segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Judas, o obscuro - Thomas Hardy

Judas Fawley, menino criado pela tia, ingênuo e solitário, sente quando seu professor Phillotson, que o instruía, único companheiro muda-se da sua aldeia para Christminster.
Com ânsia de aprender, estudar, sem chances de realizar seu sonho, transformou a cidade  destino do seu mentor em seu ideal, entrar numa universidade, tornar-se culto. Ele decide aprender sozinho, latim, grego, tudo o que lhe era precioso: instruir-se. Cresce ajudando a tia na padaria, depois decide ter uma profissão que o fizesse chegar a seu objetivo, Christminster, o berço do saber, em seu imaginário. Porém, já crescido, apaixona-se por uma bonita aldeã, Arabella, com que se casa, mas é logo abandonado pela esposa.
Chega à tão sonhada Christminster, com a profissão de restaurador de Igrejas, mas também em busca de uma prima que conhecia apenas pela foto em casa da tia.
Judas é sonhador, mas seus sonhos são derrubados pela realidade: não é aceito nas universidades, descrê de sua incessante busca de saber, encontra a prima e por ela sente uma paixão quase de adoração.
O professor Phillotson cruza o caminho de Judas novamente, porém casa-se com sua prima Sue, para seu desespero.
Mas Judas consegue ter Sue para si, até têm filhos, além de criarem o filho (só sabido depois de vários anos) de Judas com Arabella, menino introspectivo, velho para a idade, com idéias mórbidas. Sofrem preconceitos por não serem casados de fato e tragédias os perseguem até que Sue  deixa Judas.
Arabella, já sem o segundo marido, retorna à cena, manipulando o ingênuo e desiludido personagem do livro.
Um livro realista, que não empolga às primeiras páginas, mas nos deixa a marca de um grande romance, não apenas pelos sonhos perdidos, decepções, dores, desesperaças, mas também pelos diálogos longos e instigantes e descrissão perfeita de sentimentos e personagens bens construídos.
Passagens:
"Diz-se que o que uma mulher teme nos primeiros tempos de casada depois de uma meia dúzia de anos lhe parece suportável e até indiferente. Mas isso é um pouco como dizer que não representa nada cortar um membro porque, com o tempo, a pessoa se habitua facilmente com o uso de uma perna ou de um braço de madeira"
"Em amor, a habitual tragédia do mundo civilizado nada tem a ver com as tragédias do amor natural. Ela é fabricada artificialmente por pessoas que, se seguissem seus instintos, se separariam com grande alívio!... "
"Deve cada um seguir cegamente seu caminho em que se acha, sem considerar seus dotes pessoais, ou deve, pelo contrário, pesar as aptidões, as preferências que possa ter, e mudar a direção de sua vida? Foi o que tentei fazer e fracassei. Mas não admito que meu fracasso valha como prova de que estava errado, do mesmo modo como não admitiria que o sucesso justificasse o fundamento do meu ponto de vista. E é assim, entretanto, que, muitas vezes, julgamos os esforçosnão pelo valor essencial, mas pelo seu resultado acidental. Se me tivesse tornado um desses senhores vestidos de vermelho e preto que estamos vendo, ali, todos diriam: 'vejam como este homem agiu sabiamente, seguindo o pendor de sua natureza!' Mas, não tendo acabado melhor do que comecei, dizem: 'Vejam como este homem agiu estupidamente seguindo um capricho de sua imaginação!' No entanto, foi minha pobreza e não minha vontade que determinou a minha derrota."
"...quando estive aqui vim pela primeira vez, tinha uma boa quantidade de opiniões, estabelecidas, que foram caindo, uma a uma. E, quanto mais caminho, menos me sinto seguro."