segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A hora da Estrela – Clarice Lispector

Último livro de Clarice Lispector, escrito no ano de sua morte, em “A hora da estrela”, ela se traveste como um narrador-personagem Rodrigo no objetivode contar a história de Macabéa,nordestina-alagoana de 19 anos que muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte da tia que a criou.
O livro pesponta-se com uma constante e repetitiva forma de descrever a personagem como simplória, ignorante, sem amor-próprio, sem atrativos físicos ou intelectuais, pobre, sem rumo e perspectiva. Macabéa é o estereótipo dasnordestinas que invadem o imaginário dos verdadeiros ignorantes que não conhecem o que seja realmente uma nordestina.
Na trama, encontramos Raimundo, Glória, as companheiras de quarto (as Marias), a cartomante e o namorado Olímpico.
O livro já teve sua versão lançada em cinema.
Em se tratando de Clarice Lispector, vale a pena ser lido, como tudo o que a autora escreveu.
Frases do livro:
“Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu – a meu mistério”
“Fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir”
“O fato é um ato?”
“O que amadurece plenamente pode apodrecer”
“Cada coisa é uma palavra. E quando não se a tem, inventa-se-a. Esse vosso Deus que nos mandou inventar”
“Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é que faz conteúdo.”
“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvastempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite”
“Vivemos exclusivamente no presente pois sempre e eternamente é o dia de hoje – e o dia de amanhã será um hoje, a eternidade é o estado das coisas neste mundo”
“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.”
“Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui”
“Quero o figurativo assim como um pintor que só pintasse coresabstratas quisesse mostrar que o fazia por gosto, e não por não saber desenhar”
“Não é preciso acreditar em alguém ou em alguma coisa – basta acreditar”
“Que se há de fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só”
“Só uma coisa eu sei: não preciso ter piedade de Deus. Ou preciso?”
“Só agora entendia que mulher nasce mulher desde o primeirovagido. O destino de uma mulher é ser mulher.”
“Basta descobrir a verdade que ela logo já não é mais: passou o momento. Pergunto: o que é? Resposta: não é.”
“Mas que não se lamentem os mortos: eles sabem o que fazem”
“A morte é um encontro consigo”
“Não vos assusteis, morrer é um instante, passa logo.”
“Só agora me lembrei que a gente morre. Mas – mas eu também?!”
“Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos. Sim.”