Anna Fox é uma psicóloga ou psicanalista com marido, Ed, e filha pequena, Olivia. Em um acidente, ambos morrem e Anna fica com trauma, desenvolve agorafobia. A vida dos vizinhos passa a ser seu passatempo, bem como a bebida e os remédios, conhecendo a rotina, nomes, personagens. Também dos novos habitantes da casa do outro lado da praça, um casal e seu filho adolescente. Num dos momentos
voyeur, percebe um assassinato na casa dos novos vizinhos, a mulher sendo esfaqueada. Porém, como se fazer acreditar, tendo sua situação mental comprometida? Como ajudar se há dez meses não sai de sua casa?
Ótimo livro. Recomendo.
Passagens:
"
Prisioneiro do Passado, com Humphrey Bogart e Lauren Bacall (um caso de amor em São Francisco, com direito a muita neblina, o primeiro em que um personagem se submete a uma cirurgia plástica para se disfarçar).
Torrentes de paixão, com Marilyn Monroe;
Charada, com Audrey Hepburn;
Princípios d'alma, com as sobrancelhas de Joan Crawford.
Um clarão nas trevas: Hepburn de novo, uma mulher cega, ilhada no seu apartamento no subsolo. Eu ficaria maluca num apartamento subsolo."
"- Você pode ouvir as confidências de uma pessoa, os medos dela, as carências, mas não esqueça de uma coisa: tudo existe em meio aos medos e segredos de outras pessoas, as que dividem o mesmo teto com ela. Conhece aquela frase que diz que todas as famílias felizes são iguais?
-
Guerra e Paz - falei.
-
Anna Kariênina. Mas não importa. O que importa é que está errado. Nenhuma família, feliz ou infeliz, é igual a outra. Aliás, Tolstoi falou muita bobagem. Lembre-se disso.
E é disso que me lembro enquanto vou ajustando o foco da minha lente, buscando o melhor enquadramento. Um retrato de família.]Mas acabo deixando a câmera de lado."
"Como dizia Bernard Shaw: "Frequentemente cito a mim mesmo; isso torna a conversa mais interessante." Dele também: "O álcool é um anestésico que nos permite enfrentar a cirurgia da vida." O velho e sábio Shaw.
Assim sendo, Fielsing que me desculpe. Esses remédios não são antibióticos. Além disso, faz quase um ano que misturo todos eles com álcool, e olha só como estou."
A. J. Finn
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A.J.Finn / Dan Mallory |
Formado em Oxford, A. J. Finn já foi crítico literário e escreveu para diversas publicações, incluindo
Los Angeles Times, The Wasington Post e
The TGimes Literary Supplement. A mulher na janela, seu primeiro romance, foi vendido para 36 países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente. [Fonte: orelha do livro]
Dan Mallory,
mais conhecido por A. J. Finn, lutou por 15 anos contra uma depressão
até que um novo médico, suspeitando do diagnóstico anterior, propôs
outro tratamento. Editor de livros na
William Morrow,
ele tirou uma licença de seis semanas para experimentar a medicação. Ao
final da quarta semana, ele já se sentia outra pessoa e ainda restavam
alguns dias até voltar ao trabalho.
Fez o que mais gosta de fazer: releu os livros policiais que o
acompanharam em seus 38 anos e reviu filmes antigos. E foi numa dessas
noites na frente da televisão que ele teve a ideia da história que,
pouco mais de um ano depois, viraria sua vida de cabeça para baixo. No
melhor dos sentidos.
Mallory reconhece que ter sido editor de
livros por 10 anos – em Londres e em Nova York – o ajudou na tarefa de
escrever seu thriller, que ele descreve como uma história de solidão e
luto. Capítulos curtos, história que prende a atenção e flui, um título
que remete a outros best-sellers. Mas o que fez diferença, mesmo, ele
diz, foi ter passado a infância e a juventude com a cara atrás de um
livro. “A leitura é a melhor forma de aprendizagem e o que me ajudou a
escrever essa história foi ter vivido como um leitor”, conta o autor.
Sua vontade de escrever, no entanto, só foi despertada depois de ter lido
Garota Exemplar, de
Gillian Flynn. “Eu não era desses editores que tinham ambição com relação aos seus próprios escritos. E embora eu tenha crescido lendo
Agatha Christie e
Sherlock Holmes, tenha estudado
Patricia Highsmith em Oxford e editado grandes autores, eu não tinha uma história para contar”, diz.
Quando
Garota Exemplar saiu, em 2012, e se
tornou um enorme sucesso ao redor do mundo, ele pensou: “Esse é o tipo
de livro que eu gostaria de escrever, mas não tenho uma história e não
vou forçar”. Passaram-se três anos e meio, saiu
A Garota no Trem, de
Paula Hawkins,
que também foi um grande best-seller, e lamentou de novo por não ter
uma história. Quase um ano depois, a vizinha acende a luz e uma
personagem “gruda no cérebro” do editor: ela estava sofrendo por um luto
e trauma. De repente, ele tinha algo a dizer.
“A experiência da escrita foi muito catártica e foi um
privilégio poder explorar, de forma segura, o que eu estava vivendo”,
conta. Para o autor, escrever ficção é ato de empatia. E ler também.
“Quando lemos, experimentamos a vida de outras pessoas e acontece o
mesmo quando escrevemos. Pude mergulhar na mente dessa mulher, chorar e
afundar ao lado dela, entrar em pânico com ela. Portanto, escrever não
foi divertido ou fácil, mas revigorante.”
Anna Fox, sua protagonista, tem 38
anos. “Estou cansado de ler thrillers onde o personagem central, uma
mulher, é muito passivo e reativo. Elas praticamente dependem do homem
para seu bem-estar. As mulheres têm muitas outras coisas interessantes
acontecendo em sua mente que não têm a ver com homens e bebês. Eu quis
escrever um livro em que não havia interesse amoroso pela personagem
feminina, no qual ela se preocupa com sua família, sim, mas tem outras
coisas. Eu quis escrever um livro sobre uma mulher inteligente, sobre
uma mulher que se salva sozinha porque mulheres são capazes de fazer
isso”, justifica.
Essa é uma das diferenças entre seu livro,
Garota Exemplar e
A Garota no Trem. Do ponto de vista do estilo,
A Mulher na Janela tem mais relação com
A Garota no Trem, considera.
Dan Mallory não conhece a mulher que
inspirou sua história e nunca lhe ocorreu contar tudo isso para ela.
“Estou olhando para a janela dela neste momento. Ela está na porta. Está
nevando. Eu poderia abrir a janela e falar, ‘oi, obrigado’. Seria
assustador ou ela ia gostar?, brinca.”
Se ele alguma vez pensou que sua vida daria uma guinada
dessas? “Nunca, nunca”, ele grita animado. “Meu único objetivo era
conseguir escrever a palavra ‘fim’.” E tudo está apenas começando.
A Mulher na Janela tem potencial para ser um dos grandes best-sellers do ano. Deve voltar às listas no ano que vem com o filme nos cinemas.
Joe Wright acaba de ser escolhido como diretor. Vencedor do Pulitzer pela peça
Álbum de Família, depois transformada em filme,
Tracy Letts é o roteirista. E
Scott Rudin, de
Onde os Fracos Não Têm Vez e
A Rede Social, e
Eli Bush, de
Lady Bird, vão produzir o filme. [Fonte: http://cultura.estadao.com.br]