segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Viagem do Elefante - José Saramago

De Portugal, o rei D. João III decide presentear o primo arquiduque Maximiliano de Áustria e o presente escolhido é Salomão, um elefante que veio da Índia dois anos antes. O presente vai junto do seu "cuidador", denominado cornaca, Subho. Logo o arquiduque renomeia elefante e corcaca para Solimão e Fritz.
O livro conta toda a viagem da comitiva inicialmente para levar o presente aonde encontrava-se o primo, depois mais uma viagem, agora com o arquiduque, a arquiduquesa e os demais até Viena. Passam por cidades, povoados, as aventuras do elefante Salomão-Solimão e seu cornaca Subho-Fritz até seu destino.
Além de ser uma leitura cheia de humor, o livro não deixa de tratar com crítica em algumas passagens a Igreja, a fé, etc.
Excelente leitura!
Passagem:
o rei observava o espectáculo com irritação e repugnância, repeso de ter cedido ao impulso matutino de vir fazer uma visita sentimental a um bruto paquiderme, a este ridículo proboscídeo de mais de quatro côvados de altura que, assim o queira deus, em breve irá descarregar as suas malcheirosas excreções na pretensiosa viena de áustria.
(...) Senhor padre, deus é um elefante. O padre suspirou de alívio, era preferível isto a ter caído o telhado, além do mais, a herética afirmação era de fácil resposta, Deus está em todas as criaturas, disse. (...) O cura respirou fundo, sujeitou o ânimo que o estava impelindo a maiores extremos e perguntou, Vocês estão bêbados, Não, senhor padre, respondeu o coro, é difícil estar bêbado nos tempos que correm, o vinho está caro (...).

José Saramago
Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do
Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registro oficial mencione como data de nascimento o dia 18. Os seus pais emigraram para Lisboa quando ele não havia ainda completado dois anos. A maior parte da sua vida decorreu, portanto, na capital, embora até aos primeiros anos da idade adulta fossem numerosas, e por vezes prolongadas, as suas estadas na aldeia natal.
Fez estudos secundários (liceais e técnicos) que, por dificuldades econômicas, não pôde prosseguir. O seu primeiro emprego foi como serralheiro mecânico, tendo exercido depois diversas profissões: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, tradutor, editor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance,  Terra do Pecado, em 1947, tendo estado depois largo tempo sem publicar (até 1966). Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista  Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante cerca de um ano, o suplemento cultural daquele vespertino.
Pertenceu à primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores e foi, de 1985 a 1994, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi diretor-adjunto do jornal  Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Casou com Pilar del Río em 1988 e em Fevereiro de 1993 decidiu repartir o seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha). Em 1998 foi-lhe atribuído o Prêmio Nobel de Literatura.
José Saramago faleceu a 18 de Junho de 2010.