sexta-feira, 22 de junho de 2018

Os conflitos de Grace - Susie Orman Schnall

Título original: On Grace
Editora Jangada
Tradução Rosane Albert
ISBN 978-85-5539-091-3
Como podem remeter esse livro às obras de Elena Ferrante? Não sei se é insensatez, falta de senso literário ou apelação para que uma obra ruim seja lida.
Veja: uma mulher, a tal Gracie do título, que passou 8 anos cuidando dos filhos, depois do menor começar seu período escolar, decide procurar trabalho. Paralelamente, o marido confessa que a traiu, e tem aquele conflito padrão "perdôo-não-perdôo" piegas. Também começa a receber assédio de um ex colega do tempo de escola. Acrescenta-se também a chegada aos 40 anos. Uma amiga tem problemas de saúde. É isso que se chama conflito. Qualquer outra floração além disso é encheção de linguiça para vender.
Acrescendo a isso que é monótono e a personagem não conquista.
Não recomendo.

Susie Orman Schanall
Susie Orman Schanall
Autora de três romances: sua estréia instigante, ON GRACE ( 2014, SparkPress ). THE BALANCE PROJECT ( 2015, SparkPress), trata do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e foi inspirada em The Balance A série de entrevistas do projeto que começou em 2014. E THE SUBWAY GIRLS (2018, St. Martin's Press), ficção histórica sobre o fascinante programa de publicidade da Miss Subways.
A escrita de Susie apareceu em numerosas publicações, incluindo o The New York Times, o The Huffington Post, o POPSUGAR, o Writer's Digest e o Glamour.
Ela também é palestrante frequente em grupos de mulheres, corporações e clubes de livros sobre seus romances e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Susie cresceu em Los Angeles, formou-se na Universidade da Pensilvânia e hoje mora fora de Nova York com o marido e os três filhos que jogam bola na casa.
Palavras dela: "Desde que eu era criança, encontrei a verdadeira alegria em escrever. Desde meus primeiros cadernos cheios de poemas sobre amores perdidos para meus ensaios documentando minha jornada através da maternidade, narrei minha vida em palavras.
Há algo sobre um intenso jogo de palavras cruzadas desafiador, um parágrafo impossível. Tudo se resume às palavras, e as palavras são o que eu amo.
Eu também sou apaixonado por muitas outras coisas: noites de filmes de sexta família, chocolate muito escuro (especialmente com pequenos crocantes), praias quentes, comédias românticas, Jane Austen e Jeffrey Archer, vestidos de festa, caminhadas, criação de crianças resilientes, jantares, pontualidade, sábado à noite happy hour com meu marido, espaço em branco, equilíbrio, boot camp, kale shakes, verdadeiros amigos, notas de agradecimento e otimismo.
[Fonte:https://susieschnall.com/about-susie/]

Amor amargo - Jennifer Brown

Título original: Bitter End
Tradução: Guilherme Meyer
Eiditora Cutenberg
Ficção norte-americana
ISBN 978-85-8235-306-6 

Alex é uma jovem esforçada, que trabalha e estuda, com 17 anos e tem dois amigos inseparáveis: Bethany e Zach. Juntos formam um trio que se entendem melhor que irmãos.  Até que Alex conhece Cole, um rapaz bonito, carinhoso, galante, algo perto da perfeição.  Como homem perfeito não existe, logo Cole começa a mostrar sua verdadeira face de abuso e violência. A vítima se culpa pelas explosões do namorado, desculpando-o sempre, acreditando numa mudança do agressor, que os maltratos físicos e verbais podem ter controle caso consiga lidar com o humor variável dele. A narrativa contada pela mulher que é agredida comove e é o retrato de tantas relações cruelmente semelhantes, com vítimas que incrivelmente se sentem responsáveis pela violência que sofre.
No início o livro é cansativo, mas depois tem um ritmo melhor.

"(...) Cole não era assim, Ele estava estressado. Só podia ser, porque, em condições normais, jamais teria feito isso. Ele estava com problemas familiares.
Eu chorei pensando que talvez a culpada fosse eu."

"Eu sabia que, mais do que nunca, faria tudo o que estivesse ao meu alcance para impedir que aquilo se repetisse. E, se abrisse a boca agora, todos passariam a odiá-lo e, quando ele se arrependesse do que tinha feito, ficaria tão decepcionado comigo que eu o perderia de vez. O caroço subia, pulsando e implorando pra sair, mas eu não podia expeli-lo. Precisava mantê-lo ali dentro, oscilante, porém seguro."

"'Prometo que jamais vou te machucar de novo', falou, o rosto mergulhado nos meus cabelos."

"Os hematomas no meu pulso ainda nem tinham sarado. Naquela vez, tinha ficado orgulhosa de mim mesma por tê-lo perdoado. Tinha me convenciso de que o incidente não se repetiria. Como isso foi acontecer de novo?"

"(...) Não conseguia entender como ele era capaz de me bater. Não só de me dar um empurrão ou ele me agarrar pelo pulso, mas me bater mesmo. E não conseguia entender como, em um minuto, podia estar me dando socos na cara e, no próximo, estar dizendo que me amava."

"Pela primeira vez desde que toda essa loucura tinha começado, me dei conta de que ele jamais pararia de me agredir. Não havia como evitar que ele perdesse a cabeça. Não havia como fazê-lo parar."

Jennifer Brown
Jennifer Brown

Jennifer Brown nasceu em Kansas, passou boa parte de sua vida no subúrbio, mas também morou em Nova Jersey, mesmo assim se considera totalmente uma garota do centro-oeste rural dos Estados Unidos. Ela diz que teve muitos amigos imaginários, o que pode ser bom, porque teve que se mudar muito e o conviver com amigos reais era difícil.
Ela se formou em Psicologia e conseguiu alguns trabalhos de Recursos Humanos, mas não demorou muito para ela perceber que essa não seria sua profissão.
O que é inusitado é que Jennifer apesar de ter escrito um livro tão intenso como A Lista Negra, na verdade ela escrevia colunas de humor para um jornal. Inclusive ganhou dois Erma Bombeck Global Humor Award (2005, 2006), mas deixou de ser colunista e agora se dedica em tempo integral para os livros jovem-adulto. [Fonte: Skoob]

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Os hóspedes - Sarah Waters

Título original: The paying guest
Editora Rocco Ltda
Tradução: Léa Viveiros de Castro
Romance inglês
416 páginas
ISBN 978-85-8 122-732-0

Fim da Primeira Guerra Mundial, Frances Wray e sua mãe vivem numa casa grande e caindo aos pedaços.  Depois da morte dos filhos/irmãos na guerra e do sr.Wray, marido e pai, decidem alugar uma parte da casa para conseguirem alguma renda. Então o casal Leonard e Lilian Barber se tornam inquilinos do casarão.
Apesar do incômodo inicial, se adaptam à presença de estranhos morando na casa. Inclusive a relação de Frances e Lilian, que se transforma numa paixão arrebatadora, culminando com uma tragédia que colocará em questão o amor que se declaram sentir e a consciência de condenar um inocente no lugar delas.
O livro trata da mulher homossexual na década de 20, do aborto, da pena de morte com réu inocente, casamento,  entre outras temáticas. Um bom livro, bem escrito. Longo, mas não cansativo.
Recomendo. 

