terça-feira, 29 de setembro de 2015

As boas mulheres da China - Xiran

lXiran relata, através de contos, as entrevistas e histórias ditas reais sobre as mulheres chinesas, sua condição de vida, conceitos e preconceitos, quando, em um programa de rádio noturno, na China, abriu espaço para conversas e depoimentos pessoais das mulheres. Histórias tocantes, como a menina que preferia ficar num hospital para tratar das doenças que se infringia para escapar do assédio do pai e o único carinho que conheceu foi de uma mosca; a esposa de um político que foi dada em casamento e teve sua vida de angústias e carências; a mulher que amava as mulheres... entre tantas outras.
Repleto de ditados chineses, cultura do país, a realidade mostrada pelo viés feminino de uma jornalista.
Um bom livro.
Passagens:
"Jamais pense num homem como uma árvore em cuja sombra você pode descansar. A mulher é apenas fertilizante, apodrecendo para tornar a árvore forte... Não existe amor real. Os casais que parecem amorosos ficam juntos por interesse pessoal, seja dinheiro, poder ou influência."
"Ninguém, principalmente uma mulher, deixaria que alguém visse as cicatrizes no seu peito"
"O professor contou que a biblioteca era um segredo que ele pretendia deixar para as gerações futuras. Por mais revolucionárias que sejam, disse, as pessoas não podem viver sem livros. Sem livros não compreenderíamos o mundo; sem livros não poderíamos nos desenvolver; sem livros, a natureza não pode servir a humanidade. Quanto mais falava, mais se entusiasmava, e mais medo eu sentia. Sabia que aqueles eram exatamente os livros que a Revolução Cultural estava destruindo. O professor me deu uma chave da cabana e disse que eu poderia me refugiar ali e lera qualquer hora."
"'Como é que você enfrenta a vida, então?', perguntei, novamente admirada com a coragem das mulheres.
'Você tem um calo na mão? Ou cicatrizes no corpo? Toque-os. Você sente alguma coisa?'"
"Faz milhares de anos que o vento sopra incansavelmente, o ano inteiro. Geralmente só se enxerga à distância de alguns passos nas tempestades de areia, e os aldeães, trabalhando na colina, têm que gritar para se comunicar uns com os outros. Por essa razão, as pessoas do lugar são famosas pela voz alta e ressonante."