terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Jardim de Ossos - Tess Gerritsen

lJulia Hamill, após divórcio compra uma casa construída em 1880, com amplo terreno e, ao escavar o jardim para plantar roseiras, encontra enterrado de uma mulher com indícios de que fora assassinada mais de 100 anos antes. Em busca de informações dos antigos donos da propriedade, descobre ligações entre os ossos e o chamado "Estripador de West End". A trama move-se do presente aos fatos ocorridos desde 1830, quando Anuria, irlandesa pobre esposa de um alfaiate, dá a luz a uma menina e logo após morre pela "febre puerperal". Rose, sua irmã, decide cuidar da criança, tendo que escondê-la, com a ajuda de Norris, por quem se apaixona e é o principal suspeito dos homicídios do estripador, em mistérios desvendados apenas no final do livro.
Destaca-se o tráfico de corpos comprados pelas faculdades de medicina e, principalmente, a forma de ensino da matéria na época, quando alunos e professores não faziam assepsia nas mãos depois de manipular os cadáveres e logo após fazer exames nas mulheres em trabalho de parto, havendo mais mortes em hospitais que nos nascimentos domésticos, feito por parteiras.
Trechos:
"(...) estamos vivendo uma epidemia em nossa enfermaria, e temo que haja mais casos em curso. Portanto, dedicaremos o programa desta manhã ao assunto da febre puerperal, também conhecida como febre do parto. Ataca a mulher no auge de sua juventude, precisamente quando tem muito pelo que viver. Embora a criança tenha nascido em segurança, até mesmo com vigor, a nova mãe ainda enfrenta o perigo. A doença pode se manifestar durante o trabalho de parto ou os sintomas podem se desenvolver após horas ou mesmo dias após o parto. Primeiro, a vítima sente frio, às vezes tão violento que seu tremor chega a chacoalhar a cama. Segue-se uma febre inevitável, que faz a pele ficar vermelha e o coração acelerar. Mas o verdadeiro tormento é a dor. Começa na pélvis e aumenta com excruciante sensibilidade à medida que o abdome incha. O menor toque, até mesmo uma leve carícia na pele, pode provocar gritos de agonia. São comuns as descargas de sangue malcheiroso. As roupas, os lençóis, às vezes a própria enfermaria fedem pungentemente. Vocês não imaginam o sofrimento mortificante de uma mulher, acostumada à mais escrupulosa higiene, ao verificar que seu corpo está cheirando de modo tão repulsivo. Mas o pior ainda está por vir.(...) O pulso acelera (...). Uma névoa confunde a mente, e a paciente às vezes não sabe que dia ou que horas são. Às vezes murmura de modo incoerente."
"O Dr. Sewall sempre elogiava os infelizes espécimes que passavam por sua mesa. Ele os pronunciava nobres e generosos, como se tivessem de bom grado se oferecido para serem abertos e estripados publicamente. Aquela mulher não era uma voluntária. Era um caso de caridade, cujo corpo não fora reclamado por familiares ou amigos. O elogio de Sewall era uma honra indesejada que certamente a teria horrorizado."