"Eu faço o que posso pela minha mãe, ou é o que digo a mim mesma. Às vezes eu tenho a impressão de que só o que faço é arengar com ela; nós nos cruzamos como uma par de tesouras. Ela não é feliz também. Como poderia ser? Eu acho que ela está simplesmente marcando o tempo."

"Como alguém poderia fazer isso naquele lugar esmagador, com tantos olhos ávidos pousados nele, e com todos os presentes, exceto ela e Lilian, convencidos de sua culpa? Ele repetiu a afirmação que tinha feito no início, de que na noite da morte de Leonard ele voltou cedo do trabalho com dor de cabeça e passou a noite em casa com a mãe. A história soou falsa – como era de esperar. Ele já devia tê-la contado umas mil vezes."

Sarah Waters
Sarah Waters

Escritora britânica, é reconhecida por romances históricos que já lhe renderam três indicações ao Man Booker Prize e a entrada na seleção de melhores autores de língua inglesa da revista Granta. Sua obra tem sido adaptada para a TV e o cinema. Os hóspedes, seu sexto romance, foi o primeiro a ocupar a lista dos mais vendidos do The New York Times.

Uma estranha em casa - Shari Lapena

Título original: A stranger in the house
Romance canadense
Editora Record
266 páginas
Tradução Márcio El-Jaick
Karen sofre um acidente e perde a memória recente, o que impede lembrar o que aconteceu no restaurante abandonado de onde fugiu assustada, que ocasionou a batida no carro. Seu marido Tom se desespera: o que a esposa estaria fazendo num lugar barra pesada, ambiente suspeito à noite, correndo até bater o carro e perder a memória. E o corpo do homem encontrado no lugar de onde ela veio? O que conhecia da esposa? Quem era ela?
rigid, a vizinha de frente à casa de Tom e Karen, quer retomar a vida que tinha antes da aparição de Karen, sua amiga. Mas o que ela estaria escondendo e como usar o que sabe para conseguir o que deseja?
Um livro regular, sem surpresas, previsível. A obviedade dos fatos não nos deixa em suspenso pelo que pode acontecer.
Shari Lapena
Shari Lapena

Nascida em 1960, escritora canadense. Ela é mais conhecida por seu thriller de 2016 The Couple Next Door, que foi um best-seller no Canadá e internacionalmente. Lapena, advogada e professora de inglês antes de iniciar sua carreira de escritora, publicou seu romance de estreia, Things Go Flying, em 2008. Esse romance foi finalista do Sunburst Award em 2009. Seu segundo romance, Happiness Economics , foi um dos finalistas. Finalista do Prêmio Stephen Leacock em 2012. Seu quarto romance, A Stranger in the House , foi publicado em 2017.

domingo, 13 de maio de 2018

A Conspiração da Senhora Parrish - Liv Constantine

Editora Harper Collins
Título original: The Last Mr. Parrish
Tradução Mariana Mata
ISBN 978-84-9139-260-0
400 páginas
**** 4 estrelas no Skoob
Amber conheceu Daphne Parrish, a rica e amada Sra. Jackson Parrish, conforme planejou e logo se tornou a melhor amiga, frequentando a mansão e sentindo o gosto do que seria estar em seu lugar, usufruir do marido bonito, milionário, livre das duas filhas do casal, Talullah e Bella. Para isso, planejou os passos para tomar seu lugar e se tornar a verdadeira Sra. Parrish. Esqueceria o passado comprometedor e teria a vida sonhada. 
Daphne era a Sra. Parrish, confiava em Amber, que chegou em momento certo em suas vidas, de uma utilidade sem precedentes.
Um livro instigante. Interesses, inveja, egoísmo,  abusos. Prende do início ao fim para quem aprecia livros com carga psicológica dramática.
Recomendo. "Então e tu? — perguntou-lhe Gregg. — Eu adoro arte, por isso visito museus sempre que posso. Adoro nadar e passei a gostar de andar de caiaque. Leio imenso. — Eu não leio muito. Penso sempre: porquê ler sobre a vida de outras pessoas quando devias estar a viver a tua própria? Amber impediu-se de cuspir a comida de estupefação e simplesmente assentiu com a cabeça. — É uma visão interessante sobre os livros. Nunca tinha ouvido essa antes."

Liv Constantine 
Lynne Constantine e Valerie Constantine - Liv Constantine


Liv Constantine é o pseudônimo das autoras e irmãs best-sellers USA Today e WSJ, Lynne Constantine e Valerie Constantine. Separadas por três Estados, elas passam horas tramando via Facetime e enviando os e-mails uma para a outra. Elas atribuem sua capacidade de inventar histórias sombrias às horas que passaram ouvindo histórias transmitidas por sua avó grega. A ÚLTIMA SRA. PARRISH é o seu thriller de estreia.
Lynne é uma escritora de ficção viciada em Twitter que bebe café e está sempre trabalhando em seu próximo livro. Ela gosta de administrar seus planos de Tucker, seu golden retriever, que nunca os critica.
Lynne é autora de THE VERITAS DECEPTION e co-autora de CIRCLE DANCE, além de vários contos. Ela também é uma estrategista de mídia social e palestrante.
Lynne tem mestrado pela Johns Hopkins University.
Para mais informações sobre Lynne, visite www.lynneconstantine.com
Valerie sempre amou livros e passou muitas noites lendo à luz de seu abajur até as 3 da manhã. Ela se formou de Nancy Drew em Shakespeare e estudou na Universidade de Maryland, onde se formou em Literatura Inglesa.
Valerie é co-autora de CIRCLE DANCE. Ela passa parte do ano na Inglaterra e mora em Annapolis, Maryland com seu marido e Zorba, seu brilhante Cavalier King Charles. Visite Valerie em www.valerieconstantine.com

segunda-feira, 16 de abril de 2018

O homem perfeito - Linda Howard

Título original: Mr. Perfect
Tradução: Carolina Simmer
Editora Bertrand Brasil
Ficção americana
349 páginas 

Uma ideia boba nascida numa mesa de conversa entre quatro amigas: o que definiria o homem perfeito? Daí surgiu "a lista". Primeiro vazou para o jornal da empresa onde as amigas trabalhavam, elas identificadas apenas como as mulheres A, B, C e D. Logo a tal lista chegou  na imprensa. Bem americano: algo pequeno que se inflama e os meios de comunicação enlouquecem. Então as identidades das tais amigas é descoberta.
Uma das amigas, a protagonista da trama, Janie, bonitona, recém mudada para uma nova casa, conhece o vizinho gostoso, policial.
O óbvio, as amigas começam a ser assassinadas. Os homens se roendo de raiva, uma reação sem sentido, mas tem livros que estão mais para realidade fantástica que para suspense.
Previsível. 
Não há nada de muito surpreendente, por mais que a autora tentasse, inserindo Colin no meio, feliz a cada matança das "vagabundas" (exagero!), falando com a voz da mãe que aparece apenas no prólogo da trama.
Linda Howard

