Tia Julia e o escrevinhador é um dos livros mais originais de Vargas Llosa. Mesclando humor e romance, com um forte fundo autobiográfico, o escritor narra a história de Varguitas, um jovem peruano com ambições literárias que, aos 18 anos, se apaixona por uma tia com quase o dobro da sua idade. Em paralelo a esse amor proibido, numa nostálgica Lima dos anos 50, Varguitas conhece Pedro Camacho, excêntrico autor de radionovelas cujos enredos mirabolantes fascinam os ouvintes. As novelas vão muito bem, até o dia em que Pedro Camacho, sobrecarregado pelo excesso de trabalho, começa a confundir enredos e personagens. E, ao mesmo tempo, o romance entre Varguitas e tia Julia é descoberto pela família. Intercalando as aventuras do jovem peruano com os folhetins de Pedro Camacho, Vargas Llosa cria uma obra divertida e sutil, em que a realidade se mistura à ficção.
Fonte da resenha: Skoob
Trechos:
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"-(...)Quem vai me livrar do despeito, da frustração, da dor?
-Para isso tudo não há nada melhor que leite de magnésia - me respondeu, deixando-me sem vontade nem de rir - Bem sei que deve parecer um materialismo exagerado. Mas ouça o que estou dizendo. Tenho experiência de vida. Na maior parte das vezes, as chamadas penas do coração, et cetera, são má digestão, feijão duro que não desmancha, peixe passado do ponto, prisão de ventre. Um bom purgante fulmina a loucura de amor"
"(...)acreditei então que o escândalo era o marido ser mestiço, mas agora deduzo que seu principal defeito era ser comerciante -, tinha decretado sua morte em vida e não a visitava nem a recebia jamais. Mas quando morreu a perdoaram - éramos uma família de gente sentimental, no fundo -, foram a seu velório e a seu enterro e derramaram muitas lágrimas por ela."