terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Garota no Trem - Paula Hawkins

1Há tempos não sentia raiva do sono por não me deixar ler, por no dia seguinte a manhã me chamar às responsabilidades... e tudo por conta desse livro, um policial com muita carga psicológica, bem amarrado, bem escrito. Vontade de ler, como uma compulsão. Será normal?
Vamos ao livro.
Rachel, Anna e Megan. Três vozes que falam em primeira pessoa envolvidas num mesmo emaranhado repleto de complicações chamado mente humana ou "onde minha vida me fez parar".
Não que a trama se desenrole por conta do trem. Porém uma situação que, de cara, me fez ficar elétrica pelo livro: a personagem observa as casas que passam pela janela do trem, ela passageira, criando nome e situações para aquelas que vê quase diariamente, criando até um laço mental fictício mas concreto. Isso me pareceu tremendamente familiar.
A solidão que acompanha Rachel em seu trajeto diário é amenizada pela bebida. Alcoólatra, desempregada, morando de favor na casa de uma santa amiga, abandonada pelo marido... e como não ser depressiva?
E, acompanhando seus personagens reais-não reais da janela de seu trem, estão Jess e Jason, ou Megan e Scott, que cruzarão seu caminho de forma decisiva. Mais à frente, poucas casas adiante, passa pela janela de seu trem a casa onde viveu feliz com Tom, seu ex-marido, hoje a casa de Anna, a nova esposa odiada de seu amado Tom.
E, como se percebe, as  outras vozes do livro são Anna e Megan. Cada uma com sua caixa mental recheada de dramas psicológicos.
Vale a pena o livro. Eu mais que recomento. Muito tempo não dava cinco estrelas a um livro. Poderia dar uma constelação inteira.

"(...) ser católico devia ser divertido, poder ir ao confessionário e se livrar do peso na consciência e ouvir alguém dizendo que você está perdoado, que você está livre dos pecados, totalmente zerado"
"(...) há uma coceira no fundo do meu cérebro que não consigo coçar"
"Com a cabeça encostada na janela do vagão, vejo essas casas passarem como num filme. Ninguém mais as enxerga como eu: nem seus donos as veem deste ângulo. Duas vezes por dia, tenho a oportunidade de espiar outras vidas porum breve momento."
"Estou sóbria, de cara limpa. Há dias em que me sinto tão mal que preciso beber; há dias que me sinto tão mal  que não consigo beber. Hoje, só de pensar em álcool meu estômago já fica embrulhado."