Linda Howard
Linda S. Howington é uma escritora americana de best-sellers, escrita sob o pseudônimo de Linda Howard. Depois de 21 anos escrevendo histórias para seu próprio prazer, ela enviou um romance para publicação que teve muito sucesso. Seu primeiro trabalho foi publicado pela Silhouette em 1982. Ela é membro fundador da Romance Writers of America e, em 2005, Howard recebeu o prêmio Career Achievement Award.
Linda Howard vive em Gadsden, Alabama com o marido, Gary F. Howington, e dois golden retrievers. Ela tem três enteados e três netos. [Fonte:www.goodreads.com]

domingo, 15 de abril de 2018

A farsa - C. L. Taylor

Título original : The Lie
Editora Bertrand Brasil
Ficção inglesa
Tradução Daniel Estill
393 páginas
Quatro amigas: Emma, Al, Leanne e Daisy. Uma carente, insegura, outra homossexual assumida marrenta, também uma desconfiada anoréxica e, por último, a mais bonita e próxima da primeira, que transa com todos. Decidem entrar de férias numa viagem ao Nepal para curar a dor de cotovelo de Al pelo fim de seu namoro com Simone. Vão para um recanto de meditação liderado pelo bonitão Isaac. Porém,  a situação do que era esperado de um retiro espiritual não se parecia com a vendida no site. Coisas estranhas aconteciam.
E a estória vai do presente para o passado, cinco anos antes, nessa dita viagem de férias, quando duas das quatro amigas morreram e sobraram Emma e Al. Emma, que no presente, chama-se Jane, numa mudança proposital de nome para se esconder.
Um livro cansativo, mal escrito, personagem principal, Emma, que não estimula, não emociona e não prende. 

C. L. Taylor


C. L. Taylor
Autora bestseller de thrillers psicológicos. Os seus livros venderam mais de um milhão de exemplares, tendo já sido traduzidos em mais de 20 países.
Nasceu em Worcester, no Reino Unido, e formou-se em Psicologia pela Universidade de Northumbria. [Fonte: Skoob]

A mulher na janela - A. J. Finn

Título original: The Woman in the Window
Tradução Marcelo Mendes
Editora Arqueiro / 2018
352 páginas
Anna Fox é uma psicóloga ou psicanalista com marido, Ed, e filha pequena, Olivia. Em um acidente, ambos morrem e Anna fica com trauma, desenvolve agorafobia. A vida dos vizinhos passa a ser seu passatempo, bem como a bebida e os remédios, conhecendo a rotina, nomes, personagens. Também dos novos habitantes da casa do outro lado da praça, um casal e seu filho adolescente.  Num dos momentos voyeur, percebe um assassinato na casa dos novos vizinhos, a mulher sendo esfaqueada. Porém,  como se fazer acreditar, tendo sua situação mental comprometida? Como ajudar se há dez meses não sai de sua casa?
Ótimo livro. Recomendo.
Passagens:
"Prisioneiro do Passado, com Humphrey Bogart e Lauren Bacall (um caso de amor em São Francisco, com direito a muita neblina, o primeiro em que um personagem se submete a uma cirurgia plástica para se disfarçar). Torrentes de paixão, com Marilyn Monroe; Charada, com Audrey Hepburn; Princípios d'alma, com as sobrancelhas de Joan Crawford. Um clarão nas trevas: Hepburn de novo, uma mulher cega, ilhada no seu apartamento no subsolo. Eu ficaria maluca num apartamento subsolo."

"- Você pode ouvir as confidências de uma pessoa, os medos dela, as carências, mas não esqueça de uma coisa: tudo existe em meio aos medos e segredos de outras pessoas, as que dividem o mesmo teto com ela. Conhece aquela frase que diz que todas as famílias felizes são iguais?
 - Guerra e Paz - falei.
- Anna Kariênina. Mas não importa. O que importa é que está errado. Nenhuma família, feliz ou infeliz, é igual a outra. Aliás, Tolstoi falou muita bobagem. Lembre-se disso.
E é disso que me lembro enquanto vou ajustando o foco da minha lente, buscando o melhor enquadramento. Um retrato de família.]Mas acabo deixando a câmera de lado."

"Como dizia Bernard Shaw: "Frequentemente cito a mim mesmo; isso torna a conversa mais interessante." Dele também: "O álcool é  um anestésico que nos permite enfrentar a cirurgia da vida." O velho e sábio Shaw.
Assim sendo, Fielsing que me desculpe. Esses remédios não são antibióticos. Além disso, faz quase um ano que misturo todos eles com álcool, e olha só como estou."


 A. J. Finn
A.J.Finn / Dan Mallory

Formado em Oxford, A. J. Finn já foi crítico literário e escreveu para diversas publicações, incluindo Los Angeles Times, The Wasington Post e The TGimes Literary Supplement. A mulher na janela, seu primeiro romance, foi vendido para 36 países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente. [Fonte: orelha do livro]

