O bullying na escola evolui até quase uma tragédia, mas Shelley silencia - medo de represálias das suas algozes, medo da descrença alheia. Claro, é rato, assim como sua mãe. O sentido de ser rato, fugir e se esconder, depois do abandono do pai, do medo em voltar à escola, tendo aulas em casa - uma nova casa, depois de sair da residência "matrimonial" com o divórcio turbulento da mãe. Porém, na noite que completa 16 anos, tudo muda, com uma visita inesperada à casa isolada que escolheram para viver.
Uma construção psicológica perfeita dos personagens, intrigante, bem escrito, um exemplar que não se quer parar a leitura e observar as particularidades que atravessam mentes submissas, mas que acumulam raiva e desilusões suficientes para não reconhecer os próprios atos e pensamentos.
"Saber o que aconteceu depois me faz pensar em como a aparência e o comportamento delas em relação a mim mudaram na mesma época. Sempre me perguntei se existia alguma conexão. Nossa aparência afeta nossa personalidade? Ou é nossa personalidade que afeta nossa aparência? A pintura corporal para a guerra transforma um índio covarde em um guerreiro corajoso? Ou um guerreiro corajoso se pinta para mostrar sua crueldade? Um gato sempre parece um gato? Um rato sempre parece um rato?"
"Eu ainda não era capaz de contar a ela sobre o bullying, nem mesmo em um bilhete que ela só leria quando eu estivesse morta. Não conseguia entender realmente por que não era capaz de me abrir com ela. Tudo em que pensava era que não importa o quanto somos próximos de alguém, sempre existirão limites — fronteiras que simplesmente não somos capazes de atravessar, questões que nos tocam tão profundamente que não podem ser compartilhadas. Talvez, pensei, aquilo que não conseguimos compartilhar com os outros seja o que realmente define quem somos."