terça-feira, 19 de dezembro de 2017

As gêmeas do gelo - S. K. Tremayne

Título original The Ice Twins
Ano de publicação original 2015
Tradução Verônica Radulescu
Editora Bertrand Brasil /2016
Ficção inglesa
362 páginas 

Quando Kirstie e Lydia nasceram, cabelo branco como neve, olhos de um céu claro, o avô as apelidou do gêmeas do gelo. Apesar da personalidade diferente, eram gêmeas idênticas, difícil até para os pais Angus e Sarah Moorcroft distingui-las. Elas tinham uma comunicação própria, quase telepática. Mas Lydia sofre uma queda e morre. A mãe não supera a morte da sua preferida entre as duas. O pai envereda na bebida. O casamento sofre com a perda. Kirstie, a sobrevivente, começa a ter alucinações que seria a irmã Lydia que morreu, ou que ela estaria ali entre eles o tempo todo. A família Moorcroft se desestrutura aos poucos com revelações, descobertas, segredos. Decidem se isolar numa ilha herdada pelo marido para fugir da pressão que sofriam, desejando um reinício, esquecimento. Mas fugir fisicamente para uma ilha isolada, fantasmagórica, pode não ser a solução que fará apagar a realidade e a memória. 
Primeira voz em Sarah, terceira em Angus.
Um bom livro.
"A minha própria morte não é assim, tão intolerável. O problema é a morte daqueles que amo, porque parte de mim morre com eles. Assim, qualquer forma de amor é uma forma de suicídio."

O autor
Sean Thomas/ Tom Knox / S.K.Tremayne
Tom Knox é o pseudônimo do escritor e jornalista britânico Sean Thomas. Nascido em Devon, Inglaterra, em 1963, estudou filosofia na University College de Londres. Como jornalista, ele escreveu para o Times, o Daily Mail, o Spectator e o Guardião, principalmente em viagens, política e arte. Quando ele escreve sob o nome de Tom Knox, especializa-se em thrillers arqueológicos e religiosos. Mais recentemente escreveu romances sob o pseudônimo de S. K. Tremayne.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Uma casa de família - Natasha Solomons

Título original The Novel in the Viola
Tradução Elsa T. S. Vieira
Editora Asa II
416 páginas
Elise Rosa Landau tem 19 anos, judia. Antes da Segunda Grande Guerra, quando os judeus começaram a ser perseguidos, os pais de Elise, um escritor e uma cantora, conseguem uma promessa de asilo nos EUA. A irmã Margot e o marido Robert também vão para a América. Julian, o pai, entrega  violino para Elise, dentro teria seu romance inédito.  Elisa, que não tinha perspectiva de sair da Áustria, escreve um anúncio num jornal inglês oferecendo serviço em casas familiares. Consegue resposta e vai para a Inglaterra trabalhar como doméstica na propriedade Tyneford, cujo dono, Senhor Rivers, sério e viúvo, vive como um lord, bem ao estilo inglês, rodeado de seu séquito de empregados. O filho Kit, charmoso e bonito, conquista o amor de Elise.  Mas a estabilidade e ida definitiva dos pais é um fantasma constante em sua cabeça. 
Natasha Solomons
A novela sem muita surpresa, sem necessidade de maiores informações, pois tudo o que se imagina acontece. Previsibilidade maior impossível. 
Natasha Solomons
Nasceu em 1980. Seu primeiro emprego, com nove anos, era como uma pastora, cuidando do rebanho da colina Bulbarrow. Desde então, trabalhou como roteirista com o marido, e atualmente estão trabalhando na adaptação cinematográfica de sua primeira novela, a lista do Sr. Rosenblum. Ela também está pesquisando um doutorado na poesia do século XVIII. Ela mora em Dorset. Seu segundo livro, The Novel in the Viola, analisa o impacto da guerra em uma aldeia de Dorsetshire e, em particular, no jovem Elise Landau, imigrante de Viena, que é enviado ao serviço na Inglaterra para escapar da guerra. [Fonte: http://www.foyles.co.uk]

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Cuco - Julia Crouch

Título original: Cokoo
Ano publicação original 2011 Grã-Bretanha
464 páginas
Tradução Tiago Novaes
Editora Novo Conceito / 2012
Ficção inglesa
Rose recebe uma ligação da amiga Polly, dizendo que o marido Christos morreu e encontra-se em situação difícil com os dois filhos pequenos e abalada pela tragédia. Propõe, então, que amiga fique em sua casa, onde mora com Garreth e as duas filhas Anna e Flossie. Esse é o pior dos erros de alguém, sabemos disso, atos de humanidades à parte. Antes tivesse preferido a maravilhosa distância da amiga compositora, cantora e bonita. Mas a amizade das duas tem muitos segredos, favores, não se pode negar uma mão. 
Polly é uma ex pop star, ex drogada, personagem cheia de mistérios e desconfianças, considerada a grama mais verde do vizinho. Porém revela que, ao invés do verdejamento, estaria mais para uma erva daninha. Na realidade, Rose, dona de casa que se sente em dívida com Polly,  é uma personagem que não apaixona o leitor, crédula, devotada demais à família, insegura com o próprio corpo, amor e marido. 
Por fim, assim como um alcoólatra quando descobre uma adega escondida e não a larga até consumir todo o estoque [por falar em adega, como bebe a tal Rose!], a tal amiga viúva faceira não sairá tão fácil da casa emprestada. Então a tal Rose se arrepende de ter aberto as portas pra amiga.
Só um pequeno spoiller: todas as personagens mulheres vão para a cama com todos os personagens homens. Um desfrute sem fim.
O final... bem, nem todo final de livro é como a gente quer. Senão nós seríamos os escritores e não o escritor que escreveu. Aceitar e pronto. O que posso fazer é dar uma avaliação baixa por conta disso.
Um livro regular. Mas vale a leitura. 

Julia Crouch
Julia Crouch
Nasceu em 30 de abril de 1963, Cambridge e estudou Drama na Universidade de Bristol. Passou dez anos trabalhando como diretora de teatro e dramaturgia, depois se tornou uma gráfica e designer de sites bem-sucedida, uma carreira que ela seguiu por mais uma década enquanto criava seus três filhos. Um mestrado em ilustração seqüencial voltou a despertar seu amor pela narrativa e alguns cursos de escrita criativa da Universidade Aberta a levaram à escrita. Cuco, seu primeiro romance, surgiu como um rascunho muito fraco durante NaNoWriMo (National Novel Writing Month) em 2008. Atualmente trabalha em um galpão no fundo da casa de Brighton que ela compartilha com seu marido, o ator e dramaturgo Tim Crouch, seus três filhos, dois gatos chamados Keith e Sandra e cerca de doze guitarras (você pode encontrar #Keith, quem tem o seu própria hashtag, no twitter). Ela é um geek auto-confessa e luta para resistir a mexer com o código em seu site, que pode ser encontrado em www.juliacrouch.co.uk.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Melodia do mal - John Ajvide Lindqvist

Título original: Lilla stjärna
Editora Tordesilhas /  2014
488 páginas
Literatura sueca
Tradução Renato Marques de Oliveira

Lennard, músico que não conseguiu sucesso na juventude, encontra um bebê abandonado em um bosque, enrolado em plástico e fica fascinado com o som que a menina emite, como uma nota musical. Leva para casa e impõe silêncio à esposa Laila na decisão de esconder a criança no porão. Não sabe o que pretende com o bebê, porém sabe que ela tem uma capacidade musical que surpreende.  Laila, cantora que também fez um pequeno sucesso quando jovem, obedece, por medo, curiosidade ou pelo próprio vazio da vida, depois da decepção do próprio filho.
Quando descobre o que os pais escondem, Jerry, o filho, também fica intrigado pela estranheza da nova irmã,  também pela possibilidade de chantagear o pai para conseguir mais dinheiro.
Mas o instinto de Theres, a criança que se desenvolve devagar, é cruel e, depois de assassinar os pais, é acolhida por Jerry, influencia outras jovens, o instinto maligno se desenvolve mais. Entre as meninas envolvidas, Teresa, adolescente problemática que não se encontra no meio que vive.
Narrado em terceira pessoa, duas estórias desenvolvidas que se entrelaçam, Theres e Teresa, numa simbiose de estranhezas.
A narrativa dos atos são detalhadamente perturbadores. O autor consegue fazer um terror descritivo com maestria. Um livro de realismo fantástico. Cansativo, longo sem necessidade, confuso.

John Ajvide Lindqvist
John Ajvide Lindqvist Nasceu  Estocolmo, Suécia, 1968. Trabalhou como mágico, comediante stand-up, dramaturgo e roteorista de TV. Hoje é romancista.


"Uma vez, experimentara cocaína, no final dos anos 70. Uma banda de rock da moda tinha oferecido, e ele aceitara. Uma única carreira,  e só; nunca mais repetiu a dose - porque tinha sido fantástico. Fantástico demais."

"Para ela, a solidão nada tinha a ver com uma escolha, ou tendência de temperamento; não,  a solidão era um fracasso. "

"Pesquisou a palavra troll e o verbo trollar vinham do termo trolling, uma técnica de pesca que consistia em arrastar um anzol com iscas por sobre um cardume para que os peixes mordessem a isca. Traduzindo para o internetês: publicar comentários desagradáveis ou estúpidos apenas para obter uma reação, postar argumentos sem sentido apenas para emfurecer e perturbar a conversa. A pessoa que faz isso é um troll."

"Uma pessoa pode ter pensamentos assassinos e eacondê-los atrás de um sorriso, pode alimentar fantasias sobre sangue escorrendo e massa encefálica espalhada enquanto come müsli ni café da manhã,  cantarolando para si mesma. Mas, mesmo que nada de concreto emerja na superfície, mais cedo ou mais tarde as pessoas ao redor vão acabar percebendo alguma coisa. É algo que vaza como radiação ou osmose, escoando do próprio ser."

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A vendedora de fósforos - Adriana Lunardi


Editora Rocco /2011
Romance brasileiro 
192 páginas 

Dois "eus" e seus familiares nominados pelo cargo que ocupam: minha irmã,  irmão, pai, mãe, avó, avô, tio. Claro que um só exemplar de cada espécie para não confundir.
Falando em confundir,  quem fala? Desafio o leitor a descobrir junto: qual voz fala, se ambas ou a irmã  mais velha ou a mais nova? 
Vamos à trama: a irmã mais velha (conclusão minha) é avisada que a mais nova, que não vê há uns 5 anos, tentou suicídio mais uma vez. Decide então voltar à cidade que morou para vê -la. Nessa volta, memórias do passado de uma família itinerante, que se movia de acordo com o emprego do pai contador, mescla a mãe ausente, fria, depressiva, a irmã (que pode ser a mais velha ou mais nova, dependendo da narrativa, tem de ter atenção), o pai inconsequente, o irmão alheio que não diz nada na primeira pessoa ou plural. Começa a lembrança aos nove anos.

"Da janela,  dava para se ver a planície circundar a cidade e se estender sem obstáculos até a fronteira do Brasil, onde um tímido ajuntamento de montanhas azuladas se.erguia somente para dar fôlego aos olhos, que nunca alcançavam o fim daquele quintal chamado pampa."

A infância da narradora se ambienta no sul do país, o pai mudando entre cidades, quando tinha de abandonar um emprego na busca de outro em sua saga de contador endividado. Antares é a cidade que tem uma volta, não  apenas uma passagem. 

"Arranjei a profissão ideal para você. 
Tem a ver com o mar?, eu quis saber, ainda magoada com o que ela dissera antes.
Hm-hm. Tem a ver com o mar, vulcões, montanhas, tudo o que você gosta. 
Dá pra ir ao subterrâneo?
Para onde você quiser. Atlântida, Itália, China, o espaço sideral.
(...)
Escritora, minha irmã disse, espalhando bem as sílabas. Você pode ser uma escritora."
Adriana Lunardi

A irmã mais velha diz à mais nova que ela pode ser escritora,  mas acaba ela mesma sendo. 
A mesma irmã que tentara suicídio.  Que "aos treze, aos dezesseis, aos vinte e um, e de novo. É tão difícil assim se matar? "

"Tendo concluído o ensino médio, minha irmã passou a dormir de manhã, alegando estudar com mais sossego à noite, para o vestibular do fim do ano". Por vezes fica claro que a narrativa é feita pela caçula. 

"A morte tem esse modo obsceno, exibicionista, de impedir o esquecimento. Zomba do esforço que fazemos para aceitar a perda, ameaçando apanhar as lembranças que restam da pessoa morta"

Razoável. Confuso. Extremamente bem escrito: vocabulário, técnica. Mas não recomendo.

Adriana Lunardi
Nasceu em 1964 na cidade de Xaxim, Santa Catarina. Graduada em Comunicação Social e mestre em Literatura Brasileira. Viveu em Porto Alegre até 1999. [Fonte: Wikipedia]

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Fantasma sai de cena - Philip Roth

Título original: Exit Ghost
Publicado originalmente em 2007
Tradução: Paulo Henrique Britto
Editora Companhia das Letras

Nathan Zuckerman (a volta de Zuckerman de outros livros do autor) tem 72 anos, escritor que decidiu se isolar numa propriedade rural e deixar o contato com notícias, cidades, público. Inicialmente a decisão foi gerada por cartas anônimas com ameaça de morte que recebia. Porém, decide voltar a Nova York para tratar sua incontinência urinária persistente que o acompanha há uns 7 anos, desde sua cirurgia para tratar o câncer de próstata. No hotel, percebe um anúncio que propõe uma permuta por um ano de um apartamento em Nova York por uma propriedade bucólica afastada. Com impetuosidade, decide se propor ao negócio e se encontra com Billy e sua esposa Jamie, por quem desenvolve uma paixão platônica. Paralelamente, é importunado pelo aprendiz de escritor Kliman, que se propõe a escrever a biografia de um amigo lá do seu  passado distante e já falecido, Lonoff. O insistente candidato a biógrafo também é amigo de Jamie. 
O personagem, idade, personalidade do Zuckerman não surpreende no livro de Roth, já que, em sua maioria, seus livros possuem seu alter ego estampado. Porém surpreende o livro tão indigno do autor, de quem sou fã ardorosa. Não empolguei, como na maioria de suas obras, seja pela monotonia, pela falta de consistência dos personagens, pela trama fraca. 
Philip Roth
Já que se trata de Roth, vale a pena. Mas leia todos os demais dele antes de chegar ao fantasma que infelizmente não é fantasma de fato.

