segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A confissão de um filho do século - Alfred Musset

1França, século XIX, fim das guerras, volta dos guerreiros ao lar, dacaídos, ensangüentados; os jovens, antes preparados para serem guerreiros, vêem-se sem perspectivas e soltos em seus objetivos.
Assim traça-se o início do livro o autor, retratando a juventude nascida da desilusão e pedidos em um absoluto tédio interior, com amores implacáveis e suas conseqüências.
Musset nos leva a refletir sobre o sofrimento do ciúme e suas nauseabundas liturgias cerebrais, trazido junto com o idílio amoroso supremo, o amor além de si.
Fala do apego e de formas de amar, do jovem libertino e do apaixonado, de ações fustigadas pelo veneno da desconfiança.
Otávio, jovem e romântico, apaixona-se e sofre, depois apaixona-se e sofre novamente. Essas paixões cobertas pelo véu da desconfiança, do êxtase de amar demais, do sofrimento de não saber, ou crer saber, ou apenas julgar saber.
Tudo escrito da forma loquaz do romantismo, permeado por prosopopéias, sinestesias, eufemismos... Bem ao estilo da época de Byron, um típico livro-filho do século, com direito a muitos suspiros e lágrimas.
Frases:
"Há, no homem, dois poderes ocultos que combatem até a morte: um clarividente e frio, prende-se à realidade, calcula-a, pesa-a e julga o passado; o outro tem sede de futuro e se atira para o desconhecido. Quando a paixão empolga o homem, a razão o segue chorando e advertindo-o do perigo; mas, logo que o homem atende à voz da razão, logo reconhece: 'é verdade, sou um louco; aonde ia eu?', a paixão lhe grita: 'e eu, vou então morrer?'"
"É agradável julgar-se infeliz, quando se é apenas vazio e enfadado"
"Tudo o que era deixou de ser, tudo o que será não é ainda. Não busqueis fora daí o segredo dos nossos males"
"Os touros feridos no circo têm a liberdade de ir deitar-se a um canto com a espada do toureiro nas costas e morrer em paz"
"Não confunda o vinho com a embriaguez, não tome a taça divina em que estiver bebendo como sendo a bebida divina, e não se admire de encontrá-la, à noite, vazia e quebrada"