segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

Em Admirável Mundo Novo, escrito em 1932, Huxley constrói uma civilização futurista totalitária, onde as pessoas  nascem artificialmente, criadas literalmente, categorizadas desde o período que estão em "cubos", com tarefas pré-definidas, condicionamento mental, durante todo o período de desenvolvimento, que a concepção como entendemos atualmente é tida como vergonhosa, banida da sociedade e que não há relações monogâmicas, duradouras, fecundidade (ou seja, não há laços familiares). "Mãe" ou "pai" são termos quase obscenos. As instabilidades emocionais são tratadas pela ingestão de "soma", uma droga que domina o humor e dá felicidade. A sociedade vive em excessiva ordem, sem oposição ao que é imposto, dividida em castas (alfa, afla mais, betas, ipsilons), determinados pela qualidade do óvulo fecundado. Não há uma entidade divida, há penas Ford, que substitui quase textualmente o Deus atual.
Bernad Marx é um alfa mais que questiona o sistema e se recusa a tomar "Soma", para sentir a realidade tal qual ela é. Ele decide visitar, junto com Lenina, uma bela jovem de casta superior, a reserva onde vivem os "selvagens", tidos como índios que vivem em realidade diversa da que é acostumado, como "no passado". Aí conhece John e descobre que é filho de um diretor que o quer transferir para a Islândia, onde não poderia plantar ideias reacionárias na sociedade. Leva-o de volta consigo, junto com a mãe, Linda, a fim de desmoralizar o seu superior.
Como curador do "selvagem", Bernard adquire respeito e fama, até que seu pupilo recusa-se a participar das aparições públicas, levando-o novamente a ser um alfa em cujo sangue havia, por engano, misturado álcool.  John estava apaixonado por Lenina, que era correspondido, mas ela não concebia o amor tal qual ele acreditava, pois foi condicionada a realidades diferentes.
John, o selvagem, questiona a sociedade, liberdade e Deus. Decide isolar-se, castigar-se pela morte da mãe, pela paixão por Lenina, numa tentativa de purificar-se, mas é descoberto por repórteres...
Como sempre, não terminarei o desfecho do livro. Ford é testemunha que até me alonguei demais na narrativa, e poderia fazê-lo mais, caso não me detivesse, pela simples razão que trata-se de uma excelente leitura. Que Ford lhes dê o entendimento que o livro merece!
Recomendo!
"- Livraram-se deles. Sim, é bem o modo dos senhores procederem. Livrar-se de tudo que é desagradável, em vez de aprender a suportá-lo. Se é mais nobre para a alma sofrer os golpes de funda e as flechas da fortuna adversa, ou pegar em armas contra um oceano de desgraças e, fazendo-lhes frente, destruí-las... Mas os senhores não fazem nem uma coisa nem outra. Não sofrem e não enfrentam. Suprimem, simplesmente, as pedras e as flechas. É fácil de mais." 

"Um ovo, um embrião, um adulto – normalidade. Mas um ovo bokanovskizado tem a propriedade de germinar, proliferar, dividir-se. (...) Mas naturalmente já se faz muito mais, prosseguiu em Centros Tropicais. Singapura tem produzido freqüentemente mais de dezesseis mil e quinhentos; em Mombaça já se atingiu efetivamente a marca dos dezessete mil".

Autor

Aldous Huxley
Aldous Leonard Huxley (Godalming, 26 de Julho de 1894 — Los Angeles, 22 deHuxley. Passou parte da sua vida nos Estados Unidos, e viveu em Los Angeles de 1937 até a sua morte, em 1963. Mais conhecido pelos seus romances, como Admirável Mundo Novo e diversos ensaios, Huxley também editou a revista Oxford Poetry e publicou contos, poesias, literatura de viagem.

Foi um entusiasta do uso responsável do LSD como catalisador dos processos mentais do indivíduo, em busca do ápice da condição humana e de maior desenvolvimento das suas potencialidades.
Estudou medicina na Eton College, e foi obrigado a abandonar aos dezesseis anos, devido a uma doença nos olhos que quase o cegou impedindo-o de continuar no curso de medicina. Mais tarde, ele recuperou visão suficiente para se formar com honra pela Universidade de Oxford, mas insuficiente para servir ao exército britânico durante a Primeira Guerra Mundial. Em Oxford, teve o primeiro contacto com a literatura, conhecendo Lytton Strachey e Bertrand Russell. Também se tornou amigo de D. H. Lawrence.
Viveu a maior parte dos anos 20 na Itália fascista de Mussolini que inspirou parte dos sistemas autoritários retratados em suas obras.
A obra-prima de Huxley, Admirável Mundo Novo (Brave New World), foi escrita durante quatro meses no ano de 1931. Os temas nela abordados remontam grande parte de suas preocupações ideológicas como a liberdade individual em detrimento ao autoritarismo do Estado.
Huxley casou-se com Maria Nys (10 de setembro de 1899 – 12 fevereiro de 1955), uma belga que ele conheceu em Garsington, Oxfordshire, em 1919. Eles tiveram um filho, Matthew Huxley (19 de abril de 1920 – 10 de fevereiro de 2005), que seguiu a carreira de escritor, antropólogo e epidemiologista. Em 1955, Maria morreu de câncer.
Em 1956, Huxley se casou com Laura Archera (1911–2007), escritora, violinista e psicoterapeuta. Ela escreveu This Timeless Moment, uma biografia de Huxley. Em 1960, Huxley foi diagnosticado com câncer de laringe e, nos anos seguintes, embora sua saúde deteriorasse, ele escreveu o romance A Ilha e lecionou sobre as potencialidades humanas no Centro Médico São Francisco da Universidade da Califórnia e no Instituto Esalen. Nos últimos dias, impossibilitado de falar, Huxley escreveu um pedido à sua mulher para "LSD, 100 µg, intramuscular" (100 microgramas de LSD, aplicação intramuscular). Ela injetou uma dose às 11:45 da manhã e outra algumas horas depois. Ele morreu às 17:21 do dia 22 de novembro de 1963, aos 69 anos. As cinzas de Huxley foram enterradas no jazigo da família, no cemitério de Watts, casa de Watts Mortuary Chapel em Compton, uma vila perto de Guildford, Surrey, Inglaterra.
A cobertura midiática a respeito de sua morte foi ofuscada pelo assassinato de John F. Kennedy, no mesmo dia, assim como a morte do autor irlandês C. S. Lewis. Essa coincidência foi a inspiração para Peter Kreeft no seu livro Between Heaven and Hell: A Dialog Somewhere Beyond Death with John F. Kennedy, C. S. Lewis, & Aldous Huxley.
O único filho de Huxley, Matthew Huxley, é também um autor, professor, antropologo e proeminente epidemiologista. Aldous Huxley sobrevive também na figura de seus dois netos. [Fonte: Wikipedia]