"Eu viera para Nova York apenas por conta da promessa daquela intervenção cirúrgica. Viera em busca de uma melhora. Porém, ao sucumbir à vontade de recuperar algo perdido — um desejo que havia muito tempo eu vinha tentando conter — eu me abrira à crença de que me seria possível, de alguma maneira, voltar a ter o desempenho do homem de outrora. Havia uma solução óbvia: no tempo que levei para voltar ao hotel — e me despir, tomar um banho e vestir roupa limpa — resolvi abandonar o plano de trocar de residências e voltar imediatamente para casa."
(ROTH, 2007, p. 72)

"ele : E pode haver uma razão maior do que essa?
ela: Fugir da dor.
ele: Que dor?
ela: A dor de estar presente.
ele: Você não está falando de você mesma?
ela: Talvez. A dor de estar presente no momento presente. É, isso também se aplica muito bem à coisa extrema que eu estou fazendo. Mas pra você não era apenas o momento presente. Era estar presente. Estar presente na presença de qualquer coisa."
(ROTH, 2007, p. 89)
 
Philip Roth
Nasceu em 19 de março de 1933, Newark, Nova Jersey, EUA. Romancista norte-americano, associado pela sua educação e temática literária à comunidade judaica. É considerado um dos maiores escritores norte-americanos da segunda metade do século XX.
Grande parte da obra de Roth explora a natureza do desejo sexual e autocompreensão. A marca registrada da sua ficção é o monólogo íntimo, dito com um humor amotinado e a energia histérica por vezes associada com as figuras do herói e narrador de O Complexo de Portnoy, a obra que o tornou conhecido.
[Fonte: Wikipedia]

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O jardim de cimento - Ian McEwan

Editora Companhia de Bolso
129 páginas
Sem dados de tradução
Julie, Jack, Sue e Tom são uma escadinha de filhos que ficam órfãos de pai e, pouco tempo depois, também de mãe. Menores de idade, ao perceber que iam se separar, indo para abrigos e orfanatos, decidiram não comunicar às autoridades a morte da mãe. O que fazem com o corpo? Escondem num baú cheio de cimento no porão da casa.
A voz que conta a trama é Jack, quinze anos, e em pleno auge hormonal adolescente, tem atração pela irmã Julie, a mais velha da turma.
A ideia do livro é boa, porém torna-se monótona, repetitiva, personagens que reagem com  igual frieza em morar numa casa onde, no porão, está a mãe morta.
Livro regular. Mas tinha nada potencial para ser bom ou ótimo.  

Ian McEwan
Nascido em Aldershot, 21 de Junho de 1948, é um escritor britânico, chamado por vezes de “Ian Macabro”, devido à natureza das suas primeiras obras, e que de romance a romance se tem convertido em um dos mais conhecidos da sua geração.
Passou parte da sua infância no Extremo Oriente, na Alemanha e no Norte de África, já que o seu pai era um oficial do Exército Britânico que foi colocado sucessivamente nesses locais. Estudou na Universidade de Sussex e na Universidade de East Anglia, onde teve Malcom Bradbury como professor. A primeira das suas obras publicadas foi a coleção de relatos Primeiro amor, últimos ritos (1975). Em 1998, e causando grande controvérsia, foi-lhe concedido o Prémio Man Booker pela novela Amesterdão. Em 1997 publicou O fardo do amor, considerada por muitos como uma obra-prima sobre uma pessoa que sofre do síndroma de Clerambault.
Em Março e Abril de 2004, uns meses depois do governo britânico o convidar para jantar com a Primeira Dama dos Estados Unidos (Laura Bush), o Departamento de Segurança Nacional deste país impediu-o de entrar por não ter no passaporte um visto apropriado para trabalhar (McEwan estava a preparar uma série de conferências remuneradas). Só vários dias depois e de se tornar público na imprensa britânica é que se lhe permitiu a entrada.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

O azul dos teus olhos - Mary Higgins Clark

O azul doa teus olhos
Mary Higgins Clark
Bertrand Editora
304 páginas 

Uma produtora de seriados de tv e seu filho são ameaçados de morte pelo assassino do marido, um médico bonito e competente. Ela, também bonita e competente, tem apenas o pai para protegê-la, um policial reformado velho e competente. A produtora bonita e perfeita está com um novo projeto de filmar assassinatos reais sem solução (como o do marido bonitão morto) e o primeiro episódio envolve uma socialite bonita casada com um multimilionário que é assassinada na festa de formatura da filha e das amigas, todas lindas, mas não tão competentes.  No emaranhado de suspeitas ainda há uma governanta, um motorista e um amante. Todos lindos. Até o assassino do médico primeiro morto, que tem os olhos azuis. Fim da farsa, nem os olhos são realmente azuis do bandido.
Péssimo livro, previsível, não prende e cheio de personagens "enche página ". Não entendo como essa autora infeliz tem uma fama de ser escritora policial boa. Só se for "bonita e perfeita " como os personagens sem personalidade que ela cria: uma farsa!


Mary Higgins Clark
Mary Higgins Clark
Nasceu em 24 de Dezembro de 1927, Bronx, Nova Iorque, EUA. O pai morreu quando ela tinha dez anos, deixando a família numa situação econômica difícil. Depois de terminar os estudos do ensino secundário, Mary tirou um curso de secretariado e trabalhou no cargo numa agência de publicidade durante três anos. Abandonou a agência para trabalhar como hospedeira do Pan American Airlines, onde ficaria até ao seu casamento com um amigo de longa data, Warren Clark. Em 1956 começou a escrever contos para jornais e revistas e peças para a rádio. O primeiro livro que publicou foi uma biografia de George Washington,Aspire to the Heavens. Warren viria a morrer em 1964, vítima de um ataque de coração. Mary ficou com cinco filhos a seu cargo. Foi então que decidiu dedicar-se à escrita. Todos os dias se levantava às 5 da manhã e escrevia até às 7, hora a que preparava os filhos para a escola. O seu primeiro livro policial Where Are the Children?, publicado em 1975, tornou-se um best-seller. Mary decidiu continuar os estudos e inscreveu-se na Fordham University, onde, em 1979, se doutorou summa cum lauda em Filosofia. Desde então foi distinguida com 16 doutoramentos honoris causa e tem recebido numerosos prêmios literários. Os seus livros estão traduzidos em várias línguas. Em 1996 Mary casou com John J. Coheeney. No mesmo ano, lançou o Mary Higgins Clark Mystery Magazine. Atualmente reside em Saddle River, New Jersey. É uma escritora contemporânea norte-americana. [Fonte: Wikipedia]

