Tradução: Francesca Cricelli
Editora: Biblioteca Azul / 2016
Título original: I giorni dell’abbandono
Romance italiano
Fonte: Wikipédia
Editora: Biblioteca Azul / 2016
Título original: I giorni dell’abbandono
Romance italiano
Ler Laços me fez querer voltar a ler o que mais gostei de Ferrante: Dias de Abandono. Sei que irei reler este livro muitas vezes.
Podem enquadra-lo como clichê, previsível, mas amei Olga e sua desventura de mulher abandonada. Vestir a pele da personagem e viver a loucura de um amor imaginado roubado de si e a reconstrução do que se é será para mim um deleite. Chega quase à loucura, sentimos raiva de Mário, o marido que a troca por uma quase adolescente, raiva doa dois filhos pirralhos que não tem culpa, mas ter nascido e complicado a vida já é uma boa culpabilidade. Olga é mais forte que muitas mulheres e, se ultrapassou seus próprios limites, há muitas razões humanas para desculpa-la.
Mário pode ser condenado por se apaixonar por outra mulher? Não. A não ser a condenação que mora em nossas cabeças egoístas e pequenas.
Um ótimo livro. Leiam! Leiam!
"Talvez quisesse abandoná-los de verdade para sempre, esquecer-se deles, para depois bater a cabeça, quando finalmente tivesse reaparecido Mario, a exclamar: os seus filhos? Eu não sei. Eu perdi, acho: vi-os pela última vez há um mês, na pracinha Cittadella."
"Eu fingia que estava ocupada na cozinha, mas esperava ansiosamente que Mario passasse por mim e me esclarecesse quais eram suas intenções, se tinha ou não desfeito o balaio de gato que estava em sua cabeça. Ele, mais cedo ou mais tarde, chegava, mas sem vontade, e com um mal-estar, cada vez mais visível, ao qual eu me opunha, usando uma estratégia que havia criado durante as noites insones, ou seja, a encenação dos confortos da vida doméstica, tons de compreensão, uma calma exibida e acompanhada até por alguma brincadeira para aliviar."
"Certamente, tive de passar rapidamente a borracha por cima da sua fisionomia macia dos vinte anos, antes de recuperar o rosto ainda não maduro, cortante e ainda infantil de Carla, a adolescente que estivera no centro da nossa crise conjugal, anos atrás. Certamente, só quando a reconheci fui surpreendida pelos brincos, os brincos da avó de Mario, os meus brincos."
Elena Ferrante
Pseudônimo de uma escritora italiana, cuja identidade é
mantida em segredo. Especula-se que seja uma tradutora ou até mesmo um
homem.