sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A hora da história - Thrity Umrigar

Lakshmi mora nos EUA com o marido também indiano, trabalhando em seu restaurante-loja. Ela sente falta da família, porém não sabe deles, pois o marido a proibiu de ter qualquer contato. Por uma espécie de sincronicidade (a literária não pode ser levada a sério), ela desenvolve um apego carinhoso (um chamego, paixonite) por um cliente, Bobby. Só que esse cliente que fazia refeições todas as quintas lá em seu restaurante decidiu ir embora definitivamente para a Califórnia. Ela nem sabia onde diabo era essa tal de  Califórnia, mas pirou o cabeção e decidiu se matar. Pronto, sem Bobby, só com o marido que nem dizia seu nome, nem  a olhava, melhor partir pra outro mundo. Nem deu uns amassos no bonitão do Bobby e já decide tirar a vida! Isso que é solidão! Mas é por conta dessa tentativa se suicídio (tentativa, claro, ela não morre, senão o livro nem continuaria) que ela conhece Meggie, uma negra psicóloga (ou psicóloga negra, pra não dizer que sou racista) que decide tratá-la. Mas essa afroamericada de pele escurinha (os indianos, segundo o livro, não gosta muito de pretinhos), casada com um indiano também (esse indiano aí deveria gostar de mais escurinhas), tem também suas carências e não é que a criatura decide ter um tórrido romance com  o fotógrafo Peter, um gostosão galego dos olhos azuis? Mas ela não ama o marido indiano bonitão? Ama, mas também ama outras coisas. E aí o livro vai indo.... Maggie ajudando Lakshmi, Lakshmi evoluindo, se redescobrindo, Maggie dando suas escapadas.... e aí puft! que pena, leiam o resto. 
Umrigar fala de casamento indiano, tema que ela trabalha em todos os seus romances, preconceito racial e de gênero, a vida de imigrantes nos EUA, fala também sobre perdão, traição, culpa, amor fraternal, o amor que se transforma em amizade, entre outras coisas.
Dei duas estrelas porque acho que já cansei do estilo de Umrigar escrever.  Já li tudo dela. 
E tem erros de português, não sei se proposital, já que fala pela voz de uma indiana que não conhece completamente o  inglês, ou a edição que li. Mas "poço" do verbo poder não se admite.

"Eu não tem medo de morrer. Só medo de ficar sozinha depois de morrer. Se eu suicidar eu vou pro inferno, será? Se o inferno é todo quente, lotado e barulhento como o pastor diz na TV, então eu não ligo porque vai ser igualzinho na Índia. Mas se o inferno é frio e silencioso, com um monte de neve e árvore sem folhas e pessoas que sorri com os lábios tão fininhos que nem pedaço de barbante, então eu fico com medo. Porque vai parecer muito com a vida na América." 

"Ma também sempre me dizia: Deus faz o mundo todo e todas as pessoas, mas ele ama mais a Índia. Antes eu costumava discutir: Ma, se Deus ama Índia mais que todos os outros, por que ele faz Índia tão pobre? Ma explica que é do mesmo jeito que uma mãe ama mais o filho doente. Deus ama Índia porque Índia fraca e precisa de mais proteção. Antes, eu não tenho certeza se Ma inventa ou não essa história. Agora eu sabe que o que Ma fala é cem por cento verdade."