Promessas - LaVyrle Spencer

Sem dados da publicação 

Nada como um romance de banca para amenizar as leituras. Claro, este não é um romance de banca de fato, já que a definição desse é o sentido fiel das palavras, ou seja, livros vendidos em banca de revista com conteúdo açucarado. Esse livro de LaVyrle se encaixaria no açúcar e tudo mais, faltando apenas ir para as bancas.
A mocinha Emily, rebelde, independente, bonita, encontra Tom, mocinho estupidamente maravilhoso e se antipatizam; a mocinha é comprometida com outro, o bonzinho, amigo, meigo, penoso e apaixonado Charles, com quem tem um romance desde a barriga de suas mães. Os mocinhos se apaixonam e não sabem como contar ao pobre terceiro vértice. Clichê. O final todos sabem.
Comecei minha paixão pela leitura pelos 11 ou 12 anos, lendo romances de banca. Menina precoce eu, então imaginava que o "felizes para sempre" do fim, quando sempre e sempre a mocinha engatava de vez com o mocinho num amor de varinha mágica, escondia, na realidade, algo não revelado: o verdadeiro amor posto à prova, convivência e cama compartilhados, divórcio à vista.
Ao invés de dizerem "te amo", deveriam dizer "te paixão". É como conto de fadas que adorava quando criança: bom de ler, mas sabendo que nada daquilo existe. Mas um bom entretenimento.
O livro como um romance de banca é uma boa pedida, para quem gosta do estilo. 
Lavyrle Spencer

LaVyrle Spencer
Nascida em 17 de julho de 1943, Browerville, Minnesota , onde foi criada.Pouco depois da graduação do ensino médio, Spencer casou com o namorado da escola, Dan Spencer. Eles comemoraram mais de 54 anos de casamento (desde fevereiro de 1962). Os dois tinham duas filhas, Amy e Beth (que morreram em 1990) e são avós. Eles moravam em uma casa vitoriana em Stillwater, Minnesota, até vender sua casa familiar em 2011. Eles agora moram em North Oaks MN, onde Spencer gosta de cultivar jardinagem, cozinhar, tocar violão e piano elétrico e fotografia. É uma autora americana best-seller de romance contemporâneos e históricos. Ela publicou com sucesso uma série de livros, com vários deles feitos em filmes. Doze de seus livros foram best-sellers do New York Times, e Spencer foi induzida no Writers Romance do Hall da fama da América em 1988. Ela deixou de escrever em 1997. [Fonte: Wikipedia]

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

As fúrias invisíveis do coração - John Boyne

Título original The Heart's Invisible Furies
Tradução  Luiz A. de Araújo
Editora Companhia das Letras
536 páginas
Cyril Avery é a voz que narra seus quase 70 anos de vida, até mesmo desde quando sua mãe, então com 16 anos, foi e expulsa da cidade onde morava na Irlanda carregando-o ainda em formação na barriga. E foi esse o motivo de sua execração em plena Igreja e à frente de todos os fiéis católicos hipócritas romanos: gravidez solteira. Era finalzinho da Segunda Guerra Mundial.
A mãe de Cyril dá o filho para outra família criar, sendo  adotado em Dublin por Charles e Moude Avery, que lhe deram conforto, mas amor e acolhimento como filho legítimo seria pedir demais para um casal egocêntrico.
Cyril é um menino estóico. Aceita o que lhe dão e se encaixa na família pouco convencional que é obrigado a viver. Aí conhece Julian aos sete anos, menino da mesma idade sua, desenvolvido, falante e desenrolado, seu oposto. Desenvolve um certo fascínio pelo garoto, afeto que persiste, mesmo tendo apenas um contato com ele, só se reencontrando novamente sete anos depois num colégio interno. Tornam-se melhores amigos. Cyril então se percebe homossexual, apaixonado pelo amigo em um país preconceituoso e machista. Não pode ser contra sua natureza, mas deve se preservar e à amizade com Julian.
Os reencontros com a mãe verdadeira se dão constantemente, sem que nenhum saiba que são mãe e filho de fato.
O livro fala sobre o  preconceito irlandês contra homossexuais e mães solteiras, poder da Igreja Católica, pederastia, homofobia, a devastação da chegada da AIDS e seu estigma sobre os homossexuais, adoção, perdão, entre outros assuntos.
Exemplar extenso, que não deveria chegar a tanto. Em 60% dele, o que era empolgante e prazeroso na leitura passa a ser monótono e repetitivo. Diálogos longos e vazios, personagens que se (re)encontram demais, outros que, caso fossem retirados da trama nada alteraria ou até seria mais lógico, como Ignac, Jack e outros.
Seria um bom livro,  mas tornou-se razoável pela vontade do autor em esticar uma trama sem necessidade. Como um elástico desgastado.

"(...)Se eu tivesse um filho de verdade, faria o possível para que ele entendesse isso: a monogamia não é o estado normal do homem,  e, quando eu digo homem, quero dizer homem ou mulher. Apenas não tem sentido você se algemar sexualmente à mesma pessoa durante cinquenta ou sessenta anos quando a sua relação com essa pessoa pode ser muito melhor se vocês se derem a liberdade de penetrar e ser penetrada por pessoas do sexo oposto que acharem atraentes. O casamento devia ser questão de amizade e companheirismo, não de sexo. Quer dizer, que homem em sã consciência quer sexo com a própria esposa?"

"(...) Era 1959. Eu não sabia quase nada de homossexualidade, salvo que, na Irlanda, ceder a tais impulsos era crime punível com pena de reclusão, a menos, é claro, que o interessado fosse padre, caso em que ser homossexual era uma prerrogativa do ofício."

"'(...)Fui adotado. Há muito tempo. Quando era bebê.'
[...] 'Sim, mas ter uma origem dessas.... É uma cepa ruim na família'"
John Boyne
"(...) Estava começando a perder os cabelos, coitado, e não suportava nem pensar nas outras indignidades que a meia-idade pode infligir." 

John Boyne
Escritor irlandês nascido em 30 de abril de 1971, em Dublin, Irlanda, famoso pelo best-seller O Menino do Pijama Listrado. Estudou língua inglesa no Trinity College, e Literatura Criativa na Universidade de East Anglia, onde foi galardoado com o prêmio Curtis Brown.
 

