O livro apresenta a história de Austin Smith, professor norte-americano especializado em artes que vive em Paris. Desiludido com o amor e conformado com a solidão, um dia encontra Julien, arquiteto francês muito mais jovem e casado. Assim, o contato casual inicialmente estabelecido evolui para um relacionamento intenso.
Fonte da resenha: Skoob
Pequenos trechos:
"Fazia parte de seu encanto essa seriedade, essa certeza de que toda conta antiga deveria ser paga, de que todos os memoriais deveriam ser visitados e que uma flor deveria ser colocada diante de toda lembrança querida. Julien era uma lenda a seus próprios olhos. Se Austin fosse francês, poderia estar cansado de tanto egocentrismo, as pelo menos metade daquilo que o atraia em Julien era saber que o fato de o conhecer representava uma imersão total na França. "
"Os franceses, provavelmente errados, pensavam ser retrógrado focalizar os direitos de grupos minoritários, já que todo mundo, cada cidadão abstrato e universal, era teoricamente igual aos olhos do estado francês. Pois se os franceses falassem acerca dos direitos dos negros ou lésbicas ou asiáticos seria tão-somente para reduzir sua igualdade legal e política ('a liberdade deles', como mais de um francês explicara a Austin, embora ele nunca tivesse entendido exatamente o que significava)."
"Por tanto tempo tinham sido pisoteados por restrições legais, por tanto tempo quase tudo o que faziam tinha sido de acordo com um esquema ou para fazer avançar seus interesses, por tanto tempo sentaram-se solitários e assustados em quartos escuros que naquele momento se renderam a um assomo de anergia, a uma alegria barulhenta e infantil, arcaica e vigorosa."
"... percebiam sempre que o que olhes faltava não era um lugar pra viver, mas a própria vida."
"Austin ficava pasmo com a maneira aberta com que Peter se referia ao vírus. Era fácil se esquecer de que havia um vírus de fato, que existia, crescia, enganava seus inimigos, atacava seus hospedeiro, tinha desígnios sobre novos hospedeiros, comia nervos e poluía o sangue. Geralmente o vírus unicamente por meio de intermediários, procurasse sinapses ou orquestrando o lento colapso das imunidades enquanto passava aos poucos através do santuário interno da barreira sanguínea para poder reordenar - simplificar de modo monstruoso e radical - a química do cérebro. Mas se os efeitos do vírus podiam ser sentidos em toda parte, no obscurecimento de um olho, no desbaste de todos os dedos até que não pudessem mais preencher velhos anéis, que simplesmente caíam, nas rajadas temporárias de surdez que lembravam ao inválido o longo e reverberante silêncio por vir, o próprio vírus era raramente mencionado e quase nuca fazia uma aparição 'pessoal'. Era o sócio oculto, o investidor anônimo, o poder por trás do trono."
"... diziam 'uma lástima que não nos tenha atingido. Instantânea. Dramática. Uma bela morte'. Haviam se tornado especialistas nas maneiras de morrer e, depois de alguma história que alguém contasse para invocar piedade e terror, eles piscavam um olho, um na direção do outro, sorriam e diziam: 'essa parece atraente' ou 'nada mau'. Rápida e direta'".]
"... a única maneira de viver era fingir que haveria um futuro para o qual valia a pena estar preparado. Esse futuro estava de tal forma desacreditado que apenas o mais severo senso de dever podia agora espicaçá-lo em meio a essa opressão. E ele se assemelhava um pouco a um monstruoso Frankestein lentamente se desagregando"
"... tinha a intenção de provar que o prazer, afinal, não é nada mais do que a cessação da dor."