Cepe editora / 5a edição / 2013
518 páginas
Ficção brasileira
518 páginas
Ficção brasileira
Tudo transcorria bem na sociedade recifense no final do século XIX. As mulheres, seus maridos, seus amantes, a corrupção, o dinheiro, a sociedade. Jaboatão não era mais que uma vila, que se chegava a cavalo em duas horas de Recife. De Jaboatão, no engenho Suaçuna, também foram os urubus, seres de todos os tempos, que se refastelavam do banquete dado por um cadáver no meio do mato. Os ditos bichinhos revelaram a sua existência, junto com um revólver, uma carta, um canivete e as próprias roupas.
Lá na rua Nova, o comerciante Jaime Favais é interpelado pelo mandante de tal morte, com medo que identificassem o defunto. Mas eles bolam um plano para que o nome dado ao presunto seria de um polaco sumido. Claro, foi isso que a imprensa local relatou. Que mais haveria de saber?
Mas o fato trágico origem do assassínio é relatado qual folhetim novelista no romance de Vilela.
E não conseguimos abandonar a leitura sobre as paixões despertadas por Leandro Dantas, amante de várias mulheres, principalmente as casadas, mas que, através da bola da vez que é Celeste, a fogosa esposa do senhor de engenho, conhece Josefina Favais, a dita esposa de Jaime, pivô da desgraça de todos, inclusive da filha Clotilde. Ou talvez não ela mesma, mas o primo português João Favais, que vê em Clotilde não apenas um bom par de pernas, mas também sua fortuna futura.
João contrata o desocupado mas inteligente Jereba para seguir o Comendador (Jaime Favais) e o sujeito suspeito que o procura, o Zarolho, para que descubra que segredo o tio esconde para se relacionar com tal tipo.
Assim se desenrola o romance de Vilela. Se tal tivesse um humor mais fino, seria quase um romance machadiano, que descortina a alma humana egoísta, corrupta, traiçoeira, libertina. Um retrato da sociedade da época e, porque não dizer, atual.
A obra foi publicada em 1886 pela Typographia Central (Recife). Depois, entre 03 de agosto de 1903 e 27 de janeiro de 1912, em formato de folhetim no Jornal Pequeno (Recife).
Trata-se de uma ficção, porém o cadáver realmente foi encontrado em 23 de fevereiro de 1864, conforme registro em jornais da época.
Excelente. Recomendo.
Lá na rua Nova, o comerciante Jaime Favais é interpelado pelo mandante de tal morte, com medo que identificassem o defunto. Mas eles bolam um plano para que o nome dado ao presunto seria de um polaco sumido. Claro, foi isso que a imprensa local relatou. Que mais haveria de saber?
Mas o fato trágico origem do assassínio é relatado qual folhetim novelista no romance de Vilela.
E não conseguimos abandonar a leitura sobre as paixões despertadas por Leandro Dantas, amante de várias mulheres, principalmente as casadas, mas que, através da bola da vez que é Celeste, a fogosa esposa do senhor de engenho, conhece Josefina Favais, a dita esposa de Jaime, pivô da desgraça de todos, inclusive da filha Clotilde. Ou talvez não ela mesma, mas o primo português João Favais, que vê em Clotilde não apenas um bom par de pernas, mas também sua fortuna futura.
João contrata o desocupado mas inteligente Jereba para seguir o Comendador (Jaime Favais) e o sujeito suspeito que o procura, o Zarolho, para que descubra que segredo o tio esconde para se relacionar com tal tipo.
Assim se desenrola o romance de Vilela. Se tal tivesse um humor mais fino, seria quase um romance machadiano, que descortina a alma humana egoísta, corrupta, traiçoeira, libertina. Um retrato da sociedade da época e, porque não dizer, atual.
A obra foi publicada em 1886 pela Typographia Central (Recife). Depois, entre 03 de agosto de 1903 e 27 de janeiro de 1912, em formato de folhetim no Jornal Pequeno (Recife).
