segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A Linha de Sombra - Joseph Conrad

Marinheiro decide pedir baixa, deiar a vida no mar, voltar para casa, em busca de algo novo, ou nem ele mesmo define o motivo de sua decisão. Já em terra, recebe uma grande missão: comandar um navio. Seu próprio navio. Em mar novamente, agora não mais como imediato, mas como capitão, enfrenta várias situações, desde a doença de quase toda a tripulação até a falta de vento que faz o navio ficar dias sem seguir seu curso, ficando na "linha de sombra".
Passa-se, o livro, em quase vinte dias, de sua baixa até o final da estória, bem escrito, com personagens que vêm e vão, construídos e esquecidos, delirantes, apaixonados pelo mar, presos em seus mundos, crenças.
Trechos:
"Vai-se reconhecendo os marcos dos predecessores, excitado, divertindo-se, aceitando a boa como a má sorte - as rosas e os espinhos, como se costuma dizer -, o pitoresco lote padrão, que guarda tantas possibilidades para os merecedores, ou talvez para os afortunados. Sim. Vai-se adiante. E o tempo, também, caminha - até que se percebe logo adiante uma linha de sombra avisando-nos que também a região da mocidade deverá ser deixada para trás."
"Este enfático 'Ele' era a autoridade suprema, o Capitão do Porto - uma pessoa muitíssimo importante aos olhos de cada um e de todos os escrevinhadores daquela sala. Mas isto não era nada comparado à opinião que ele tinha da sua própria importância."
"Mas não era hesitação da minha parte. Eu havia sido, se é que posso me exprimir assim, posto fora de marcha, mentalmente. Mas assim que me convenci que este gasto e inútil mundo do meu descontentamento continha uma coisa tal como um comando a ser agarrado, recobrei meus poderes de locomoção."