O chamado do cuco - Robert Galbraith

Título original: The Cuckoo's Calling
Publicado originalmente na Grã Bretanha em 2013
Tradução: Rita Vinagre
Editora Rocco
416 páginas
Romance inglês

Modelo fotográfica, negra, bonita, bipolar, depressiva, adotada por uma família rica aparentemente comete suicídio pulando da janela  de seu apartamento. Até aí tudo previsível, enredo batido. O irmão que tem cara de hamster não aceita a hipótese de suicídio e contrata um detetive para investigar. Irmão também adotado pela mesma família, atitude sem pé e nem cabeça para um irmão. Mas tudo bem. Vá lá.  E contrata o detetive sebento da trama, falido, com um relacionamento derrubado, fumante e sem clientes. Mais previsível impossível. Mas vamos em frente pra ver se se salva... o tal detetive particular contratado uma secretária temporária de uma empresa prestadora de serviço (veja bem: investigador "falido", que nem tinha dinheiro pra alugar um muquifo). A tal secretária adora a ideia de ir trabalhar para um investigador, enquanto procura um emprego definitivo. Aí chegou ao cúmulo da previsibilidade. Já viu no que dá: dupla dinâmica que nem Batman e Robin. Acho até que foi essa a intenção do autor por chamar essa personagem de Robin. Até nisso o esperado nos surpreende!
Nem preciso dizer que aqui cabe um spoiler merecido: eles  descobrem que não foi suicídio e o assassino não é imprevisível.
Um livro ruinzinho. Não recomendo.  
J K Rawling / Robert Galbraith

Robert Galbraith
Pseudônimo de J.K. Rowling, autora da série Harry Potter e de Morte súbita.
Joanne "Jo" Rowling, 31 de julho de 1965, mais conhecida como J. K. Rowling, é uma escritora, roteirista e produtora cinematográfica britânica, notória por escrever a série de livros Harry Potter,. Os livros ganharam uma popularidade mundial, recebendo múltiplos prêmios e vendendo mais de 400 milhões de cópias.Eles se tornaram a série literária mais vendida da história. Warner Bros adaptou os livros para o cinema, fazendo com que os filmes entrassem na lista de filmes de maior bilheteria.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Tempo é dinheiro -Lionel Shriver

Tempo é Dinheiro - Lionel Shriver
Título original: So Much for That
Ano de publicação: 2010
Editora Intrínseca / 2012
Tradução Vera Ribeiro
464 páginas 

Shep, ou Shepherd Armstrong Knacker, desde a adolescência,  teve, pesquisou e alimentou o sonho de "Outra Vida", ou seja, mudar-se para algum país na África e lá viver como milionário, já que, por lá, vivia-se com dois reais ao dia. 
Depois de ter vendido sua empresa de faz-tudo "Knak para toda obra" a um dos empregados, um gordo e incompetente que ganhara uma herança, seria uma forma de viver eternamente como rico.  Mesmo com a venda, continuou na sua empresa, agora a "Randy mão na obra", porém como empregado. Um arranjo temporário que deveria ser por pouco tempo e se estendeu por oito anos. Então, quando ele estava disposto a tomar as rédeas de sua Outra Vida, a esposa Glynis descobre que sofre de câncer e todo o planejamento da viagem se desfaz. Sem falar que o fundo para uma vida de milionário em Pemba, na África, também tem seu futuro sombrio com os custos do tratamento de saúde da esposa, nem todo coberto pelo seguro de saúde, e, por ser um câncer raro chamado mesotelioma, pelo preço de um profissional especializado.
Sem falar na dilapidação gerada pelo pai de Shep, idoso, com uma curta renda de pastor aposentado, que também necessita de ajuda financeira, bem como a irmã folgada.
Jackson ajudou Shep a fundar a Knak mão na obra e também era o melhor amigo de seu antigo patrão, agora colega de trabalho. Sua vida, assim como de sua esposa Carol, gira em torno da filha mais velha Flicka, que possui uma doença degenerativa genética.
Os problemas conjugais, a resiliência que chega às raias da babaquice de Shep, a personalidade difícil de Glyndes, o filho adolescente alheio e esquisito, a pãodurice, o sexo no casamento, percepção pessoal de inferioridade no relacionamento, eutanásia, a saude pública quase inexistente nos EUA, o falastrão e revoltado Jackson que faz vários discursos contra governo, sobre a vida, trabalho, falas dos personagens que enriquece o livro, quando a autora navega de forma sublime por esses e outros vários temas.
O segundo livro da autora que leio. Julguei de antemão que me causaria impacto a leitura, levando em conta o primeiro.
A autora
Lionel Shriver
Lionel Shriver nasceu em 18 de maio de 1957 (60 anos), Gastonia, Carolina do Norte, EUA, é uma jornalista e escritora bestseller americana, famosa por sua obra We Need to Talk About Kevin. É de uma família extremamente religiosa, sendo o seu pai pastor presbiteriano. [Fonte: Wikipédia]

Passagens: 
"Embora ainda fosse capaz de perceber a diferença entre sessenta e sessenta e cinco anos, nos últimos tempos, todos os seus conhecidos mais novos tinham entrado na categoria indiferenciada de Mais Jovem Que Eu, o que era estranho, porque ele já passara por aquelas idades, sabia como eram e que aparência tinham no espelho."

"Pessoalmente, Shep não compreendia por que alguém quereria ser médico. Ah, é clato que as tarefas de introduzir um stent numa artéria e desobstruir um ralo de banheira eram tecnicamente similares. Mas o médico era uma espécie de faz-tudo que, numa percentagem apreciável do tempo,  tinha que bater à porta e dizer: sinto muito, mas não posso desobstruir seu encanamento. Era para isso que servia agir com gentileza: paraa parte do sinto muito. E depois ele se retirava, talvez dando adeusinho, e deixava o sujeito com a água imunda estagnada na banheira. Por que é que alguém havia de querer um trabalho desses?"

"É como se, agora, todo mundo andasse exibindo suas neuroses. Costumávamos ser cercados por um bando de gente de aparência sofrivelmente normal, que ia para casa e se olhava no espelho, infeliz. Agora, você anda pela rua e as mulheres têm seios do tamanho de um dirigível. Homens de vestido, entupidos de hormônios,  usam sutiã de armação e, pela dobra das calças colantes, de lycra, dá para ver que foram todos esculpidos com um talho grotesco de vagina. É como ter que viver nas paisagens oníricas dos outros."

"Para sua surpresa, dormiu um sono profundo. Para sua vergonha, estar na cama sozinho foi um alívio. A simplicidade, a vastidão sem exigências dos lençóis vazios. Não se apercebera da tensão de um outro corpo ao lado do seu, apodrecendo um pouco mais a cada minuto, de dentro para fora. Da energia