Trata-se de uma ficção, porém o cadáver realmente foi encontrado em 23 de fevereiro de 1864, conforme registro em jornais da época.
Excelente. Recomendo.
Carneiro Vilela |
Carneiro Vilela
1846 - 1913, romancista, dramaturgo, poeta, cronista, jornalista, tradutor, ilustrador w pintor que viveu em Recife/PE.
Foi o primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras, patrono da cadeira 21.
Era autor de críticas ácidas sem papas-na-língua que falava da sociedade, costumes e dos modos e da natureza humana dos que viviam no Brasil do Segundo Império, que talvez o tenha levado quase ao ostracismo.
(Fonte: prefácio 5 da edição)
Foi o primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras, patrono da cadeira 21.
Era autor de críticas ácidas sem papas-na-língua que falava da sociedade, costumes e dos modos e da natureza humana dos que viviam no Brasil do Segundo Império, que talvez o tenha levado quase ao ostracismo.
(Fonte: prefácio 5 da edição)
"Para a mulher, porém, - para a futura mãe de família, para a verdadeira base da sociedade moderna - estreitavam-se os horizontes intelectuais e morais, proibiam-lhe a liberdade de pensar e de sentir, entregavam-na aos corvos do fanatismo e da hipocrisia, asfixiavam-lhe o coração, envenenavam-lhe o espírito e, em vez de procurarem formar uma esposa e uma mãe com todas as aptidões para procriar cidadãos e homens de espírito, preparavam uma beata inútil e estúpida, apta apenas para dissertar sobre as problemáticas virtudes do rosário ou para engrolar ladainhas depois de indigestos e perniciosos sermões jesuíticos!"
"(...) Porque os homens íntegros e honrados assim são simples até a candura, simples até a ingenuidade - supunha ele que a maternidade é uma sagração: quando muitas vezes não passa de um castigo e é sempre apenas uma função natural, consequência lógica de vida de uma necessidade imperiosa do organismo."
"João Paulo Favais [...] sentira nascerem-lhe no esírito ideias de uma ambição desmarcada, porém de perfeito aqcordo com as causas que o haviam feito sair da sua terra e com os motivos que o trouxeram à pátria dos macacos e dos bananas."
"O que no caixeiro sofreu mais com aquela descoberta e aquele receio, não foi a sua ambição, foi seu amor próprio. Ser preterido por um mulato!... por um baiano... ele um caucasiano puro e legítimo, um genuíno filho da pátria do vinho do Porto!... Não!... o seu orgulho não podia sofrer uma tal injúria, e a família de seu tio não podia ficar exposta a sofrer uma afronta tão direta aos brios e à pureza de sua imagem."
"A povoação do Monteiro, naquele ano de 1962, mostrava o aspecto brilhante de um arrabalde em plena efervescência de festa. As famílias mais gradas da cidade para aí haviam mudado sua residência temporária e enchiam aquelas paragens com o ruído de suas alegrias, com as alegrias dos seus divertimentos cordiais e repetidos."
"Diz um ditado popular que no comer e 'no coçar e no coçar, tudo está no começar'. O rifão seria mais completo e verdadeiro se se aplicasse a todas as nossas ações e se referisse mesmo a todas as coisas deste mundo. Com efeito, o mais difícil em tudo é dar o primeiro passo, - o começar -m às vezes é isto até que é unicamente difícil. Coisas há que, parecendo-nos impossíveis e enchendo-nos de pavor, se tornam depois familiares e nos proporcionam encantos indizíveis, desde que, para realizá-las ou para obtê-las, tenhamos a coragem de dar o primeiro passo necessário à sua execução."
"A escravidão está tão arraigada aos nossos hábitos e costumes, identificou-se tanto com a nossa educação e nossa índole, que não é raro encontrar-se verdadeira amizade entre duas criaturas de condição e raças tão diversas como a senhora e escrava, ao ponto de uma ser a depositária única e fiel dos segredos da outra."