Dan Mallory, mais conhecido por A. J. Finn, lutou por 15 anos contra uma depressão até que um novo médico, suspeitando do diagnóstico anterior, propôs outro tratamento. Editor de livros na William Morrow, ele tirou uma licença de seis semanas para experimentar a medicação. Ao final da quarta semana, ele já se sentia outra pessoa e ainda restavam alguns dias até voltar ao trabalho.
Fez o que mais gosta de fazer: releu os livros policiais que o acompanharam em seus 38 anos e reviu filmes antigos. E foi numa dessas noites na frente da televisão que ele teve a ideia da história que, pouco mais de um ano depois, viraria sua vida de cabeça para baixo. No melhor dos sentidos.
Mallory reconhece que ter sido editor de livros por 10 anos – em Londres e em Nova York – o ajudou na tarefa de escrever seu thriller, que ele descreve como uma história de solidão e luto. Capítulos curtos, história que prende a atenção e flui, um título que remete a outros best-sellers. Mas o que fez diferença, mesmo, ele diz, foi ter passado a infância e a juventude com a cara atrás de um livro. “A leitura é a melhor forma de aprendizagem e o que me ajudou a escrever essa história foi ter vivido como um leitor”, conta o autor. 
Sua vontade de escrever, no entanto, só foi despertada depois de ter lido Garota Exemplar, de Gillian Flynn. “Eu não era desses editores que tinham ambição com relação aos seus próprios escritos. E embora eu tenha crescido lendo Agatha Christie e Sherlock Holmes, tenha estudado Patricia Highsmith em Oxford e editado grandes autores, eu não tinha uma história para contar”, diz. 
Quando Garota Exemplar saiu, em 2012, e se tornou um enorme sucesso ao redor do mundo, ele pensou: “Esse é o tipo de livro que eu gostaria de escrever, mas não tenho uma história e não vou forçar”. Passaram-se três anos e meio, saiu A Garota no Trem, de Paula Hawkins, que também foi um grande best-seller, e lamentou de novo por não ter uma história. Quase um ano depois, a vizinha acende a luz e uma personagem “gruda no cérebro” do editor: ela estava sofrendo por um luto e trauma. De repente, ele tinha algo a dizer.
“A experiência da escrita foi muito catártica e foi um privilégio poder explorar, de forma segura, o que eu estava vivendo”, conta. Para o autor, escrever ficção é ato de empatia. E ler também. “Quando lemos, experimentamos a vida de outras pessoas e acontece o mesmo quando escrevemos. Pude mergulhar na mente dessa mulher, chorar e afundar ao lado dela, entrar em pânico com ela. Portanto, escrever não foi divertido ou fácil, mas revigorante.”
Anna Fox, sua protagonista, tem 38 anos. “Estou cansado de ler thrillers onde o personagem central, uma mulher, é muito passivo e reativo. Elas praticamente dependem do homem para seu bem-estar. As mulheres têm muitas outras coisas interessantes acontecendo em sua mente que não têm a ver com homens e bebês. Eu quis escrever um livro em que não havia interesse amoroso pela personagem feminina, no qual ela se preocupa com sua família, sim, mas tem outras coisas. Eu quis escrever um livro sobre uma mulher inteligente, sobre uma mulher que se salva sozinha porque mulheres são capazes de fazer isso”, justifica.
Essa é uma das diferenças entre seu livro, Garota Exemplar e A Garota no Trem. Do ponto de vista do estilo, A Mulher na Janela tem mais relação com A Garota no Trem, considera. 
Dan Mallory não conhece a mulher que inspirou sua história e nunca lhe ocorreu contar tudo isso para ela. “Estou olhando para a janela dela neste momento. Ela está na porta. Está nevando. Eu poderia abrir a janela e falar, ‘oi, obrigado’. Seria assustador ou ela ia gostar?, brinca.”
Se ele alguma vez pensou que sua vida daria uma guinada dessas? “Nunca, nunca”, ele grita animado. “Meu único objetivo era conseguir escrever a palavra ‘fim’.” E tudo está apenas começando. A Mulher na Janela tem potencial para ser um dos grandes best-sellers do ano. Deve voltar às listas no ano que vem com o filme nos cinemas. Joe Wright acaba de ser escolhido como diretor. Vencedor do Pulitzer pela peça Álbum de Família, depois transformada em filme, Tracy Letts é o roteirista. E Scott Rudin, de Onde os Fracos Não Têm Vez e A Rede Social, e Eli Bush, de Lady Bird, vão produzir o filme. [Fonte: http://cultura.estadao.com.br]

terça-feira, 6 de março de 2018

O homem de giz - C. J. Tudor

Tradução Victor Antunes
Editora Planeta
320 páginas
Amigos desde a infância, Ed, Gav, Hoppo, Mickey e Nicky vivem aventuras que os marcam mais que a crianças comuns: mortes, acidentes, mistérios. A chamada infância americana: grupos, bicicleta, bosques, liberdade. Só nos EUA e nas cidades bem pequenas do interior do Brasil se vê essa realidade.
A trama é narrada do Ed Adams, em capítulos alternados na infância e na idade adulta de 42 anos, na cidade de Andebury.
Tudo começa quando Ed presencia um acidente num parque de diversões que envolve Elisa, "a garota do carrossel", como a chama. Ele ajuda a se socorrer a bela jovem, junto com um professor albino e misterioso, Halloran. A partir daí a presença enigmática do professor começa a influenciar nas brincadeiras dos garotos, começando pelos desenhos em giz que deixam como pistas para se encontrarem, mas que logo passam a ser registros que antecedem assassinatos. Claro que é de surpreender a capacidade dedutiva e de comunicação por símbolos de garotos de 12 anos. Porém, aquela máxima: em ficção tudo pode. Não acho, mas deixa pra lá.
Na fase adulta, os acontecimentos do passado voltam a assaltar Ed e os demais guris, com a presença de Chloe, a volta de Mickey. Assim surge a necessidade de esclarecimentos, também despertado pelo surgimento de novos desenhos em giz, simbologia da infância.
Aborda o aborto, pedofilia, Igreja, amizade, vingança, Alzheimer.
Um livro mediano. Simples suspense sem muita paixão.

C. J. Tudor
C. J. Tudor
Nasceu em Salisbury e cresceu em Nottingham, onde ainda mora com seu parceiro e filha. O seu amor pela escrita, especialmente o escuro e o macabro, começou jovem. Enquanto os seus colegas liam Judy Blume, ela devorava Stephen King e James Herbert.
Ao longo dos anos, teve vários trabalho, incluindo repórter estagiária, empregada de mesa, assistente de loja, locução, apresentadora de televisão, guionista, redatora e agora autora. "The Chalk Man" é o seu primeiro livro.
[Fonte: Wook]

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Você - Caroline Kepnes

Título original: You A Novel

Editora Rocco / 2018
384 páginas
Tradução Alexandre Martins
Joe trabalha numa livraria quando conhece Beck e se apaixona.  Nada sabe da garota, mas em épocas de mídias digitais logo descortina toda a atividade intelectual, endereço, amizade. Planeja outros encontros, passando-se como coincidência, e logo começa a vigiá -la, invadir as correspondências e sigilos da sua amada. Claro,  e por ser tão excessivamente amada, protegida dos que se metem em seu caminho de conquista. O primeiro é Benji, uma espécie de namorado da moçoila cobiçada. Mas há outros que devem ser tratados, extinguidos, além da conquista daquela que é destinada,  assim acredita, para ela.
A obsessão de Joe é descrita no livro magistralmente em forma de diálogo com Beck. Um ótimo livro que mostra que a posse, o excesso de zelo, de invasão, posse, é uma ameaça e um alerta. A citação de obras, autores, filmes e músicas por todo o livro é uma viagem à parte. Quem dera ler mais livros e compositores dentro de outros livros! Farei uma lista dos citados para ampliar a viagem
Vale a pena ler Caroline Kepnes. Tornou-se uma das minhas preferidas escritoras.


"Eu conheci e.e. cummings da forma mais sensível e inteligente pela qual homens da minha idade chegam a e.e. cummings, por intermédio de uma das cenas mais românticas de uma das histórias de amor mai românticas de todos os tempo, Hannan e suas irmãs, na qual um nova-iorquino inteligente, sofisticado e casado, chamado Elliot (Michael Cane) se apaixona pela cunhada (Barbara Hershey). Ele precisa ter cuidado. Não pode fazer um avanço descontraído."

"Veja a inveja. Como ela pode não ter peso da ambição? Você sente pena dela. Como ela pode não ter ambição?"

"Não fiz universidade (...), então não desperdiço minha vida adulta tentando resgatar meu tempo de faculdade. Não sou cretino frouxo que nunca teve colhões para viver a vida agora, como ela é. Eu vivo para viver, e pediria outra vodca com soda, mas isso significaria falar com o bartender de camiseta do Bukowski, e ele me perguntaria novamente que tipo de club soda quero."

Caroline Kepnes 
Gêneros Ficção,Suspense e Mistério. Nascimento: 10/11/1976. Local: Estados Unidos - Massachusetts - Hyannis
Caroline Kepnes é autora de contos e romances. Você, seu primeiro romance, foi traduzido em 19 idiomas e dará origem a uma série de TV estrelada por Elizabeth Lail (Once Upon a Time) e Pen Badgley (Gossip Girl). [Fonte: Skoob]

O jardim das borboletas - Dot Hutchison

Título original The butterfly garden
Editora Planeta do Brasil
Tradução Débora Isidoro e Carolina Caires Coelho
Ficção policial americana suspense
Trilogia O colecionador
Tido como o primeiro livro da trilogia "O Colecionador".
Narrado em primeira voz por uma garota que foi resgatada de um cárcere junto com outras jovens e pela narrativa também em primeira pessoa do policial  bonzinho e sensível Victor Hanoverian.
No depoimento, a garota que é chamada por Maya, diz ter vivido quatro anos, juntamente com mais vinte e três, em cárcere. Delas, apenas treze sobreviventes. Encarceradas num jardim rodeado de vidros e borboletas, com as costas tatuadas com temas também de espécimes de borboletas, estupradas diariamente pelo algoz O Jardineiro e seu violento filho Avery. Sabiam que, assim como as borboletas,  tinham uma vida curta, já que, ao completarem 21 anos seriam mortas pelo Jardineiro e preservadas em vidro e resina no mesmo jardim que era prisão e casa de todas. E assim foi por mais de trinta anos. Façamos as contas: digamos que o Jardineiro raptasse cada vítima aos dezesseis anos, que era a média de idade que visava, cada uma viveria mais cinco anos, depois de chegar à prisão. Quando uma morria, outra era capturada. ou seja, quase 20 vidros com os cadáveres de meninas desde vinte e cinco anos atrás (tempo que a primeira "leva" completaria 21 anos. Em 30 anos, seriam quase 120 tumbas de vidro em exposição no tal jardim-das-borboletas-prisão. Ou mais, porque algumas eram capturadas com mais de dezesseis anos. Ilógico.
O tema,  a trama seria até interessante: um psicopata que sequestra garotas de quatorze a dezesseis anos, aprisiona-as num jardim para servir aos seu instinto animal para depois matá-las, preservando as tatuagens que faz em suas costas.
Mas ele não usava armas, não tinha vigilância. O que alimentava o medo das garotas eram as ameaças físicas. E, mesmo assim, subjugava vinte e três saudáveis moiçolas num lugar que, evidentemente, teve uma construção minuciosa, uma manutenção e limpeza, comida bem substancial, suporte tecnológico pra tanto subir e descer de paredes num apertar de controle remoto. E isso por mais  de trinta anos! Trinta anos de moças que chegam, morrem e requerem mais e mais urnas de vidro e mais resinas.... Não dá pra supor tal aberração. 
Que a autora pesquisasse mais antes de escrever o livresco.
Ruim pela falta de sentido lógico.

"(...) Como defendemos a liberdade de expressão, não há nada que possamos fazer.
- Acho que me acostumei tanto com os horrores do Jardim que esqueci quão horrível o mundo exterior também pode ser.
Ele daria qualquer coisa para poder dizer que aquilo não era verdade.
Mas era, e então ele simplesmente fica em silêncio"


Dot Hurtchicon

Dot nasceu em uma ilha entre dois furacões e ela tem causado problemas desde então. Uma fervorosa leitora, escritora, ela também trabalhou como instrutora em um "Boy Scout Camp", uma peça de jogo de xadrez de combate vivo e um proxenetista de livros. Careceu de mais informações sobre a escritora para complementar algo mais em sua biografia aqui no Antidepressivo.

Retrato em Sepia - Isabel Allende

Editora Bertrand Brasil
420 páginas Continuação do romance A Filha da Fortuna, escrito em primeira pessoa pela voz na neta de Eliza, que foi a personagem principal do anterior, Aurora del Valle.
Nesse folhetim novelesco, Eliza já casada e apaixonada pelo marido chinês Tao, tem dois filhos, Lucky e Lynn. A beleza da filha Lynn chama a atenção dos homens e é seduzida pelo filho de Paulina del Valle, personagem que também consta no primeiro romance, uma matrona chilena com tino para negócios que também reside em São Francisco. O filho não assume a paternidade, mas Severo del Valle, sobrinho de Paulina, apaixonado por Lynn, casa-se e assume a menina como sua.
Porém Lynn morre ao dar à luz Aurora.
Tao, que luta para salvar as eacravas sexuais chinesas contrabandeadas para São Francisco, assume a criação na neta, já que Severo volta ao Chile para a guerra.
Mas com a morte do marido, Eliza entrega a neta aos cinco anos para que seja criada pela avó Paulina, que já lutara antes pela sua guarda.
Assim a menina se desenvolve na família del Valle, tendo um rumo bem diferente para a vida do que seria, caso continuasse com os avós maternos. 
A personagem Aurora, assum como Eliza no primeiro romance, não apaixona. A paixão pela fotografia é um dos raros traços dados pela escritora, no mais poderia ter mais brios ou ter mais aventuras que justificassem o romance.
Um livro mediano.

"Nesses tempos a procriação era considerada indecente e entre a burguesia as mulheres grávidas fechavam-se em casa, mas ela não tentava dissimular o seu estado, exibindo-o indiferente à perturbação que causava. Na rua as pessoas evitavam olhar para ela, como se tivesse alguma deformidade ou andasse nua. Eu nunca tinha visto uma coisa assim e quando perguntei o que tinha aquela senhora, a minha avó Paulina explicou-se que a coitadinha tinha engolido um melão."

"Não era cômodo mudar os velhos hábitos, a higiene era aborrecida, complicada e interferia com a rapidez operatória, considerada a marca de um bom cirurgião porque diminuía o risco de choques e perda de sangue. Ao contrário de muitos dos seus contemporâneos para quem as infecções se produciam espontaneamente no corpo do doente, Ebanizer Hobbs entendeu de imediato que os germes estavam fora, nas mãos, no chão, nos instrumentos e no ambiente, por isso pulverizava com uma chuva de fenol desde as feridas ao ar da sala de operações Tanto fenol respirou o pobre homem que acabou com a pele ulcerada em chagas e morreu antes do pretexto aos seus detractores para continuarem aferrados às ideias antiquadas."

"Uma boa fotografia conta uma história, revela um lugar, um acontecimento, um estado de espírito, é mais poderosa do que páginas e páginas de escrita."