A emparedada da tua nova - Carneiro Vilela

Cepe editora / 5a edição / 2013
518 páginas
Ficção brasileira

Tudo transcorria bem na sociedade recifense no final do século XIX. As mulheres, seus maridos, seus amantes, a corrupção, o dinheiro, a sociedade. Jaboatão não era mais que uma vila, que se chegava a cavalo em duas horas de Recife. De Jaboatão, no engenho Suaçuna, também foram os urubus, seres de todos os tempos, que se refastelavam do banquete dado por um cadáver no meio do mato. Os ditos bichinhos revelaram a sua existência, junto com um revólver, uma carta, um canivete e as próprias roupas.
Lá na rua Nova, o comerciante Jaime Favais é interpelado pelo mandante de tal morte, com medo que identificassem o defunto. Mas eles bolam um plano para que o nome dado ao presunto seria de um polaco sumido. Claro, foi isso que a imprensa local relatou. Que mais haveria de saber?
Mas o fato trágico origem do assassínio é relatado qual folhetim novelista no romance de Vilela.
E não conseguimos abandonar a leitura sobre as paixões despertadas por Leandro Dantas, amante de várias mulheres, principalmente as casadas, mas que, através da bola da vez que é Celeste, a fogosa esposa do senhor de engenho, conhece Josefina Favais, a dita esposa de Jaime, pivô da desgraça de todos, inclusive da filha Clotilde. Ou talvez não ela mesma, mas o primo português João Favais, que vê em Clotilde não apenas um bom par de pernas, mas também sua fortuna futura.
João contrata o desocupado mas inteligente Jereba para seguir o Comendador (Jaime Favais) e o sujeito suspeito que o procura, o Zarolho, para que descubra que segredo o tio esconde para se relacionar com tal tipo.
Assim se desenrola o romance de Vilela. Se tal tivesse um humor mais fino, seria quase um romance machadiano, que descortina a alma humana egoísta, corrupta, traiçoeira, libertina. Um retrato da sociedade da época e, porque não dizer, atual.
A obra foi publicada em 1886 pela Typographia Central (Recife). Depois, entre 03 de agosto de 1903 e 27 de janeiro de 1912, em formato de folhetim no Jornal Pequeno (Recife).
Trata-se de uma ficção, porém o cadáver realmente foi encontrado em 23 de fevereiro de 1864, conforme registro em jornais da época.
Excelente. Recomendo.

Carneiro Vilela
Carneiro Vilela 
1846 - 1913, romancista, dramaturgo, poeta, cronista, jornalista, tradutor, ilustrador w pintor que viveu em Recife/PE.
Foi o primeiro presidente da Academia Pernambucana de Letras, patrono da cadeira 21.
Era autor de críticas ácidas sem papas-na-língua que falava da sociedade, costumes e dos modos e da natureza humana dos que viviam no Brasil do Segundo Império, que talvez o tenha levado quase ao ostracismo.
(Fonte: prefácio 5 da edição)

"Para a mulher, porém, - para a futura mãe de família, para a verdadeira base da sociedade moderna - estreitavam-se os horizontes intelectuais e morais, proibiam-lhe a liberdade de pensar e de sentir, entregavam-na aos corvos do fanatismo e da hipocrisia, asfixiavam-lhe o coração, envenenavam-lhe o espírito e, em vez de procurarem formar uma esposa e uma mãe com todas as aptidões para procriar cidadãos e homens de espírito, preparavam uma beata inútil e estúpida, apta apenas para dissertar sobre as problemáticas virtudes do rosário ou para engrolar  ladainhas depois de indigestos e perniciosos sermões jesuíticos!"

"(...) Porque os homens íntegros e honrados assim são simples até a candura, simples até a ingenuidade - supunha ele que a maternidade é uma sagração: quando muitas vezes não passa de um castigo e é sempre apenas uma função natural, consequência lógica de vida de uma necessidade imperiosa do organismo."

"João Paulo Favais [...] sentira nascerem-lhe no esírito ideias de uma ambição desmarcada, porém de perfeito aqcordo com as causas que o haviam feito sair da sua terra e com os motivos que o trouxeram à pátria dos macacos e dos bananas."

"O que no caixeiro sofreu mais com aquela descoberta e aquele receio, não foi a sua ambição, foi seu amor próprio. Ser preterido por um mulato!... por um baiano... ele um caucasiano puro e legítimo, um genuíno filho da pátria do vinho do Porto!... Não!... o seu orgulho não podia sofrer uma tal injúria, e a família de seu tio não podia ficar exposta a sofrer uma afronta tão direta aos brios e à pureza de sua imagem."

"A povoação do Monteiro, naquele ano de 1962, mostrava o aspecto brilhante de um arrabalde em plena efervescência de festa. As famílias mais gradas da cidade para aí haviam mudado sua residência temporária e enchiam aquelas paragens com o ruído de suas alegrias, com as alegrias dos seus divertimentos cordiais e repetidos."

"Diz um ditado popular que no comer e 'no coçar e no coçar, tudo está no começar'. O rifão seria mais completo e verdadeiro se se aplicasse a todas as nossas ações e se referisse mesmo a todas as coisas deste mundo. Com efeito, o mais difícil em tudo é dar o primeiro passo, - o começar -m às vezes é isto até que é unicamente difícil. Coisas há que, parecendo-nos impossíveis e enchendo-nos de pavor, se tornam depois familiares e nos proporcionam encantos indizíveis, desde que, para realizá-las ou para obtê-las, tenhamos a coragem de dar o primeiro passo necessário à sua execução."

"A escravidão está tão arraigada aos nossos hábitos e costumes, identificou-se tanto com a nossa educação e nossa índole, que não é raro encontrar-se verdadeira amizade entre duas criaturas de condição e raças tão diversas como a senhora e escrava, ao ponto de uma ser a depositária única e fiel dos segredos da outra."

Paixão proibida - Penelope Williamson

Sem dados do livro
507 páginas
Emma Trenayne é uma jovem rica já beirando a solteirice para sua época, com casamento marcado com Geoffrey, que conhece desde a infância, mas se encanta com a testosterona de Shay.
Shay, casado com Bria, duas duas e outro a caminho, trabalha feito um condenado pra suspentar a família,  probre de Jó, mas dá umas olhadas em Emma. Homem é homem. 
Mundos diferentes, mas a atração é forte.
Resumindo: ô livro ruim. 

Penelope Williamson é um autor internacionalmente reconhecido de romances históricos. Dois
milhões de cópias e títulos como The Outsider e A Wild Yearning provam o seu sucesso.
Pseudônimos: Elizabeth Lambert, Penn Williamson  [Fonte: Skoob]

Amanhã eu paro! - Gilles Legardinier

Título original : Demain j'arrête!
Editora Arqueiro Ltda / 2017
Tradução : Fernanda Abreu
Ficção francesa
304 páginas
Julie tem 28 anos, acabou de ficar solteira novamente e se sente sem sorte no amor. Desenvolve uma paixonite e fixação pelo novo morador do prédio onde mora: o charmoso Ric. Misterioso, procura meios de descobrir mais detalhes de sua vida. A amizade surge e o sentimento aumenta. Enquanto isso, o tédio de trabalhar como bancária faz com que abandone o emprego e comece a trabalhar na padaria do bairro onde já conhece tudo e todos. Menos Ric, claro.
Uma estoriazinha boba, querendo ser engraçada sem ser, quase de forma forçada, não prende nem empolga.
Ruinzinho. 

Gilles Legardinier é francês, nasceu em Paris, 1965, escritor,  roteirista, produtor. 

"Dou a vocês o presente de ser o pior, a referência mais rasteira possível, o fundo do poço. Se um dia vocês se sentirem uns merdas, se sentirem culpados por seus fracassos e com raiva de si mesmos, pensem em mim, e espero sinceramente que se sintam melhor. Todo mundo ri, todo mundo aplaude, então uma moça começa a contar que foi demitida três semanas antes por ter dado uma gargalhada na cara de um engraçadinho que a estava azarando. Pensou que ele fosse algum executivo cheio de testosterona da área comercial, mas na verdade era o jovem e bem-apessoado CEO do cliente mais importante de seu chefe... Ela perdeu o emprego e morreu de rir. E todo mundo riu junto."

