais útil que qualquer poeta — insinuou
Bazárov. — Ótimo — disse Páviel Pietróvitch, parecendo adormecer e
levantando levemente as sobrancelhas. — O senhor então não reconhece o
valor da arte? — A arte de ganhar dinheiro ou de curar hemorróidas? —
perguntou Bazárov com um sorriso irônico. — Muito bem; o senhor é
espirituoso. Pelo que vejo, nega tudo. Quer dizer que acredita somente
na ciência? — Já lhe disse que não acredito em coisa alguma. A ciência?
Que é a ciência em geral? Existem ciências como existem artes e
profissões. A ciência de um modo geral não existe. — Será também
negativa sua atitude em face das demais instituições aceitas pela
humanidade? "
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
A hora da história - Thrity Umrigar
Lakshmi mora nos EUA com o marido também indiano, trabalhando em seu restaurante-loja. Ela sente falta da família, porém não sabe deles, pois o marido a proibiu de ter qualquer contato. Por uma espécie de sincronicidade (a literária não pode ser levada a sério), ela desenvolve um apego carinhoso (um chamego, paixonite) por um cliente, Bobby. Só que esse cliente que fazia refeições todas as quintas lá em seu restaurante decidiu ir embora definitivamente para a Califórnia. Ela nem sabia onde diabo era essa tal de Califórnia, mas pirou o cabeção e decidiu se matar. Pronto, sem Bobby, só com o marido que nem dizia seu nome, nem a olhava, melhor partir pra outro mundo. Nem deu uns amassos no bonitão do Bobby e já decide tirar a vida! Isso que é solidão! Mas é por conta dessa tentativa se suicídio (tentativa, claro, ela não morre, senão o livro nem continuaria) que ela conhece Meggie, uma negra psicóloga (ou psicóloga negra, pra não dizer que sou racista) que decide tratá-la. Mas essa afroamericada de pele escurinha (os indianos, segundo o livro, não gosta muito de pretinhos), casada com um indiano também (esse indiano aí deveria gostar de mais escurinhas), tem também suas carências e não é que a criatura decide ter um tórrido romance com o fotógrafo Peter, um gostosão galego dos olhos azuis? Mas ela não ama o marido indiano bonitão? Ama, mas também ama outras coisas. E aí o livro vai indo.... Maggie ajudando Lakshmi, Lakshmi evoluindo, se redescobrindo, Maggie dando suas escapadas.... e aí puft! que pena, leiam o resto.
Umrigar fala de casamento indiano, tema que ela trabalha em todos os seus romances, preconceito racial e de gênero, a vida de imigrantes nos EUA, fala também sobre perdão, traição, culpa, amor fraternal, o amor que se transforma em amizade, entre outras coisas.
Dei duas estrelas porque acho que já cansei do estilo de Umrigar escrever. Já li tudo dela.
E tem erros de português, não sei se proposital, já que fala pela voz de uma indiana que não conhece completamente o inglês, ou a edição que li. Mas "poço" do verbo poder não se admite.
"Eu não tem medo de morrer. Só medo de ficar sozinha depois de morrer. Se eu suicidar eu vou pro inferno, será? Se o inferno é todo quente, lotado e barulhento como o pastor diz na TV, então eu não ligo porque vai ser igualzinho na Índia. Mas se o inferno é frio e silencioso, com um monte de neve e árvore sem folhas e pessoas que sorri com os lábios tão fininhos que nem pedaço de barbante, então eu fico com medo. Porque vai parecer muito com a vida na América."
"Ma também sempre me dizia: Deus faz o mundo todo e todas as pessoas, mas ele ama mais a Índia. Antes eu costumava discutir: Ma, se Deus ama Índia mais que todos os outros, por que ele faz Índia tão pobre? Ma explica que é do mesmo jeito que uma mãe ama mais o filho doente. Deus ama Índia porque Índia fraca e precisa de mais proteção. Antes, eu não tenho certeza se Ma inventa ou não essa história. Agora eu sabe que o que Ma fala é cem por cento verdade."
Umrigar fala de casamento indiano, tema que ela trabalha em todos os seus romances, preconceito racial e de gênero, a vida de imigrantes nos EUA, fala também sobre perdão, traição, culpa, amor fraternal, o amor que se transforma em amizade, entre outras coisas.
Dei duas estrelas porque acho que já cansei do estilo de Umrigar escrever. Já li tudo dela.