Isabel Allende
Isabel Allende nasceu em 2 de agosto de 1942, em Lima, no Peru, onde o seu pai diplomata se encontrava em trabalho. No entanto, a sua nacionalidade é chilena, tendo-se tornado cidadã norte-americana em 2003. É filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo-irmão de Salvador Allende, e de Francisca Llona.
Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973).
O seu livro editado foi A Casa dos Espíritos (1982) (La casa de los espíritus) que ganhou reconhecimento de público e crítica. A obra resultou num filme A Casa dos Espíritos (1993) realizada por Bille August, com Jeremy Irons, Meryl Streep, Winona Ryder e Antonio Banderas, tendo grande parte das rodagens ter decorrido em Portugal, em Lisboa e no Alentejo.
Em 1995 lançou o livro Paula, que a autora escreveu para a sua filha que estava em coma devido a um ataque de porfiria. Como a autora não sabia se a sua memória voltaria após a saída do coma, Isabel Allende resolveu contar a sua história para auxiliar a filha a lembrar dos fatos. Paula passou a ser então um retrato auto-biográfico. [Fonte: Wikipedia]

Filha da fortuna - Isabel Allende

Editora Bertrand Brasil
479 páginas
Finalmente fui apresentada à escritora Isabel Allende. Longa espera, desculpável pela longa fila de autores para se conhecer. Escolhi a esmo o primeiro. A Filha da Fortuna foi uma grata surpresa. Não esperava que fosse tão primoroso na construção histórica,  na fieldade aos costumes de cada cultura abordada: oriental e ocidental, China, Chile e EUA.
Eliza Sommers foi um bebê abandonado em 1832 à porta da casa de Rose Sommers, uma inglesa que vivia em Valparaíso, Chile, que, após uma decepção amorosa, decidiu viver aristocraticamente apenas com o irmão Jeremy, porém só. Considerou a criança a filha que não teve e a criou perto disso. Eliza, pequena, que tinha o olfato desenvolvido além de memória prodigiosa, cresceu isolada, porém feliz até os dezessete anos, quando viu pela primeira vez Joaquín Andieta, um empregado do seu tio, apaixonando-se perdidamente, entregando-se de todas as formas ao sentimento arrebatador. O rapaz não seria aceito entre os que rodeavam Eliza, mas não deixou de vivê-lo mesmo assim.
Logo a fama de ouro na Califórnia chegou a Valparaíso e Joaquín decidiu ir embora, fazer fortuna para tirar a mãe e a si próprio da miséria,  abandonando Eliza, que nem se sabia grávida ainda.
Em nome do amor, Eliza decide encontrar o amante de qualquer forma com a ajuda de Tao Chi'en, um chinês que saiu do seu país como marinheiro sequestrado e acabou como um estudioso da medicina oriental. Como encontrar o amante num  país estranho, nas mãos de um oriental que não conhecia, uma jovem entre prostitutas e caçadores de ouro? Eliza apenas era guiada pelo sentimento de amor que levava consigo e a certeza que encontraria Joaquín novamente. 
Um bom livro. Recomendo.

"Eliza apaixonou-se pela liberdade. Tinha vivido entre as quatro paredes da casa dos Sommers, num ambiente imutável, onde o tempo rodava em círculos e a linha do horizonte mal se entrevia através das janelas estreitas, cresceu na armadura impenetrável das boas maneiras e das convenções, treinada desde sempre para agradar e servir, limitada pelo espartilho, pelas rotinas, pelas normas sociais e pelo temor. O medo tinha sido seu companheiro: medo de Deus e da sua imprevisível justiça, da autoridade, dos seus pais adotivos, da doença e da maledicência, do desconhecido e do diferente, de sair da proteção de casa e de enfrentar os perigos da rua, medo da sua própria fragilidade feminina, da desonra e da verdade."

Isabel Allende
Isabel Allende nasceu em 2 de agosto de 1942, em Lima, no Peru, onde o seu pai diplomata se encontrava em trabalho. No entanto, a sua nacionalidade é chilena, tendo-se tornado cidadã norte-americana em 2003. É filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo-irmão de Salvador Allende, e de Francisca Llona.
Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973).
O seu livro editado foi A Casa dos Espíritos (1982) (La casa de los espíritus) que ganhou reconhecimento de público e crítica. A obra resultou num filme A Casa dos Espíritos (1993) realizada por Bille August, com Jeremy Irons, Meryl Streep, Winona Ryder e Antonio Banderas, tendo grande parte das rodagens ter decorrido em Portugal, em Lisboa e no Alentejo.
Em 1995 lançou o livro Paula, que a autora escreveu para a sua filha que estava em coma devido a um ataque de porfiria. Como a autora não sabia se a sua memória voltaria após a saída do coma, Isabel Allende resolveu contar a sua história para auxiliar a filha a lembrar dos fatos. Paula passou a ser então um retrato auto-biográfico. [Fonte: Wikipedia]

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Pretérito imperfeito - B. Kucinski

Editora Companhia das Letras
152 páginas 

Um casal de professores universitários ligados às artes cênicas têm dificuldade em gerar próprios filhos se decidem pela adoção.  À época,  adoção à brasileira,  ou seja, uma declaração que foi parto natural em casa e feito o registro. O ato da adoção desmistificado pela narração em primeira voz do pai. O filho, inicialmente com problemas de saúde,  depois torna-se uma criança cheia de vida, inteligente. Mas logo se revela o deficit de atenção,  a adolescência problemática, envolvimento com álcool e, finalmente, drogas pesadas. O pai faz uma espécie de desabafo do desespero e angústia que traz um filho drogado. Uma reflexão sobre a adoção e o despreparo para uma paternidade não programada.
O autor baseou-se em sua própria experiência para escrever o livro.  Em uma entrevista ao br.noticias.yahoo.com, declarou:  "O objetivo foi fazer uma criação literária inspirada numa história de vida real. Os cenários na grande maioria são reais e os episódios aconteceram, embora apenas parte deles."
"O senso comum vê adoção como ato de caridade. Quanta ilusão! Adota-se quase sempre para ter uma família, não para dar uma família à criança. É o miserável desamparo nosso que nos move, não o desamparo maior da criança. Adota-se para fugir a um luto, para compensar uma perda, para salvar um casamento, ou por uma combinação desses motivos.
Há quem adote tão somente para assegurar amparo na velhice. Mesmo a adoção de filhos de criação, devido à morte ou insuficiência de um parente ou vizinho, pode esconder razões  interesseiras. Seja que motivos for, adoção é posse, aquisição. Na adoção à brasileira, às vezes até se paga, a pretexto de ressarcir despesas de parto. Na adoção em orfanato, casais escolhem aquele que lhes parece mais bonito, como quem escolhe a cor de um carro. Até recentemente,  podia-se registrar filho adotado igual se registra propriedade: por escritura pública."
"(...) Na fase difícil, delicada, da passagem da puberdade à adolescência, quando. O jovem é tomado por impulsos contraditórios, às vezes se apartando perigosamente do mundo real. Hoje sei, por outro psicanalista, o inglês Donald Winnicott, que o filho adotivo é ainda mais exigente e sensível que o consanguíneo; jamais deve ser abandonado, nem mesmo na adolescência."
"Em sua novela autobiográfica Junkie, William Borroughs descreve a incessante e frenética procura por doses de heroína nos becos de Nova York,  Nova Orleans e da Cidade do México. Sem vontade própria, vivia em função de um único e permanente objetivo: obter uma dose, para não ficar fissurado, como diz o léxico da galera.
"Confesso que já o quis morto. Pensamento que depressa afastei, assustado comigo mesmo. Necessitava tanto e tão imediatamente de alívio que levava em conta o incomensurável sofrimento da perda do único filho."
"Em todos esses anos, só tivemos sossego, paradoxalmente, durante os seis meses de abstinência forçada, em que cumpriu pena na cadeia pela agressão à companheira."
"Muitas vezes me perguntei: para que serve um filho desses? Se eu fosse crente, diria que veio ao mundo para nos pôr à prova."
"O homem pode existir de muitas formas e pode mudar a forma de existir; porém, o tempo de uma existência é limitado. Metade de seu tempo se foi. Por isso, para que serve um filho desses?"

