terça-feira, 29 de setembro de 2015

Boneco de Neve - Jo Nesbo

aUm dos melhores livros policiais envolvendo serial killers que li. Herry Hole investiga uma série de assassinatos de mulheres jovens e com filhos, tendo também, como ponto em comum, o bizarro da figura de um boneco de neve nas cenas dos crimes. No decorrer da trama, vários suspeitos, sempre a sensação de já solucionados, mas novos detalhes fazem reaver a investigação, como uma verdadeira bola de neve. A forma de escrita deixa em suspenso acontecimentos que estão na mira de degustados, ansiados na leitura, mas são cortados, como um bom filme  de terror, retomando a estória de outro ponto, desvendando posteriormente, como uma colcha de retalhos sendo construída.
De-se ter atenção aos nomes dos personagens para não se perder na trama, mas se for um leitor atento, vai conseguir acompanhar e ler num fôlego só, porque simplesmente não se consegue parar até descobrir o que de fato aconteceu com cada um dos casos narrados.
Fantástico! Excelente! Supimpa!
Trechos:
"Já pos­suía al­gu­mas re­spostas, mas não to­das. Nun­ca to­das. Por ex­em­plo: se mal­dade e lou­cu­ra são duas coisas dis­tin­tas ou se so­mos ape­nas nós que de­cidi­mos chamar de lou­cu­ra tu­do que es­tá além daqui­lo que com­preen­de­mos co­mo mo­ti­vo para a de­stru­ição. So­mos ca­pazes de en­ten­der que al­guém pre­cisa soltar uma bom­ba atômi­ca so­bre uma cidade de civis in­ocentes, mas não que out­ros ten­ham que re­tal­har pros­ti­tu­tas que es­pal­ham doenças e decadên­cia moral pe­los bair­ros po­bres de Lon­dres. Dessa for­ma, chamamos a primeira situ­ação de re­al­is­mo, e a se­gun­da, de lou­cu­ra."
"Con­forme vou en­vel­he­cen­do, mais ten­do a pen­sar que mal­dade é mal­dade, com ou sem dis­túr­bio men­tal. Es­ta­mos to­dos com maior ou menor dis­posição para atos mal­dosos, mas is­so não pode nos isen­tar da cul­pa. E, pe­lo amor de Deus, to­dos temos transtornos de per­son­al­idade. E são jus­ta­mente nos­sos atos que de­finem até que pon­to so­mos doentes. É o que chamamos de igual­dade per­ante a lei, mas is­so é to­tal­mente sem sen­ti­do, já que ninguém é igual. Du­rante a peste, os mar­in­heiros que tossi­am er­am lo­go jo­ga­dos ao mar. Claro que sim. Porque a justiça é uma fa­ca ce­ga, tan­to co­mo filosofia quan­to co­mo juiz. Não temos na­da além de quadros clíni­cos mais ou menos afor­tu­na­dos, meus ami­gos."
"(...) O que é mais vil: tirar a vi­da de quem quer viv­er, ou im­pedir a morte de quem quer mor­rer?"