De-se ter atenção aos nomes dos personagens para não se perder na trama, mas se for um leitor atento, vai conseguir acompanhar e ler num fôlego só, porque simplesmente não se consegue parar até descobrir o que de fato aconteceu com cada um dos casos narrados.
Fantástico! Excelente! Supimpa!
Trechos:
"Já possuía algumas respostas, mas não todas. Nunca todas. Por exemplo: se maldade e loucura são duas coisas distintas ou se somos apenas nós que decidimos chamar de loucura tudo que está além daquilo que compreendemos como motivo para a destruição. Somos capazes de entender que alguém precisa soltar uma bomba atômica sobre uma cidade de civis inocentes, mas não que outros tenham que retalhar prostitutas que espalham doenças e decadência moral pelos bairros pobres de Londres. Dessa forma, chamamos a primeira situação de realismo, e a segunda, de loucura."
"Conforme vou envelhecendo, mais tendo a pensar que maldade é maldade, com ou sem distúrbio mental. Estamos todos com maior ou menor disposição para atos maldosos, mas isso não pode nos isentar da culpa. E, pelo amor de Deus, todos temos transtornos de personalidade. E são justamente nossos atos que definem até que ponto somos doentes. É o que chamamos de igualdade perante a lei, mas isso é totalmente sem sentido, já que ninguém é igual. Durante a peste, os marinheiros que tossiam eram logo jogados ao mar. Claro que sim. Porque a justiça é uma faca cega, tanto como filosofia quanto como juiz. Não temos nada além de quadros clínicos mais ou menos afortunados, meus amigos."
"(...) O que é mais vil: tirar a vida de quem quer viver, ou impedir a morte de quem quer morrer?"