Um de meus escritores favoritos: Machado de Assis. Quando digo que estou lendo Machado, algumas pessoas perguntam se vou fazer vestibular, se é concurso... que preconceito, povo leigo! Não leio Machado, eu converso com Machado, ninguém escreve como ele.
Hoje reli Ressurreição, o primeiro romance escrito por ele em 1872. Ah, revi a raiva que senti de Félix, a dó da viúva Lívia, a chateação pelo Luiz, o alívio por Raquel e Moreirinha. Quem escreve melhor sobre posse, ciúmes, cólera, relacionamentos que Machado? Ele nos arrebata.
O bon vivant Félix, que acreditava que todo romance tinha prazo de validade vencido a cada seis meses vê-se nas teias do amor quando reencontra a viúva Lívia, que também cai de amores por ele, o médico solteirão. Claro, não fosse o suscetível Félix tão melindrosamente e fantasiosamente propenso a crer no que o ego cria em sua mente. Essa é a trama principal da novela machadiana.
Gosto de tudo do escritor, sempre recomendo, quem quer iniciar na arte da leitura (melhor antidepressivo do universo), comece por Machado que se apaixona por ler.
"... os meus amores são todos semestrais; duram mais que as rosas, duram duas estações. Para o meu coração um ano é a eternidade. Não há ternura que vá além de seis meses; ao cabo desse tempo, o amor prepara as malas e deixa o coração como um viajante deixa o hotel; entra depois o aborrecimento - mau hóspede."
"Purgatório não é uma porta que abre para o Céu? Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar."