terça-feira, 29 de setembro de 2015

Crônica de uma morte anunciada - Gabriel Garcia Marquez

lMais de 25 anos depois da morte de Santiago Nasar, seu amigo que narra a estória recria os fatos de seu assassinato, os últimos passos, as pessoas que tiveram contato com ele, passagens que se entrelaçam como uma costura de fatos jornalísticos, mas com cunho familiar, pois o protagonista e o narrador eram quase família,  construindo um enredo fascinante, bem ao estilo de Marquez. Para quem é fã do autor, como essa leitora que vos escreve, um livro que não pode deixar de ser devorado.

Passagens:
"(...) não havia filhas mais bem educadas. 'São perfeitas', ouvia-lhe dizer com frequência. 'Qualquer homem será feliz com elas, porque foram criadas para sofrer'. No entanto, aos que se casaram com as duas mais velhas foi difícil romperem o cerco, porque iam sempre juntas para todo o lado, e organizavam bailes só para mulheres e estavam predispostas a encontrar segundas intenções nos desígnios dos homens"
"'Quer dizer', disse-me, 'que de qualquer forma poucos anos de vida lhe restavam'. O dr, Dionísio Iguarán, que realmente tinha tratado Santiago Nasar de uma hepatite aos doze anos, recordava indignado aquela autópsia. 'Tinha que ser padre para ser assim tão bruto', disse-me. 'Não houve maneira de fazer-lhe compreender que nós, gente do trópico, temos o fígado maior que os galegos'".
"Pablo Vicário disse-me sem nenhum esforço: 'era como estar acordado duas vezes.' Essa frase fez-me pensar que o mais insuportável para eles no calabouço deve ter sido a lucidez."