E tem erros de português, não sei se proposital, já que fala pela voz de uma indiana que não conhece completamente o inglês, ou a edição que li. Mas "poço" do verbo poder não se admite.
"Eu não tem medo de morrer. Só medo de ficar sozinha depois de morrer. Se eu suicidar eu vou pro inferno, será? Se o inferno é todo quente, lotado e barulhento como o pastor diz na TV, então eu não ligo porque vai ser igualzinho na Índia. Mas se o inferno é frio e silencioso, com um monte de neve e árvore sem folhas e pessoas que sorri com os lábios tão fininhos que nem pedaço de barbante, então eu fico com medo. Porque vai parecer muito com a vida na América."
"Ma também sempre me dizia: Deus faz o mundo todo e todas as pessoas, mas ele ama mais a Índia. Antes eu costumava discutir: Ma, se Deus ama Índia mais que todos os outros, por que ele faz Índia tão pobre? Ma explica que é do mesmo jeito que uma mãe ama mais o filho doente. Deus ama Índia porque Índia fraca e precisa de mais proteção. Antes, eu não tenho certeza se Ma inventa ou não essa história. Agora eu sabe que o que Ma fala é cem por cento verdade."
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Tribunal das Almas - Donato Carrisi
Tribunal das Almas |
com o peito tatuado "mate-me", também é identificado como um possível serial killer procurado,
Uma estudante de arquitetura, Lara, desaparece de dentro de seu apartamento, fechado por dentro do apartamento que morava. Esse é o desafio para Marcus, que teve amnésia pouco tempo antes, mas não perdeu a capacidade de desvendar mistérios e o companheiro Clemente
Uma policial que trabalha com reconhecimento fotográfico das cenas de crime visita uma ocorrência de homicídio seguido de suicídio, mas ela já acostumou à realidade de sua profissão. Sua vida pessoal de viúva que a atormenta. E tem de lidar com a morte de David como investigadora.
Além desses retalhos, há outros e outros que irão se juntar aos poucos. O leitor tem de ficar atentos para não se perder em tantos detalhes da trama.
O livro prende, tem um ritmo acelerado, que se (des)constrói o tempo todo. Repleto de reviravoltas, de acontecimentos que aparentemente não se encaixam, mas que surpreende.
Porém, é como se você fosse à cozinha fazer uma salada e junta tudo o que encontra pela frente, mesmo sabendo que não combinaria com aromas e sabores. Muita informação, muito trama pra pouca conclusão.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
E O Que Vem Depois? - John Katzenbach
Um sexagenário descobre que tem uma doença degenerativa que o fará esquecer coisas e pessoas e ter alucinações. Mas ele viu bem quando sequestraram Jennifer, uma adolescente rebelde, na sua rua. Aliás, ele lembra de pequenos detalhes do ocorrido e isso faz com que ele tenha uma razão para continuar: descobrir onde estaria a menina. Ela, sequestrada, é usada como personagem para um reallity show à caminho da morte, presa em um quarto por dois algozes . Uma detetive tem em suas mãos o caso do desaparecimento.
Essa é o drama que se arrasta demais, para um final previsível.
Um livro razoável.
Amanhã na batalha pensa em mim - Javier Marías
Víctor conhece Marta de três encontros. Vai à casa dela, quando o marido vai em viagem à Londres, à noite, para um promissor encontro de corpos ardentes. Nada de paixões, amores. Apenas uma conjunção carnal. O filho de Marta demora a dormir, dois anos tem o pequeno, nem se lembrará da aventura materna. Com essa demora, a entrega se estende. E, no quarto, nem bem começam os carinhos, Marta morre nos braços de Victor. Depois de muito conjecturar, ele a deixa com o filho dormindo em outro quarto, mas não sem antes providenciar algo para o pequeno comer até a volta do pai ou da faxineira.
Esse é o ponto inicial da trama do escritor espanhol Javier Marías. A partir daí, ele desenvolve uma curiosidade em relação à família da morta, irmã, pai, marido. E arranja uma forma de se aproximar deles. Seria aconselhável revelar-se, dizer que a filha ou irmã ou esposa não morreu sozinha como pensavam?
