A narrativa é desenvolvida em quatro épocas: 1900, uma criança de 4 anos é deixada num navio que vai da Inglaterra à Austrália, acolhida por Hugh, funcionário do porto, e Lil, a esposa, que guardam em segredo a verdade de sua origem até a menina completar 21 anos; 1930, uma pequena parte quando Nell descobre que foi abandonada e nada se sabe de seu passado, quem a deixou no navio, sua origem; 1976, quando Nell vai à Cornualha em busca de respostas para sua estória; 2005, com início na morte de Nell e continuação da busca pelo passado da avó por parte de Cassandra.
As passagens em diferentes épocas se intercalam, não perdendo o fio que é traçado em torno do mistério da origem de Nell. A revelação transformou o pensamento amoroso, familiar da jovem.
"Ela era uma mentira, tinha vivido uma mentira e se recusava a continuar fazendo isso. Ao longo de poucos meses, a vida que ela tinha construído durante vinte e um anos foi sendo sistematicamente demolida." (p. 45)
Tendo como ponto de partida para iniciar sua investigação apenas "a maleta branca, ou melhor, seu conteúdo. O livro de contos de fadas publicado em Londres em 1913" (p. 47), escrito por Eliza Makepeace, Nell vai em busca de respostas, encontros.
Paralelamente narra-se a trajetória da "Autora", como a menina lembrava se chamar a senhora que a deixara no navio sozinha, Eliza Makepeace, é contada desde a mãe Georgiana, que fugiu de casa para casar-se com um pescador. Eliza, desde pequena, era inventiva nos contos de fadas, prendia a todos com sua imaginação, embalava o irmão gêmeo Sammy, depois sua prima Rose, tornando-se, por fim, escritora.
Rose Walker, a prima que Eliza conhece quando é acolhida na casa do tio Linus Mountrachet, a Mansão Blackhurst, menina doente e superprotegida pela mãe Adeline Mountrachet, tem papel importante na trama. Eliza desenvolve seu amor pela prima, substituindo a presença dela pela do irmão morto.
Cassandra- que também possui sua estória de perdas pessoais -, a neta criada por de Nell desde os 11 anos (creio), retoma as investigações da avó indo à Cornualha, baseando-se nas anotações deixadas, testemunhos e pesquisas. "Nell, que precisara tanto enfrentar o passado para poder seguir em frente, tinha visto em Cassandra uma alma gêmea. Alguém que também tinha sido vítima das circunstâncias." (p. 365)
O Jardim do Chalé comprado por Nell em sua viagem à Cornualha, que deixou como herança à neta Cassandra, é um elo entre quase todos da trama, um lugar secreto, mágico, que abrigou Giorgiana, Eliza, Rose, Nell e Cassandra. O mesmo que dá o título ao volume.
O livro viaja pelo passado, busca de respostas, reconstrução de pessoas mortas há mais de 90 anos. Se viajar pelo passado é reviver um presente esquecido, o livro retoma que essa viagem é autoconhecer-se pela estória de seus antepassados.
Ser sucinta no detalhamento de "O Jardim Secreto de Eliza" é um tanto difícil, porque são muitos personagens, muitas estórias paralelas, então detenho-me apenas à superficial ideia principal do exemplar. A leitura prende, quase num fôlego só (claro, se não fosse longo, 368 páginas), porque a impressão que temos é que os intervalos de leitura criariam espaços de esquecimento nos inúmeros detalhes, nos retrocessos e avanços constantes no tempo.
Bom livro, recomendo.
As passagens em diferentes épocas se intercalam, não perdendo o fio que é traçado em torno do mistério da origem de Nell. A revelação transformou o pensamento amoroso, familiar da jovem.
"Ela era uma mentira, tinha vivido uma mentira e se recusava a continuar fazendo isso. Ao longo de poucos meses, a vida que ela tinha construído durante vinte e um anos foi sendo sistematicamente demolida." (p. 45)
Tendo como ponto de partida para iniciar sua investigação apenas "a maleta branca, ou melhor, seu conteúdo. O livro de contos de fadas publicado em Londres em 1913" (p. 47), escrito por Eliza Makepeace, Nell vai em busca de respostas, encontros.
Paralelamente narra-se a trajetória da "Autora", como a menina lembrava se chamar a senhora que a deixara no navio sozinha, Eliza Makepeace, é contada desde a mãe Georgiana, que fugiu de casa para casar-se com um pescador. Eliza, desde pequena, era inventiva nos contos de fadas, prendia a todos com sua imaginação, embalava o irmão gêmeo Sammy, depois sua prima Rose, tornando-se, por fim, escritora.
Rose Walker, a prima que Eliza conhece quando é acolhida na casa do tio Linus Mountrachet, a Mansão Blackhurst, menina doente e superprotegida pela mãe Adeline Mountrachet, tem papel importante na trama. Eliza desenvolve seu amor pela prima, substituindo a presença dela pela do irmão morto.
Cassandra- que também possui sua estória de perdas pessoais -, a neta criada por de Nell desde os 11 anos (creio), retoma as investigações da avó indo à Cornualha, baseando-se nas anotações deixadas, testemunhos e pesquisas. "Nell, que precisara tanto enfrentar o passado para poder seguir em frente, tinha visto em Cassandra uma alma gêmea. Alguém que também tinha sido vítima das circunstâncias." (p. 365)
O Jardim do Chalé comprado por Nell em sua viagem à Cornualha, que deixou como herança à neta Cassandra, é um elo entre quase todos da trama, um lugar secreto, mágico, que abrigou Giorgiana, Eliza, Rose, Nell e Cassandra. O mesmo que dá o título ao volume.
O livro viaja pelo passado, busca de respostas, reconstrução de pessoas mortas há mais de 90 anos. Se viajar pelo passado é reviver um presente esquecido, o livro retoma que essa viagem é autoconhecer-se pela estória de seus antepassados.
Ser sucinta no detalhamento de "O Jardim Secreto de Eliza" é um tanto difícil, porque são muitos personagens, muitas estórias paralelas, então detenho-me apenas à superficial ideia principal do exemplar. A leitura prende, quase num fôlego só (claro, se não fosse longo, 368 páginas), porque a impressão que temos é que os intervalos de leitura criariam espaços de esquecimento nos inúmeros detalhes, nos retrocessos e avanços constantes no tempo.
Bom livro, recomendo.
"A perspectiva de morrer cedo tem um efeito diferente sobre cada pessoa. Em algumas, ela provoca uma maturidade que vai muito além da idade e da experiência: uma calma aceitação que faz brotar uma disposição bondosa e gentil. Em outras, entretanto, provoca a formação de pedacinhos de gelo no coração. Gelo que, embora às vezes oculto, nunca derrete completamente. Rose, embora tivesse gostado de pertencer ao primeiro grupo, sabia, no fundo, que pertencia ao segundo. Não que fosse má, mas tinha desenvolvido um dom para a indiferença. Uma capacidade de sair de si mesma e observar situações sem experimentar nenhum sentimento."
"Esperança, passara a odiar esta palavra. Era uma semente insidiosa plantada dentro da alma de uma pessoa, sobrevivendo com pouco trato, depois florescendo tão espetacularmente, que ninguém podia deixar de adorá-la. Também era a esperança que impedia que uma pessoa aprendesse com a experiência."
"A memória é uma amante cruel com quem todos nós precisamos aprender a dançar."
"Pois pensar era mergulhar o pincel carregado da tinta da dúvida na água cristalina da certeza."