sábado, 17 de outubro de 2015

Diário de uma vida perdida na memória - Rowan Coleman

Todos tememos uma doença, tememos a demência, a invalidez, o esquecimento. Esse livro é sobre a chegada precoce do Alzheimer para a personagem Claire. Herança do pai. Primeiro há pequenos lapsos de memória, depois confusão mental,  desorientação, os nomes dos objetos vão embora, as pessoas são esquecidas. O corpo fica, a memória envelhece, a mente adoece.
Todos os principais personagens do livro, Claire, Caitlin, Ruth e Greg escrevem no diário que guarda as lembranças de quem as perde rapidamente. E os capítulos são divididos pelas vozes de cada um. Não há desespero, apenas aceitação e luta, preocupação com quem em breve será uma presença fantasma entre os demais.
Claire era alegre, inteligente, mãe de Caitlin, filha de Ruth e casada com Greg. Há também a filha de 3 anos, Esther, o alento e o sol para todos. A doença vai tomando conta de sua realidade, mas ela continua raciocinando, pensando, apenas o branco do esquecimento que resta.
Angustia, quando nos colocamos no lugar da personagem principal. Até fiquei pensando se eu mesma não tinha  sinais da doença em mim. Meus brancos, os esquecimentos eram bem parecidos. Hipocondria à parte, nós realmente pensamos como é sutil a linha da sanidade e do alheamento. E isso a autora sabe descrever. Eu, como suicida em potencial, concluo: eu poria fim aos meus dias antes do breu total...
Um bom livro.
Passagens:
"Foi no dia que me esqueci qual sapato pertencia a qual pé, tomei o café da manhã duas vezes e me esqueci do nome da minha filha."
"É melhor ficar com o demônio que já se conhece."
"Quando penso em amor, tenho a impressão de pensar em algo externo a nós. Algo mais do que apenas sexo e romance. Acho que, quando nos formos, o que  restará de nós é o amor."
"Acredito no direito de escolha da mulher, mas nunca me ocorreu que, se eu estivesse nessa situação, escolheria a vida - embora, de fato, quando penso nisso, fica absolutamente óbvio: minha mãe me escolheu."
"Não a verei passar nas provas nem entrar na universidade; não a verei usar beca, tornar-se piloto de guerra ou ninja ou Doctor Who, que é sua maior ambição. Não a assistente - isso ela não quer -, mas o próprio Doctor. Vou perder todas essas coisas. A vida vai se passar por mim e não saberei nada a respeito, isso supondo que até lá meu cérebro não tenha se esquecido de informar aos meus pulmões como respirar e eu ainda esteja viva. A morte talvez seja preferível: se o céu e os espíritos de fato existirem, eu poderia olhar para ela, olhar para todos eles. Eu poderia ser um anjo da guarda, mesmo ainda sabendo que os anjos da guarda são estraga-prazeres. Além disso, não acredito em Deus, o que provavelmente me impediria até de me inscrever para processo seletivo, convencê-lo durante a entrevista: 'O que me diz de oportunidades iguais, Deus?', perguntaria."
"Agora eu me pergunto o que é felicidade. Fico pensando no que as emoções são, de fato, se podem ser alteradas e modificadas por plaquetas no meu cérebro ou pelos pequenos êmbolos."

Rowan Coleman
Rowan Coleman
Autora bestseller do Sunday Times e do New York Times. Além de tentar acompanhar o crescimento dos filhos e as aventuras de uma família alargada, Rowan dedica-se à escrita, sendo autora de mais de uma dezena de romances.
Os seus livros já foram traduzidos em países como Alemanha, França, Itália, Polónia, Rússia, Sérvia ou Turquia. O seu romance The Memory Book foi selecionado para o Richard and Judy Book Club, e Runaway Wife foi o romance vencedor do Best Romantic Read 2012.
[Fonte: Wook]
Mora em Hertfordshire, Inglaterra, com o marido, 5 filhos e 2 cachorros.
Quando ela tem a chance, Rowan gosta de dormir, sentar-se e adora ver filmes; ela também está tentando aprender a cozinhar.
Apesar de ser disléxica, Rowan adora escrever e The Memory Book é seu décimo primeiro romance, que foi escolhido como uma seleção de clubes Richard e Judy em 2014.