quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A Sorte do Agora - Matthew Quick

Sem formação acadêmica em literatura, falta-me o saber necessário definir esse estilo em que o autor escreve como se fosse a sequencia de pensamento do personagem, mais ainda se esse personagem tem alguma limitação mental. Gosto dessa forma de escrita. O que mais gostei nesse estilo foi "A cor do leite" de Nell Leyshon, que ainda irei comentar.  
Em A Sorte do Agora, Bartholomew Neil, o personagem principal do livro de Quick, tem essa limitação. Foi criado sem pai, a mãe fez dele sua companhia, mesmo quando estava no auge de um câncer que a impedia de pensar claramente e chamava o filho de Richard, o Gere. Assim, Richard Gere passa a ser quase um personagem no romance, já que o livro é composto por cartas escritas para ele por Bartholomew Neil. Quando a mãe morre, recebe o auxílio de uma psicóloga contratada pelo padre McNamee, além do próprio padre, que logo se muda para a casa de Bartholomew e abandona a batina. Entra para um grupo de apoio, onde conhece mais um aloprado das ideias. Difícil adaptação viver sozinho quando cuidou e viveu com a mãe até mais de 40 anos. 
Os acontecimentos se encaixam, como uma sincronicidade, que Barth acredita piamente existir. Exemplo disso é a garota que ele observava na biblioteca, que chamava de meninatecária, ser irmã de Max, o outro aloprado da terapia. É "a sorte do agora", uma teoria que a mãe falava ao   filho.
É um livro leve, sem maiores esforços mentais (não é por conta do personagem), o final não parece óbvio, mas para mim foi desde o princípio. Mesmo cometendo spoiler nesse blog (não sei ser diferente, desculpa), não vou detalhar os papéis de cada um dos personagens do livro, menos ainda do papel de Gere.  
Mas não se preocupe: Bartholomew não morre!! ELE não. 
Duas estrelas.

Passagens:
"'Como a gente vai pagar essa porra? Elizabeth e eu estamos falidos! Este hotel deve custar dinheiro pra caralho! Que merda, heim?'
'Padre McNamee disse que Deus proverá', respondi
'Você acredita mesmo em Deus, porra?', perguntou Max.
'Sim', falei. 'Você acredita mesmo em alienígenas?'
'Sim, porra', disse Max."

"Sorrir realmente não fazia sentido se considerássemos todo o contexto. Sem dinheiro, sem um trabalho 'real' e nhuma ideia do que faríamos quando voltássemos à Filadélfia, nem de quem estaria pagando as contas, que foram integralmente quitadas, mas que continuavam chegando à casa da minha mãe. Para ser sincero, nós três éramos uma trágica confusão emocional."

"(...) Comecei a entender porque ela acreditava na Sorte do Agora. Acreditar - ou até mesmo fingir - faz a pessoa se sentir melhor com o que aconteceu, independentemente de ser verdade ou não."