Nasceu em São Paulo em 1937. Jornalista, professor aposentado da Universidade de São Paulo, autor de obras sobre economia, política e jornalismo e assessor da Presidência da República entre 2003 e 2005. Lançou, aos 74 anos, K: Relato de uma busca - seu primeiro livro de ficção, finalista de vários prêmios nacionais e internacionais.
Atualmente mora no bairro de Pinheiros em São Paulo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Lugares escuros - Gillian Flynn

Título original: Dark Places
Publicado originalmente em 2013
Tradução Tânia Ganho
Editora Bertrand Brasil
416 páginas

Libby Day sobreviveu ao massacre que matou sua mãe e duas irmãs mais velhas. Ben Day, seu irmão, acusado pelo crime, foi para a cadeia cumprir prisão perpétua. Então com 7 anos, a menina não disse em seu depoimento que não vira o irmão matar, mas que apenas ouvira sons. Mas aí já foi. Irmão preso, culpado. 24 anos depois, a sobrevivente, que carrega sequelas psicológicas e físicas, é contactada por Lyle, um jovem que estuda, junto com um grupo de outros desocupados, solucionar crimes mal resolvidos. Libby, que sobrevivia com os donativos que chegavam via correio, viu sua renda se esvair junto com a idade que avançava. Encontrar-se com Lyle seria uma forma de arranjar alguns trocados, mesmo que isso significasse ter de enfrentar as situações que jogava conscientemente para os lugares escuros, onde não pudesse pensar. Bom.

"Nunca fui uma criança adorável e transformei-me num adulto detestável. Se fizessem um desenho da minha alma, seria um rabisco com presas de animal."

"Não tenho estofo para isso: marcar números, esperar em linha, falar, esperar em linha, depois ser muito simpática para uma mulher qualquer mal-humorada, com três filhos para criar e a resolução anual de retomar os estudos, uma mulher qualquer mortinha para que lhe demos uma desculpa para nos desligar o telefone na cara. É uma cabra, sem dúvida, mas não lhe podemos chamar nomes, senão, de repente, temos de voltar à estaca zero como no jogo das escadas e serpentes. E o castigo é termos de ser ainda mais simpáticos quando ligarmos de novo."

Gillian Flynn

Nasceu em Kansas City, Missouri, filha de dois professores de faculdade comunitária. A mãe ensinou leitura; seu pai, filme. Assim, ela dedicou uma quantidade excessiva de tempo percorrendo livros e assistindo filmes. Ela tem boas lembranças de ter A Wrinkle in Time tirado de suas mãos na mesa do jantar, e também de ver Alien, Psycho e Bonnie e Clyde em uma idade precoce (como, sete). Foi uma boa infância.
No ensino médio, ela trabalhou em empregos que exigiam que ela fizesse coisas como embrulhar e desempacotar presuntos, ou se vestir como um cone de iogurte gigante. Um cone de iogurte que usava um smoking. Por que o smoking? Era uma pergunta que a perseguiria por anos.
Para a faculdade, ela foi para a Universidade de Kansas, onde recebeu seus diplomas de graduação em inglês e jornalismo.
Depois de um período de dois anos escrevendo sobre recursos humanos para uma revista comercial na Califórnia, Flynn mudou-se para Chicago. Lá, ela obteve seu mestrado em jornalismo da Northwestern University e descobriu que ela era muito fraca para tornar-se repórter de crime.
Por outro lado, ela era uma geek do cinema com um diploma de jornalismo - então ela mudou-se para a cidade de Nova York e se juntou à revista Entertainment Weekly, onde escreveu feliz por 10 anos, visitando conjuntos de filmes ao redor do mundo (para a Nova Zelândia para The Lord of The Rings, Praga para The Brothers Grimm, para algum lugar fora da estrada na Flórida para Jackass: The Movie. Durante os últimos quatro anos na EW, Flynn foi crítica de televisão (o melhor programa de TV de todos os tempos: The Wire).
O romance de estreia de Flynn de 2006, o mistério literário Objetos Cortantes, foi um finalista do Edgar Award e o vencedora de dois dos Dagger Awards da Grã-Bretanha - o primeiro livro a ganhar vários Daggers em um ano. Os direitos do filme foram vendidos.
O segundo romance de Flynn, o best-seller de New York Times, Lugares Escuros, era um New Yorker Reviewers 'Favorite, Weekend TODAY Top Summer Read, Publishers Weekly Best Book of 2009 e Chicago Tribune Favorite Fiction. Em 2015, a adaptação do filme estrelado por Charlize Theron foi lançada.
O terceiro romance de Flynn, Gone Girl , foi uma sensação internacional e um sucesso que passou mais de cem semanas nas listas de best - sellers do New York Times . Gone Girl foi nomeada um dos melhores livros do ano pela People Magazine e Janet Maslin no New York Times . Nomeado tanto para o Edgar Award como para o Anthony Award para Best Novel, Flynn escreveu o roteiro da adaptação de David Fincher em 2014 da Gone Girl para a tela grande, estrelado por Ben Affleck e Rosamund Pike.
Seu lançamento mais recente, The Grownup, é uma história curta premiada com Edgar e uma homenagem à clássica história de fantasmas. Esta é a primeira vez que está sendo publicação autônoma.
O trabalho de Flynn foi publicado em quarenta e uma línguas. Ela mora em Chicago com seu marido, Brett Nolan, seus filhos e um gato preto gigante chamado Roy. [Fonte: http://gillian-flynn.com/]

domingo, 7 de janeiro de 2018

Entre irmãs - Frances de Pontes Peebles

Título original : The Seamstress
Publicação em 2008
Tradução Maria Helena Rouanet
576 páginas
Editora Arqueiro
Ficção americana

Duas irmãs órfãs criadas pela tia no interior de Pernambuco. Emília e Luzia dos Santos tinham sonhos e modos de perceber a vida bem diferentes, em comum apenas a profissão da tia Sofia, costureiras. Era década de 20, depois 30, época que reinava o medo dos cangaceiros, a política fervia mais nas veias do povo que na atualmente, a revolução de 30, era Vargas. Emília queria um amor, fugir de Taquaritinga; Luzia queria sobreviver, realista, deficiente depois da queda de uma mangueira. E também o destino das duas foi diferente: uma para a capital, casada com Degas, que poderia lhe proporcionar tudo que sonhava: sair do interior, viver na cidade, aprender a ser mais fina; Luzia foi sequestrada por Carcará, um cangaceiro com fama de sanguinário. Não escolheram seus caminhos. Foram levadas pelos acontecimentos sem escolhas, ou quase isso.
Um livro bem escrito, discrição de ambientes e personagens fiéis ao propósito desde o princípio, a realidade do nordeste na época, a seca, os retirantes, a fome, o coronelismo, a corrupção, pesquisa detalhada e bem concatenada.
Foi transformado em filme que se converteu em minissérie por uma emissora de TV.
O livro foi publicado originalmente nos EUA. A escritora pernambucana, mesmo morando fora do país, guardou uma lembrança fiel dos costumes locais e pesquisa da época.