"Não sei se existe gente que gosta de trabalhar em banco, mas eu detesto. Para mim, os bancos simbolizam a falência de nossas civilizações. Tanto os clientes quanto os funcionários sentem a mesma infelicidade por ter que frequentá-los, mas ninguém tem outra opção"

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

À espera dos bárbaros - J. M. Coetzee

Titulo original: Waiting for the Barbarian
Ano de publicação: 1980
Tradução: José Rubens Siqueira
Editora Companhia das Letras / 2006
204 páginas

Os bárbaros irão atacar a cidade murada. Diante desse medo iminente, os que vivem no cidade cercada por muros amparam seus dias e suas esperanças, as equipes de soldados vão e vem ao sabor do que é deduzido sobre a movimentação dos misteriosos moradores nômades das montanhas, que, segundo eles, se revoltam pela posse dos civis "domesticados" nas suas terras. Nesse clima, um magistrado idoso que administra o forte há mais de 30 anos passa seus dias, percebe as mudanças e organiza seus pensamentos. Dois personagens no livro mereceram ser chamados por nomes: Joll e Mendel, talvez pela brutalidade ou por serem os mais bárbaros dos oficiais. 
O administrador é feliz com sua rotina medíocre de comer, dormir bem, ter amantes ocasionais, registrar as necessidades do forte. Uns bárbaros são capturados e, dentre eles, uma jovem que é torturada, que sai com várias sequelas, encanta o magistrado, que se contenta em lhe lavar os pés, o corpo, dormir junto sem conjunção carnal, sem compreender o que o atrai na mulher, até que decide leva-la ao seu povo bárbaro, numa viagem perigosa. Essa atitude o deixa sob suspeição junto aos militares, sendo preso e torturado. 
Escrito em primeira pessoa na voz do magistrado idoso, quando ele ficou perto da morte, a voz passou a ser de Mendel por poucos parágrafo, visão interessante do autor. 
Relata sobre a injustiça da tortura, sobre a agrura que é a luta dos homens de enfrentar o poder do Estado, a visão do inimigo oculto que tem passos não dados, mas interpretados que foram dados.
Um ótimo livro. Recomendo.

"Estou balançando suavemente no ar, me chocando contra a escada, me debatendo com os pés. O latejar em meus ouvidos fica mais lento e mais forte até ser tudo o que posso escutar. 
Estou vendo o velho, olhos apertados contra o vento, esperando que ele fale. A arma antiga continua apoiada nas orelhas do cavalo, mas não está apontada para mim. Tenho consciência da vastidão do céu em toda a nossa volta e do deserto."

"(...) Todos na cidade murada que agora mergulha nas trevas (escuto os dois toques agudos de clarim anunciando o fechamento dos portões) têm preocupação semelhante. Todos menos as crianças! As crianças nunca duvidam que aquelas grandes árvores em cuja sombra brincam lá estarão para sempre, que um dia vão crescer e ficar fortes como seus pais, férteis como suas mães, que vão viver, prosperar, criar seus próprios filhos e envelhecer no lugar onde nasceram. O que impossibilitou de viver no tempo como peixes na água, pássaros no ar, como crianças? A culpa é do império! O império criou o tempo da história. O Império localizou sua existência não no tempo recorrente do ciclo das estações, que passa sereno, mas no tempo recortado de ascensão e queda, de começo e fim, de catástrofe."
J. M. Coetze
Nasceu em 1940, na Cidade do Cabo, África do Sul. Viveu na Inglaterra, lecionou nos EUA, voltou à Africa em 1984, onde residiu até mudar para a Austrália, em 2002. Ganhou o NObel de literatura em 2003 pelo conjunto da obra.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A vida que enterramos - Allen Eskens

Título original: The life we bury
Tradução Renato Marques e Alexandre Raposo
272 páginas
Editora Intrínseca 

Escrito pela voz de Joe Talbert, jovem universitário, recém saído de casa para estudar, deixando o irmão mais novo e a mãe alcoólatra, porém não isento de culpa.
Em uma disciplina da universidade, tem de desenvolver a biografia de alguém idoso e o único que conhecia era seu avô,  morto quando tinha 11 anos. Então vai a uma casa de repouso. Ali pessoas idosas abundam. Porém, o único consciente era um recém chegado à instituição, doente terminal de câncer, em liberdade provisória depois de 30 anos preso por estupro e assassinato de menor.
Apesar de chocado com a maldade de seu objeto biográfico, Joe começa a se interessar pela estória de Carl Iverson, partindo para uma investigação junto com sua vizinha e crush Lila, mesmo com a responsabilidade que sente pelo irmão Jeremy.
Um livro razoável,  quase passável. Previsível. 

"O filósofo Blaise Pascal disse certa vez que, caso você precise escolher entre acreditar ou não em Deus, é melhor acreditar. Porque se você acreditar em Deus e estiver errado.... bem, nada acontecerá. Você simplesmente morrerá no vazio do universo. Contudo, se não acreditar em Deus e estiver errado, então passará a eternidade no inferno, ao menos de acordo com algumas pessoas". 

"Diariamente somos cercados pelas maravilhas da vida, maravilhas além da nossa compreensão, e simplesmente a tomamos por certas. Naquele dia, decidi viver a vida em vez de apenas existir. Se eu morresse e descobrisse o paraíso do outro lado, bem, isso seria muito bom, muito legal. Mas se eu não vivesse a minha vida como se já estivesse no paraíso, morresse e encontrasse apenas o nada, bem.... eu teria desperdiçado a chance. Eu teria desperdiçado a minha única oportunidade de estar vivo."

Allens Eskens
Nasceu em 17 de março de 1963, Mankato, Minessota, EUA. Advogado criminalista,  este é seu romance de estréia.

Todos os belos cavalos - Cormac McCarthy

Ano de publicação: 1992
Editora Companhia das Letras
Páginas:280

John Glady Cole e seu amigo Rawlins, jovens de 16 e 17 anos, decidiram viajar para o México em busca de uma nova vida, aventuras, cada um com seu cavalo, fugindo de casa. No caminho, encontraram o mais jovem ainda Blevins, misterioso e esquisito garoto que os seguia na estrada, forçando sua presença, mesmo a contragosto de Rawlins. Logo Blevins ficou para trás e os dois seguiram, trabalham numa fazenda, amansaram cavalos, foram presos, mataram, Glady se apaixona pela filha do fazendeiro, Alejandra. Uma estória de amizade, trabalho, amor e perseverança.  Uma forma de escrever que não tinha me deparado ainda, onde descrever traços humanos físicos não é importante, mas as situações, num detalhamento quase teatral, surpreende.
Um bom livro. 

"Para que acha que serve cercar o cavalo desse jeito?, perguntou Rawlins.
Não sei, disse John Glady. Não sou cavalo."

"Ficou deitado no escuro pensando em tudo que não sabia sobre seu pai e compreendeu que o pai que conhecia era o pai que sempre ia conhecer. Não queria pensar em Alejandra porque não sabia o que vinha pela frente ou que seriedade teria isso e achava que ela era uma coisa que era melhor poupar. Por isso pensava em cavalos e pensar neles era sempre a coisa certa."

