quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Casa de praia com piscina - Herman Koch

Marc Schlosser é um médico clínico geral, tido como "médico da família", seus atendimentos são personalizados, dedicando tempo a ouvir os pacientes, por isso  tem  uma razoável clientela. Faz um bom exame, pergunta, 20 minutos por consulta, apalpa, sorri, passa remedinhos, aconselha, espera morrer. Ótimo profissional. Aparentemente. Tudo na aparência tem outra leitura. Você nunca assinaria um contrato com um banco se soubesse o que vai pela cabeça do gerente. E pela de um médico? Melhor cuidar para não ficar doente nem precisar desse tipo de profissional. Não é de hoje que tenho aversão a advogados, médicos e policiais. Quando comecei a ler esse exemplar de Koch pensei que finalmente alguém colocava o médico tal qual percebo, inominável. Aí me empolguei com o livro. Lá vem 5 estrelas, pensei. Porém, eis que surge o ator-paciente Ralph Meier e o livro muda de rumo, de ritmo, de lógica. Marc deseja a vida do ator e persiste em sua amizade, mesmo percebendo que ele tem um caráter duvidoso? Ele aceita os convites dos  pacientes porque é o que cabe no papel de um médico que quer preservar os pagantes. Mas aí o ator-paciente persiste numa amizade mais próxima.
O médico viaja em férias de verão e fica na casa do ator-paciente, mesmo a esposa sendo contrária a essa posição.Ora, tinha Judith, a esposa bonita e disponível do ator-paciente, tinha as filhas que gostavam dos filhos de lá, tinha as festas e farra do Meier... tinha mais o que? Nada, vazio. O livro é um eterno construir e desconstruir de personagens, de filhas inocentes que são longe disso, de velhos que gostam de mocinhas, de ator sem caráter com crise de consciência na hora da morte... 
E tem o erro médico que, como sabemos que não foi erro, trata-se de assassinato. E a dedução imediata do professor na defesa do médico-psicopata? Paciência, sem lógica nenhuma!
o livro decepciona. Poderia ser estupendo, mas só só estúpido.  
Qualquer leitura é válida, então leiam e me digam.
Duas estrelas.

Passagens: 
"A tarefa de um clínico geral é simples. Ele não precisa curar as pessoas, precisa apenas garantir que nenhum paciente passe por cima dele e vá diretamente aos especialistas e hospitais. Seu consultório é um posto avançado"
"Dói aqui e aqui, e às vezes tenho espasmos ali... eu me esforço para fingir interesse. Enquanto isso, rabisco em um papel. Peço que se levantem, que me acompanhem à sala de exames(...). Finjo olhar, mas estou pensando em outra coisa. Em uma montanha-russa em um parque de diversões.(...) Já pode se vestir, digo. Já vi o bastante. Vou receitar um remedinho."