"'Uma boa costureira tem de ser corajosa', era o que tia Sofia costumava dizer. Por muito tempo, Emília discordou. Achava que coragem envolvia risco. Na costura, tudo era medido, riscado, experimentado, refeito. O único risco era errar."

"O coronel Pereira reclamava do atual governador, dizendo que ele tinha aliciado rapazes pobres da cidade e, depois de lhes dar armas ultrapassadas e declará-los soldados, mandando que fossem assumir postos no interior. Nesses locais, os tais soldados mais arranjavam confusão do que faziam algo de bom., Ou eram brigões, ou depravados, tão arruaceiros e cruéis quanto um bando de cangaceiros. O povo do sertão tinha lhes dado o apelido de macacos."

"Um homem calado ouve. Aqui, por essas bandas, quem não ouve não é homem. É um cadáver."

"Não, Antônio(...). Padres não salvam nada. Só alimentam medos. Desconfio de quem serve a mestres invisíveis. Eu sirvo aos corpos. Sirvo a algo real, tangível. Algo que pode ser provado."


Frances de Pontes Peebles

Frances de Pontes Peebles
Frances de Pontes Peebles nasceu no Recife e foi criada em Miami, Flórida. Formou-se em letras pela Universidade do Texas, em Austin, e completou o famoso Iowa Writers’ Workshop. Em seguida recebeu bolsa do Programa Fulbright e do Instituto Sacatar. Seu livro ENTRE IRMÃS(publicado originalmente como, A Costureira e o Cangaceiro) foi traduzido para nove idiomas e recebeu os prêmios Elle Grand Prix for Fiction, o Friends of American Writers Award e o Michener-Copernicus Fellowship. Além disso, ENTRE IRMÃS foi adaptado para o cinema pela Conspiração Filmes e para a TV [], em formato de minissérie. Frances retornou ao Brasil em 2009, para cuidar da fazenda da família, e no fim de 2012 se mudou novamente para os Estados Unidos com o marido e a filha. [Fonte: www.francespeebles.com]

Forrest Gump - Winston Groom

Editora Rocco
Tradução Ana Luisa Dantas Borges
195 páginas

Forrest é um jovem com retardo mental. Pela ingenuidade e incapacidade de raciocínio para atitudes e expressões, todas as atividades que é convidado ou se propõe fazer terminam em algo inesperado, trágico, cômico, a maioria sem sucesso. Mas não um insucesso completo. O rapaz até consegue chegar aonde é proposto, consegue obedecer, fazer o que mandam, então tudo dá certo, porém tamanha obediência sempre definha ao final. Jogar futebol americano, entrar para o o exército, ir para a guerra do Vietnã,  encontro com o Presidente do país, ser um profissional de luta livre e tantas outras proezas aventureiras dignas de uma montagem de realidade fantástica. Pelo caminho, consegue amizades que o marcam e não consegue esquecer  Jenny, que conhece desde a infância.
Apesar da comicidade, o personagem encanta pela verdade, mesmo com dos fatos inverossímeis do decorrer da vida do rapaz. Finda que a pureza vence.

"-Sou um maldito aleijado sem pernas. Um vagabundo. Um bêbado. Um vadio de trinta e cinco anos.
- Podia ser pior - eu disse .
- Oh, é mesmo? Como? - ele disse.
E nessa ele me pegou, por isso acabei falando de mim mesmo - de como fui parar no depósito de malucos, coo me lançaram num foguete e aterrissei no meio dos canibais, e do Sue e da Major Fritch, e dos pigmeus."

"Posso ser um idiota, mas na maior parte do tempo tentei fazer a coisa certa. E sonhos são apenas sonhos, não são? Assim, independente de qualquer outra cousa que pudesse ter acontecido, acho que posso olhar pra trás e dizer que, pelo menos, não levei uma vida monótona. ENtendem o que quero dizer?"


Winston Groom
Winston Groom
Winston Groom nasceu nos Estados Unidos, em 1943. Após servir o exército e até lutar no Vietnã, trabalhou como repórter em Washington. Escreveu 16 livros, inclusive Forrest Gump, Forrest and Co., Patriotic Fire, Shrouds of Glory e Conversations with the Enemy (com Duncan Spencer), finalista do prêmio Pulitzer. Atualmente mora com a esposa e a filha em Point Clear, no Alabama. [Fonte: Editora Aleph]

sábado, 6 de janeiro de 2018

06 de janeiro de 2018: morre Carlos Heitor Cony

Carlos Heitor Cony
Morreu hoje um dos escritores brasileiros mais autênticos, dono de um humor inteligente, mestre das palavras. Ficar de luto não. Ele não apreciaria um gesto tão austero. Então homenageio Cony publicando novamente os dois livros dele que já constam aqui, além de acrescentar outros em breve.
Tudo o que poderia dizer hoje: VALEU, CONY!

Biografia:
Carlos Heitor Cony nasceu no Rio de Janeiro em 1926, fez humanidades e curso de filosofia no Seminário de São José. Estreou na literatura ganhando por duas vezes consecutivas o Prêmio Manuel Antônio de Almeida (em 1957 e 1958) com os romances “A Verdade de Cada Dia” e “Tijolo de Segurança”. Cony trabalha na imprensa desde 1952, inicialmente no Jornal do Brasil, mais tarde no Correio da Manhã, do qual foi redator, cronista  e editor. Depois de várias prisões políticas durante a ditadura militar e de um período no exterior, entrou para o grupo Manchete, no qual lançou a revista Ele e Ela e dirigiu as revistas Desfile e Fatos&Fotos. Atualmente, é colunista da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN. Como diretor da teledramaturgia da Rede Manchete, apresentou os projetos e as sinopses das novelas “A Marquesa de Santos”, “Dona Beija” e “Kananga do Japão”. Em 1998, o governo francês, no Salão do Livro, em Paris, condecorou-o com a L'Ordre des Arts et des Lettres. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em março de 2000. “O Ventre” romance de estréia de Cony fez em 2008 cinquenta anos. 
Ganhou os seguintes prêmios:
Manuel Antônio de Almeida (em 1956 e 1957)
Jabuti (em 1996, 1998 e 2000)
Livro do Ano (em 1996 e 1998 e 2000)
Prêmio Nacional Nestlé (em 1997)
Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de obra, em 1996
Fonte: http://www.carlosheitorcony.com.br/