"Quando fiz dezesseis anos já tinha lido muitos livros e me tornado uma livre-pensadora. Em todos os casose recusava a acreditar num Deus que permitia a injustiça que eu via num mundo criado por Ele."

Cormac McCarhy nasceu em Providence, Rhode Island, EUA, 1933. Serviu nas forças aéreas, escreveu o primeiro livro em 1965. Depois mais nove.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Emaranhados - Mary Balogh

[Sem dados técnicos no exemplar lido]
Um título perfeito para o livro. Ou seria melhor "ligeiramente emaranhados", apenas para seguir o gosto da autora?
Julian e David são irmãos, o primeiro adotado. Também por esse motivo David se sente responsável por ele e assume as coisas erradas que o irmão faz. Até dizer que um filho gerado seria dele. Ai Julian casa-se com Rebecca, mas David também a queria. Quando Julian morre, vítima de uma bala de David, este assume Rebecca e casam-se. Aí Juliam "dismorre" e tudo se complica. 
Uma sinopse pobrinha para um livro fraquinho.
Um romance de banca. 


A autora
Mary Balogh nasceu e foi criada no País de Gales. Ainda jovem, se mudou para o Canadá, onde
planejava passar dois anos trabalhando como professora. Porém ela se apaixonou, casou e criou raízes definitivas do outro lado do Atlântico.
Sempre sonhou ser escritora e tinha certeza de que, no dia em que escrevesse um livro, ele seria ambientado na Inglaterra do Período da Regência. Quando sua filha mais nova tinha 6 anos, Mary finalmente encontrou tempo para se dedicar ao antigo sonho. Depois de três meses escrevendo na mesa da cozinha, a primeira versão de sua obra de estreia estava pronta. Publicada em 1985, deu a Mary o prêmio da Romantic Times de autora revelação na categoria Período da Regência. Em 1988, depois de vinte anos de magistério, ela passou a se dedicar apenas aos livros. [Fonte: Editora Arquiro]

terça-feira, 19 de setembro de 2017

As sobreviventes - Riley Sager

Título original: Final Girl
Ficção norte-americana
Tradução Marcelo Hauck
Editora Gutemberg / 2017
336 páginas
Garotas remanescentes é o título dado a três mulheres que  sobreviveram a chacinas em massa. Quincy, Lisa e Samantha. A trama é narrada na voz da primeira, que, dez anos antes foi a única a sair com vida no massacre do Chalé Pine, onde seis amigos de faculdade foram assassinados.
Quincy não se recorda do momento das mortes, sofreu amnésia traumática, bloqueando até sua capacidade de pronunciar o nome do assassino, Joe Hannen. Julga ter superado a tragédia, com a ajuda primeiro dos comprimidos azuis, também de Cooper, o policial que a salvou e, por fim, do namorado Jeff.
Porém a morte súbita de Lisa desenterra o sofrimento que passou dez anos atrás. Com ela, Samantha, outra garota sobrevivente de outro massacre, que julgava desaparecida. Misteriosa e invasiva.
O livro prende, um suspense ágil, construção psicológica dos personagens bem caracterizada.
Um bom livro.

O autor
Riley Sager é o pseudônimo usado por Todd Ritter, nascido na Pensilvânia, Riley é escritor, editor e designer gráfico que agora mora em Princeton, Nova Jersey. Além de escrever, Riley gosta de ler, filmes e assar. Já escreveu e publicou em outro lugar com o nome verdadeiro. 
Em seu Twitter (@ToddAlanRitter), no dia 17 de julho de 2017 disse "sim, eu sou Riley Sager".

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A jaca do cemitério é mais doce - Maneol Herzog


Editora Companhia das Letras
2017
96 páginas
Ficção brasileira
Santiago Hernandez, um menino filho de duas mulheres que cresce percebendo que para se dar bem e com as mulheres e principalmente com Natércia, tem de aprender a dançar. E chega a casar-se com a moçoila, apesar da hereditariedade propensa a pulos fora de casa dela. E é o que ele desconfia que acontece.  Talvez até os gêmeos que ela abortou seria um dele e outro do ex-policial Vivaldo. Após a separação e morte de Natércia, ele se isola, sem saber o que seria real ou não.  E segue a lógica que se ele deseja o mal a alguém conseguirá matá-lo.
Manoel Herzog
Nasceu em Santos/SP em 1964, advogado, poeta e escritor.

Um pequeno favor - Darcey Bell

Título original: a simple favor
Editora Bertrand Brasil/ 2017
Tradução: Ana Carolina Mesquita
336 páginas
Ficção americana
A autora poderia fazer um pequeno favor à humanidade e não escrever mais.
Conta a estória de uma mãe-blogueira-viúva-carente, Stephany, que finalmente encontra uma mãe amiga, Emily. Quando essa dita amiga some, deixando o filho Nicky aos seus cuidados, entra em desespero e de desaparecida muda o status para morta. Consolando o recém viúvo e agora amigo Sean, acabam tendo um caso, juntando escova de dentes e os dois filhos num saco só, ou melhor, numa família só. Mas Emily, a mãe -amiga-desaparecida-morta não morreu. Quem morreu foi a irmã gêmea da dita cuja que ninguém sabia que existia, nem o marido-não-mais-viúdo-galinha.
Claro que não tinha morrido. Tudo era um plano para dar o golpe do seguro de vida e arreganhar uma grana boa. Plano do potente Sean e da desequilibrada Emily.
Tem nessa pantomima toda a mãe com alzheimer da mãe amiga Emily e o enfadonho e sem sentido blog da Stephany, a mãe -carente-enxerida-blogueira.
Essa coisa do blog merecia um parágrafo medonho de reclamação de minha parte. Afinal, a dita blogueira escreve tudo lá,  se dirigindo à famigerada raça mães como amigas e desabafa até sua vida incestuosa. Sim! A criatura teve um filho com o irmão e o marido mortinho nem sabia, mas fala no blog. "Meu irmão gostoso Chris é irresistível na cama".
E a autora Bell conta na voz de Stephany, Emily e Sean essa saga toda. Claro, a maioria das falas da primeira é como se escrevesse no chato blog.
A jamanta-autora ainda descreve que as gêmeas eram tão parecidas que até as digitais eram iguais. Faltou pesquisar direito, heim, Bell?
A morta volta viva pra casa, o marido sai; Stephany volta a ficar sem amiga mãe,  já que Emily a usou como peixe no golpe; fica no ar, ao findar as páginas, a insinuação que Sean ou Stephany ou ambos serão acusado de matar o investigador de seguro. A malévola Emily sai ilesa, mas também sai lisa.
Aqui jaz puro spoiller. Conto tudo e ainda o final para que não percam tempo lendo algo tão mal escrito, mal alinhavado e ruim.

Darcey Bell
Nasceu em Iowa, EUA, 1981. Professora e mora em Chicago, "Um Pequeno Favor" ´r seu primeiro livro publicado.