Victor desperta também o fantasma da ex-mulher ao encontrar uma prostituta bem parecida com a mesma em umponto qualquer. Querer saber a verdade do que Celia fez da vida, não ficar no obscuro do desconhecimento, são reflexões que o livro nos deixa. Ou seja, o poder do conhecimento dos fatos, a realidade dos relacionamentos humanos, de uma sociedade que alimenta o próprio prazer, o valor da imagem de alguém que já não pode defender-se, mas também a falta de conhecimento da realidade que vivia, estando viva... então se desenrolam mais personagens.
Interessante e nos deixa muito a pensar essa novela de Javier Marías.
"(...) até o tempo que resiste a passar acaba por passar e faz as coisas desaguarem, e basta imaginar a chegada do dia para que me veja já fora desta casa, talvez em breve esteja fora, ainda de noite(...)"
"(...) é estranho que tudo isso seja um nmomento, porque esse momento e não outro, por que não o anterior ou o seuinte, porquê este dia, este mês, esta semana, uma terça-feira de janeio ou um domingo de setembro, antipáticos meses e dias que não escolhemos, o que é que decide que pare aquilo que esteve em movimento, sem que vontade intervenha, ou talvez sim, intervém ao pôr-se de lado, talvez seja a vontade que de repente intervenha(...)".
"É cansativo mover-se na sombra e espiar sem ser visto ou rpocurando não ser descoberto, como écansativo guardar um segredo ou ter um mistério, que fadiga a clandestinidade e a permanente consciência de que nem todos os nossos próximos podem saber o mesmo, a um amigo oculta-se-lhe uma coisa e a outro outra diferente daquela de que o primeiro está a perder(...)"
"Fica o odor dos mortos quando nada mais fica deles. Fica quando ainda ficam os seus corpos e também depois, já fora das vistas e enterrados e desaparecidos: seja eu chumbo no interior do teu peito, pese eu amanhã sobre a tua alma sangrenta e culpável."
Esse é o ponto inicial da trama do escritor espanhol Javier Marías. A partir daí, ele desenvolve uma curiosidade em relação à família da morta, irmã, pai, marido. E arranja uma forma de se aproximar deles. Seria aconselhável revelar-se, dizer que a filha ou irmã ou esposa não morreu sozinha como pensavam?
Victor desperta também o fantasma da ex-mulher ao encontrar uma prostituta bem parecida com a mesma em umponto qualquer. Querer saber a verdade do que Celia fez da vida, não ficar no obscuro do desconhecimento, são reflexões que o livro nos deixa. Ou seja, o poder do conhecimento dos fatos, a realidade dos relacionamentos humanos, de uma sociedade que alimenta o próprio prazer, o valor da imagem de alguém que já não pode defender-se, mas também a falta de conhecimento da realidade que vivia, estando viva... então se desenrolam mais personagens.
Interessante e nos deixa muito a pensar essa novela de Javier Marías.
"(...) até o tempo que resiste a passar acaba por passar e faz as coisas desaguarem, e basta imaginar a chegada do dia para que me veja já fora desta casa, talvez em breve esteja fora, ainda de noite(...)"
"(...) é estranho que tudo isso seja um nmomento, porque esse momento e não outro, por que não o anterior ou o seuinte, porquê este dia, este mês, esta semana, uma terça-feira de janeio ou um domingo de setembro, antipáticos meses e dias que não escolhemos, o que é que decide que pare aquilo que esteve em movimento, sem que vontade intervenha, ou talvez sim, intervém ao pôr-se de lado, talvez seja a vontade que de repente intervenha(...)".
"É cansativo mover-se na sombra e espiar sem ser visto ou rpocurando não ser descoberto, como écansativo guardar um segredo ou ter um mistério, que fadiga a clandestinidade e a permanente consciência de que nem todos os nossos próximos podem saber o mesmo, a um amigo oculta-se-lhe uma coisa e a outro outra diferente daquela de que o primeiro está a perder(...)"
"Fica o odor dos mortos quando nada mais fica deles. Fica quando ainda ficam os seus corpos e também depois, já fora das vistas e enterrados e desaparecidos: seja eu chumbo no interior do teu peito, pese eu amanhã sobre a tua alma sangrenta e culpável."
sábado, 6 de fevereiro de 2016
Caixa de pássaros - Josh Malerman
Essa é a sinopse desse thriller psicológico, um terror fantasioso que prende.
Por não acreditar que crianças de quatro anos tenham um comportamento e raciocínio descrito no livro, dou duas estrelas.
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